O segundo protesto contra o bloqueio de 30% no orçamento das universidades e institutos federais de Goiânia foi visivelmente menor que o primeiro, mas ainda assim atraiu milhares de pessoas na tarde desta quinta-feira (30). Os manifestantes se reuniram na Praça Universitária, desceram até a Praça Cívica e seguiram na Avenida Goiás até a Anhanguera, onde se dispersaram. A caminhada começou às 17h15 e acabou no início da noite, logo após o pôr do sol.A manifestação, que também aconteceu em todo o País, foi convocada pela União Nacional dos Estudantes (UNE) logo depois do primeiro ato contra o bloqueio, no último dia 15. O protesto desta quinta-feira em Goiânia foi bem parecido com o daquele dia, com a participação de diferentes grupos políticos e diversos perfis de pessoas, mas com a predominância de jovens. A palavra de ordem mais ouvida foi “não vai ter corte, vai ter luta”. Os gritos de protesto foram embalados por duas bandas de percussão, dois carros de som e alguns megafones.Estudantes da Faculdade de Arte da Universidade Federal de Goiás (UFG) também repetiram a “tropa de choque lúdica” com escudos no formato de livros e lápis imitando lanças. Eles foram a linha de frente do ato. Também houve outros protestos lúdicos. Um deles, chamativo, mas um pouco enigmático, era um grande pano branco com buracos, onde os manifestantes podiam entrar e colocar a cabeça, como se todos estivessem vestidos em uma mesma roupa. A ideia, segundo um deles, era representar as cabeças pensantes do País. Outro, foi um boneco do presidente Jair Bolsonaro (PSL), que foi pendurado em uma haste de madeira e malhado pelos manifestantes. Também foram distribuídas algumas máscaras do educador pernambucano Paulo Freire, patrono da Educação Brasileira e que é criticado pelo governo de Bolsonaro.“O Paulo Freire é o grande espírito que espanta os espíritos de porco contra a educação. É importante mostrar nas ruas que a população não vai aceitar este tipo de ‘balbúrdia’”, defende em tom de humor o artista plástico Rubens da Silva, de 38 anos, que participou do ato mascarado de Paulo Freire.A estudante de pedagogia Thailliny Aparecida, de 25 anos, levou a filha, a pequena Marcela Vieira, de 4. A menina participou da manifestação de dentro de seu carrinho de bebê, onde estava pregada uma frase de Freire: “Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda.”Thailliny faltou à primeira manifestação porque estava no estágio, por isso, fez questão de ir à desta quinta-feira. “Eu como futura professora me sinto muito preocupada, porque nosso futuro é incerto e fico pensando nos pequenos também, como minha filha”, avalia a estudante.Assim como no dia 15, a Polícia Militar de Goiás (PM-GO) não fez uma estimativa da quantidade de pessoas no ato. Já no protesto do último domingo, favorável ao governo de Bolsonaro, a instituição fez uma estimativa.Carro sem freioDurante a manifestação, no meio da Avenida Universitária, houve um momento tenso. Um carro de som de sindicatos entrou por uma rua lateral no momento em que o início da manifestação passava, bloqueando temporariamente a caminhada. Flávio Alves, presidente do Sindicato dos Docentes das Universidades Federais de Goiás (Adufg) pediu pelo microfone, ligado ao som do veículo, para as pessoas se afastarem e para que o carro ficasse na frente do protesto.Em seguida, passou o microfone para uma liderança estudantil, que anunciou: “É com muita alegria que a UNE convocou esse ato!”. No entanto, o carro pareceu desgovernado e subiu sobre a calçada. Houve um rápido tumulto e a estudante gritou para que as pessoas se afastassem porque o veículo estava sem freio. Os manifestantes então contornaram o carro de som para seguir o ato e um guincho teve de retirá-lo dali. Pelo menos 100 cidades repetem mobilizaçãoAo menos 100 cidades registram nesta quinta-feira (30), manifestações em defesa da Educação e contra o contingenciamento de 30% do orçamento dos gastos discricionários para a Educação proposto pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub. É o segundo ato dos estudantes contra a proposta do governo de Jair Bolsonaro, reiterando as pautas apresentadas no último dia 15. Até 20h20 desta quinta-feira, ao menos 100 cidades do País registraram atos contra os cortes. As manifestações foram organizadas pela União Nacional dos Estudantes (UNE) e contaram com o apoio de centrais sindicais, contrárias à reforma da Previdência do governo Bolsonaro. Em nota publicada nesta quinta-feira, o MEC disse que alunos e professores não poderiam divulgar protestos.Em São Paulo, a concentração começou no Largo da Batata, em Pinheiros, na Zona Oeste. O protesto, convocado por entidades estudantis, tinha concentração marcada para às 16h e previsão de início de uma caminhada até o Masp, na avenida Paulista, às 17h.As 16h30, a concentração de manifestantes ainda era pequena e eles se reuniam em grupos. De um lado, rodas de trabalhadores em torno de sindicalistas. De outro, estudantes. No Rio de Janeiro, Por volta das 17h30, os manifestantes caminharam pela avenida Rio Branco até a Cinelândia. Dezenas de policiais militares acompanham o ato. Em Belo Horizonte, manifestantes se concentraram na Praça Afonso Arinos, Região Central da capital mineiraEm Brasília, a manifestação aconteceu por volta das 10h e reuniu 1,5 mil pessoas segundo a Polícia Militar e dez mil pessoas nas estimativas da organização. (Agência Estado)MPF entra com ação contra ministro por ‘balbúrdia’O Ministério Público Federal (MPF) no Rio Grande do Norte ajuizou nesta quinta-feira, uma ação civil pública contra o ministro da Educação, Abraham Weintraub, e a União por danos morais coletivos causados aos alunos e professores das instituições públicas de ensino. A Procuradoria sugeriu o pagamento de uma indenização de R$ 5 milhões em razão de condutas e falas do ministro, entre elas a declaração: “universidades que, em vez de procurar melhorar o desempenho acadêmico, estiverem fazendo balbúrdia, terão verbas reduzidas”. Para o Ministério Público Federal, a afirmação “demonstra clara vontade discriminatória”.“Ao adotar medida geral (corte de gastos) e não a citada responsabilização individual acerca das pretensas ‘balbúrdias’. Em nota, o Ministério da Educação (MEC) afirmou que não foi comunicado oficialmente sobre a ação, que taxou de “caráter político” e destacou que a ação não foi “formalmente protocolizada”. O Ministério da Educação (MEC) emitiu uma nota no site oficial afirmando que “nenhuma instituição de ensino pública tem prerrogativa legal para incentivar movimentos político-partidários e promover a participação de alunos em manifestações”. Nesta quinta-feira, o MEC anunciou a criação de uma plataforma denunciar a suposta promoção das manifestações desta quinta-feira. (Agências Brasil e Estado)-Imagem (1.1810221)