Escolas voltam às aulas 100% presenciais em Goiás
Instituições de ensino mantêm programação mesmo com aumento de casos de Covid e gripe. Infectologista afirma que situação é preocupante, mas vacina tende a atenuar riscos
Cristiane Lima

(Marcos Santos/Fotos Públicas)
O retorno presencial das aulas em 2022 não terá muita diferença do que os alunos já experimentaram na retomada do ano passado. A mudança principal é que, agora, 100% dos estudantes voltam juntos à sala de aula. As outras regras, como uso de máscara, higienização das mãos e manutenção de distanciamento continuam valendo. O aumento dos casos de influenza e Covid-19 não interferem nesta volta, mas os representantes das redes de ensino dizem que os pais devem ter consciência e não mandar seus filhos para as unidades escolares em caso de sintomas gripais ou contato com pessoas que testaram positivo.
Presidente do Conselho Estadual de Educação (CEE), Flávio Castro afirma que as unidades estão preparadas e que a portaria que permite a volta presencial, assinada pela secretária Fátima Gavioli no dia 4 de janeiro, determina que as regras contra a pandemia devem ser seguidas à risca. "Ainda não saímos da pandemia e todos sabem o que é necessário ser feito. Pela volta no ano passado, percebemos que a escola é um local seguro e será necessário manter a disciplina para termos aulas presenciais sem riscos para alunos, professores, funcionários e familiares."
Flávio também é presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino de Goiás (Sepe-GO) e diz que, neste caso, não terá diferença. Sobre a data de retorno, ele explica que as unidades possuem liberdade para definição da data da retomada, desde que obedeçam ao mínimo de 200 dias letivos. As que optam por começar depois podem ajustar os horários para atender à regra. "No geral, o que percebemos foi que o ambiente escolar é seguro e importante para as crianças e adolescentes. Esperamos que até a próxima semana o efeito dos encontros de Natal e Réveillon passe e tenhamos menos casos registrados."
Presidente da Associação das Instituições Particulares do Estado de Goiás (Aipeg), Eula Wamir reforça que o retorno às aulas em 2022 não terá novas regras para alunos e entende que não haverá grandes problemas para. "Ano passado foi tranquilo, com as famílias colaborando. Tivemos poucos casos positivos, que vieram de fora das escolas, mas que foram bem conduzidos pelas comunidades escolares. As escolas são ambientes de disciplina, de organização, e nestes locais não houve disseminação de casos."
Eula entende que com mais variantes circulando, certamente as escolas redobrarão os cuidados. "Mas não são necessárias novas regras, mas cumprir o que já vinha sendo cobrado e contar com a colaboração das famílias." A presidente da Aipeg ainda destaca que a vacinação de professores e funcionários, assim como de muitos adolescentes, é importante para a retomada. "Acompanhamos os dados e percebemos que poucas pessoas têm agravamento do quadro e acreditamos que é por conta da vacina. Esperamos o momento em que as crianças também possam ser vacinadas porque acreditamos que a vacina é importante neste momento."
SES-GO
Por meio de nota, a Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SES-GO) informou ao POPULAR que as aulas presencias estão autorizadas sob a Nota Técnica nº 9, de setembro do ano passado, segue em vigor no Estado. O documento dispõe sobre as medidas sanitárias para retorno das atividades escolares, entre elas, de distanciamento e uso de máscara.
A SES-GO também informou na nota que essas deliberações são importantes para subsidiar os municípios na elaboração de ações, baseadas, sobretudo, na prevenção e orientação epidemiológica, já que decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) dá autonomia para que cada município tome as próprias decisões com relação ao enfrentamento da pandemia da Covid-19, incluindo volta às aulas.
Rede estadual começa dia 19
As escolas estaduais retomam as aulas no dia 19. A superintendente de Organização e Atendimento Educacional da Secretaria Estadual de Educação (Seduc), Patrícia Coutinho, afirma que todas as unidades estão preparadas para o retorno de todos os alunos às salas de aula e que, desta vez, não haverá flexibilização para que alunos, que porventura não se sintam seguros em retornar presencialmente, acompanhem de maneira remota. "As escolas estão prontas e preparadas. A escola é um local seguro e esperamos todos os alunos na modalidade presencial."
Patrícia Coutinho destaca que a decisão leva em conta várias questões, mas que a convivência e o aprendizado coletivo estão entre os mais importantes. "Adquirimos ainda no ano passado, máscaras para professores e alunos, álcool, protetores faciais, termômetros e tudo mais que é necessário. Agora os alunos poderão estar presencialmente, aprender com a dúvida do colega, interagir e ter mais relações com seus pares. Com certeza será bom e importante para todos."
A Secretaria Municipal de Educação (SME) informou que, atualmente, a previsão de retorno das aulas em Goiânia é para o dia 19 de janeiro. A pasta também reforça que, em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), avalia diariamente o cenário epidemiológico da Covid-19 na capital e esclarece que seguirá as normas técnicas elaboradas pelas autoridades em saúde da capital.
Vacina infantil deve reduzir preocupação
A retomada das aulas neste início de ano, quando os casos de Covid-19 e de influenza aumentaram consideravelmente é motivo de preocupação, segundo o infectologista Boaventura Braz de Queiroz. Ele destaca, no entanto, que existem fatores que podem minimizar esta preocupação, como a ampliação da vacinação, inclusive com a previsão de imunização de crianças de 5 a 11 anos a partir da próxima semana. "Se pensarmos se é um motivo de preocupação (volta às aulas 100% presenciais), eu digo que com certeza é. O lado negativo é que as crianças ainda não estão vacinadas, mas com a previsão de início em breve, isso fica menos preocupante."
Além disso, o infectologista ressalta que o impacto emocional, psicológico e comportamental dos meses de aulas remotas e distantes dos colegas e professores foi muito negativo. "O que precisamos é que os protocolos sejam cobrados pelas autoridades e seguidos pelas comunidades escolares. Sabemos da importância da aula presencial e para que isso seja mantido, todo mundo tem de fazer a sua parte."
O médico infectologista diz que os consultórios estão novamente lotados, mas que as UTIs ainda não estão lotadas. "Isso tudo é reflexo da vacinação. Com pais, professores, funcionários e demais pessoas vacinadas, temos este dado. Mas relembro que essas pessoas devem procurar os postos para tomar a dose de reforço. Não podemos deixar a imunidade cair, isso significa aumentar casos mais sérios." Ele comenta que recentemente atendeu paciente em situação grave que se recusou a tomar o reforço. "Isso é sabido, é comprovado. Se chegou a sua hora, vai lá e toma o reforço. Por enquanto, a Ômicron tem se comportado como doença benigna, sem evolução, mas não podemos deixar os índices caírem."

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