O serviço de manutenção dos cerca de 179 mil pontos luminosos em Goiânia está menor desde meados de junho, com o fim do contrato da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinfra) com a empresa Citéluz, que operava na capital desde 2016. Desde então e até que uma nova empresa seja contratada, apenas as equipes da Seinfra vão atuar no monitoramento e troca de equipamentos, como lâmpadas, em toda a capital. Segundo a pasta, os cidadãos não vão perceber a diferença no serviço, mas O POPULAR apurou que as equipes próprias do município correspondem a apenas 30% do que havia até então com a terceirização.Isso porque o serviço de manutenção na capital era dividido entre as sete equipes da Citéluz e as duas da Seinfra. Elas atuavam a cada turno (manhã, tarde e noite) e 70% da demanda era respondida pela empresa terceirizada. Técnicos da Seinfra informaram à reportagem que não há uma expectativa de problemas a curto prazo no atendimento da demanda, que fica entre 3.500 e 5.000 pontos luminosos da cidade por mês, ou seja, entre 2% e 3%. O entendimento é que as equipes próprias da secretaria conseguem realizar o trabalho no momento, mas que em médio e longo prazo pode ocorrer uma demora maior para o conserto em determinado ponto.O principal entrave é com relação à compra de materiais, como lâmpadas e relés, para a realização das trocas, já que a aquisição feita pela Citéluz era mais rápida, por se tratar de métodos menos burocráticos, enquanto que a Seinfra deve fazer cotação de preços e adesões a pregões ou licitações. Para se ter uma ideia, em novembro do ano passado a Citéluz ficou sem atuar na cidade por cerca de cinco dias em razão de falta de pagamento por parte da Prefeitura, que redundou em uma dívida de R$ 5,6 milhões na época e cerca de 4,8 mil pontos luminosos apagados. Com a solução rápida, no entanto, a falta da empresa não gerou uma crise e nem aumento na demanda na época.A Seinfra nega que tenha havido a interrupção do serviço no ano passado, embora a empresa, na época, tenha até mesmo emitido um comunicado oficial informando sobre os problemas no pagamento e o fim das atividades até a solução da situação. Atualmente, a Seinfra confirma que “está realizando a manutenção dos pontos luminosos da cidade com equipe própria”, mas não informa quantos trabalhadores estão disponíveis para a realização do serviço. “As equipes são variáveis de acordo com a demanda”, considera.Leia também:- Prefeitura de Goiânia deve iluminar BR-153, determina Justiça- Conta de energia faturada até dia 30 teve ICMS de 29%- Empresas brasileiras são principais candidatas à compra da Enel GoiásNeste momento, por outro lado, a Citéluz confirma que o contrato foi finalizado e não houve novo aditivo, tendo o último sido firmado em meados do ano passado com a duração de 12 meses e redundou num aumento do acordo em cerca de R$ 3 milhões, totalizando R$ 35.393.832,84. A empresa não comenta se há dívidas, informando que o fim do contrato se deu de forma consensual e amigável. Em contrapartida, a Seinfra informa que “ainda existem pagamentos a serem realizados dentro do contrato que estão aguardando o fluxo natural dos processos de pagamento, conforme as instruções normativas do município.”De acordo com o Portal da Transparência da Prefeitura de Goiânia, até a tarde desta quinta-feira (14), o Paço Municipal tinha empenhado R$ 72.804.079,09, o que significa ter este valor reservado para o cumprimento do contrato com a Citéluz. Na mesma data, o informe de pagamento chegava a R$ 44.039.571,41 (veja quadro). A diferença entre ambos não significa, especificamente, o valor que falta a ser pago entre as partes, já que ainda há a necessidade de verificar as medições do que de fato foi realizado. Além disso, por lei, a administração municipal possui 90 dias para finalizar os pagamentos do que foi realizado pelas empresas terceirizadas. Ou seja, ainda há faturas nem mesmo medidas.Novo edital depende da análise de documentosA contratação de uma nova empresa para atuar na manutenção do parque luminoso de Goiânia vai ocorrer em um processo licitatório que deve abrigar a troca da tecnologia dos pontos e também o serviço de monitoramento e manutenção destes. Havia uma previsão no Paço Municipal que o edital fosse publicado no mês de agosto, mas agora a Prefeitura afirma que não há uma estimativa desta publicação. Segundo a Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinfra), “a licitação do projeto para substituição da atual iluminação pública de Goiânia por luminárias a LED, está em fase interna de análise de Termo de Referência, anexos e demais documentações, necessário para elaboração e confecção de edital licitatório”.A secretaria informa ainda que “não há estimativa para o edital, pois o mesmo ocorrerá quando concluída a fase de análise da documentação que precede o edital atendendo a legislação vigente”. Quanto ao monitoramento dos pontos luminosos, a expectativa dos técnicos é que se tenha uma tecnologia capaz de verificar a situação de cada poste da cidade de maneira remota, fazendo com que esse trabalho seja mais rápido. Ou seja, a equipe de manutenção para a troca de equipamentos só vai se deslocar para o local correto e fazer o serviço.Para se ter uma ideia, atualmente, as equipes de manutenção fazem o serviço de ronda pelas regionais verificando como está a situação dos pontos, além de contar com a demanda da população. Ou seja, quando algum ponto fica no escuro é necessário que os moradores façam a reclamação para a Prefeitura para que então uma equipe seja enviada até o local e faça a troca dos equipamentos ou contar o com trabalho da ronda. A expectativa é que com o novo contrato isso não ocorra mais.A previsão é que o novo acordo seja de cinco anos, prazo em que será realizada a implantação do novo sistema e ainda a troca da tecnologia das lâmpadas públicas na capital, com a inclusão do LED em todos os pontos. Ainda de acordo com a Seinfra, “a cidade de Goiânia conta atualmente com aproximadamente 179 mil pontos luminosos, sendo em torno de 12 mil luminárias com tecnologia LED”. No ano passado, a secretaria divulgava a existência de 9 mil pontos com a tecnologia mais avançada, o que demonstra um aumento de locais assim na cidade nos últimos meses. A mudança na tecnologia é um projeto do Paço Municipal que se iniciou no ano passado, com o começo da gestão. A administração chegou a fazer uma série de audiências públicas para discutir a troca da tecnologia no parque luminoso da capital. A expectativa era de que a taxa de iluminação pública cobrada da população chegue a dobrar para a mudança do modelo, mas que resultaria em um menor custo de manutenção, de modo que o investimento daria retorno em cinco anos.Avenida Perimetral possui pontos da via no escuroDesse total de 179 mil pontos, cerca de 2% a 3% “estão sempre na rotina vegetativa de manutenção para trocas de lâmpadas, luminárias e eventualmente de circuitos e fiações”, o que corresponde aos 3,5 mil e 5 mil pontos com problemas. Também não há no momento uma região específica da cidade com maior demanda, segundo os técnicos da pasta. No entanto, um dos locais que apresentam problemas de iluminação pública é a Avenida Perimetral Norte. Há também reclamações sobre a Marginal Botafogo, especialmente na região central.Sobre a iluminação da Avenida Perimetral Norte, a Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinfra) informa que desde 2021 foram instaladas “305 luminárias padrão vapor de sódio, potência 250W e a Marginal Botafogo conta com 367 luminárias de LED, potência 180W/195W e todas foram revisadas recentemente”. Sobre a Marginal, afirma-se que a manutenção “é constante em todos os aspectos, inclusive na parte elétrica e de iluminação”.-Imagem (1.2491176)