Máscaras continuam obrigatórias apenas em locais fechados e com aglomeração, como no caso de escolas, cinemas, estádios e transporte coletivo em Goiás. Depois de analisar os dados de contaminação da Covid-19 pós-carnaval, a Secretaria Estadual de Saúde (SES-GO) emitiu nota técnica desobrigando o uso de máscaras em ambientes abertos.A notícia chega antes do esperado, que era de duas semanas depois do feriado. Isto aconteceu porque foi verificado que o período de incubação da variante ômicron do coronavírus (Sars-CoV-2), causador da Covid-19, é menor que o das primeiras versões do vírus. Desta forma, as pessoas que tiveram contato com casos positivos já foram infectadas ou estão com a doença. A falta de casos graves levou à medida, que já está valendo e orienta municípios a adotarem as próprias regras.Superintendente de vigilância epidemiológica da SES-GO, Flúvia Amorim explica que cada prefeitura tem autonomia para tomar as próprias decisões, mas entende que seguir os direcionamentos da nota é importante. “Ainda é temeroso liberar o uso em qualquer lugar.” Ela diz que a população precisa completar o esquema vacinal para garantia ainda maior de segurança.Flúvia Amorim pontua que antes de alterar ou manter as medidas, cada cidade precisa avaliar o cenário epidemiológico local e os números da vacinação. A superintendente lembra que o Ministério Público usa as notas técnicas da SES-GO para avaliar a situação dos municípios.Flúvia ressalta que a flexibilização não significa que quem ainda se sinta inseguro não possa usar. “Além disso, há a recomendação para que as pessoas com comorbidades ou imunossuprimidas continuem usando. Também mantemos a recomendação para pessoas com sintomas gripais.” Também existe a recomendação para que não vacinados continuem usando o equipamento de proteção.Apesar dos requisitos estabelecidos pelo Estado, cidades que ainda não atingiram o porcentual mínimo de vacinação também já estão anunciando o fim da obrigação do uso de máscaras.Até a atualização desta quinta-feira (10), 98 municípios ainda não haviam vacinado 75% dos habitantes com mais de 5 anos de idade, com o ciclo primário, ou seja, duas doses ou dose única. Os 75% são o mínimo recomendado para que haja a flexibilização.Em Planaltina de Goiás, no Entorno do Distrito Federal com cerca de 150 mil habitantes, a Prefeitura liberou a exigência do item na quarta-feira (9). O município tinha, na última atualização, 70% da população maior de 5 anos vacinada primariamente. Mesmo assim, além de tornar o uso uma opção em ambientes abertos, a gestão municipal determinou o item opcional mesmo para ambientes fechados, o que não é recomendado pelo Estado.A justificativa da prefeitura de Planaltina é de que os números da doença estão controlados na cidade e que, na prática, o uso de máscara já não estava sendo feito pela população. A administração diz, porém, que em caso de piora dos índices da pandemia, há a possibilidade de rever a obrigatoriedade.No levantamento feito pelo POPULAR, também já liberaram do uso, mesmo sem atingir os 75%, as cidades de Anápolis, Minaçu, Porangatu, Caldas Novas, Rio Quente e Cachoeira Alta. A maioria dos demais municípios próximos da faixa de cobertura inferior à recomendada diz que está avaliando a possibilidade de suspensão. Outros, como Padre Bernardo, antecipam que a tendência é liberar mesmo sem cumprir os requisitos.Anápolis, que tem 657 mil habitantes, suspendeu a obrigatoriedade desde o dia 15 de fevereiro. O porcentual de vacinados está próximo do recomendado: 73,5%. Em Minaçu, cidade da região Norte, de 48 mil habitantes, o relaxamento começou na sexta-feira (4). Na cidade, o porcentual de pessoas com mais de 5 anos com a imunização primária completa chegava a 70% nesta quinta. Em Cachoeira Alta, que tem 19 mil habitantes, o item está formalmente dispensado pela administração municipal desde novembro do ano passado, sendo que, atualmente, tem 64% dos moradores vacinados.Em Padre Bernardo, cidade com 47 mil habitantes e que, até esta quarta havia vacinado 57% da população maior de 5 anos, a expectativa é de que a máscara seja dispensada na próxima semana. A secretária municipal de Saúde, Vanderleia Santana, diz que, apesar da cobertura ainda estar a desejar, os casos de Covid-19 estão controlados. “Só estamos esperando a avaliação final do prefeito”, informa.O prefeito de Goiânia, Rogério Cruz envia nesta sexta-feira (11) o projeto de lei para desobrigar o uso das máscaras em ambientes abertos. Ele diz que a capital tem mais de 75% de vacinados e pede que as pessoas que estejam com o vacinação atrasada procurem um posto de saúde. Outras cidades ainda discutemOutras cidades ouvidas pela reportagem destacam cautela para decidir sobre a flexibilização. É o caso de Senador Canedo, que mesmo já tendo alcançado 85% dos habitantes maiores de 5 anos com o ciclo vacinal primário completo, ou seja, duas doses ou dose única contra a Covid-19, ainda analisa a questão. “A SMS observará a decisão do Estado, mas sem deixar de levar em consideração o quadro epidemiológico local”, diz nota da Prefeitura, que fará uma testagem ampliada na próxima semana para analisar o número de casos assintomáticos.Na cidade turística Corumbá, que tem população de 17 mil pessoas, o lema está sendo “cuidado”. É o que explica o secretário municipal de Saúde, Thiago Medeiros. “Temos de observar nossos números, porque a realidade ainda é diferente do Estado”, diz em referência à cobertura vacinal, que na cidade ainda está estacionada em 65%.Em Aparecida de Goiânia, o fim da obrigação do uso das máscaras será discutido na próxima terça-feira (15), quando o comitê municipal se reúne. A secretaria do município informa que serão analisados os dados de internações, número de casos novos e a taxa de infecção para que seja tomada a decisão.