Mesmo com a suspensão do pregão eletrônico para o aluguel de 114 ônibus elétricos para a Metrobus, que ocorreu devido a uma medida cautelar do Tribunal de Contas do Estado de Goiás (TCE-GO) nesta quarta-feira (1º), o governo estadual vai insistir no processo. A abertura da licitação estava prevista para o próximo dia 6, com a chegada dos primeiros veículos em agosto, e até o final do ano 15 novos ônibus estariam rodando na região metropolitana. No entanto, agora já não há mais previsão de quando a frota para a operação do Eixo Anhanguera vai ser trocada.A intenção da concessionária era trocar todos os atuais 86 veículos articulados pelos ônibus elétricos até 2024. A operação já vem sendo deficitária ao longo dos anos, pois a frota está sucateada e sofre constantes danos mecânicos devido aos problemas na pista da Avenida Anhanguera. A Metrobus teve de recorrer à Justiça para que a Prefeitura de Goiânia elaborasse projeto para a revitalização da via, o que deve ser iniciado até o final do mês, em sua primeira etapa.Titular da Secretaria-Geral de Governadoria (SGG), Adriano da Rocha Lima, que também preside a Câmara Deliberativa de Transportes Coletivos (CDTC), afirma que a suspensão deve prejudicar os usuários do Eixão, que vão “conviver com mais tempo com essa frota”. Rocha Lima explica que a medida cautelar do TCE-GO atrapalha no prazo da execução do projeto de renovação da frota da Metrobus. “A gente tinha a solução planejada e foi impactada. Vamos tentar ver o que conseguimos minimizar com o Eixo Anhanguera”, ressalta.No final de abril, o edital de licitação já havia sido adiado, quando a abertura se daria no dia 4 de maio, após uma recomendação do Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO), pela promotora Leila Maria de Oliveira. Na ocasião, a Metrobus apenas alterou a data do pregão eletrônico e manteve a estimativa da chegada da frota. Rocha Lima garante que desta vez isso não será possível. “Antes já foi uma forçada nossa para manter o planejamento, agora já não dá mais tempo, o cronograma não vai ser mantido.”O secretário relata que a opção será utilizar os ônibus de outras concessionárias que atuam na região metropolitana, como empréstimo, em caso de necessidade operacional em razão de problemas na frota. “É uma forma de incrementar a operação enquanto não vem os elétricos. Quando eles forem chegando a gente vai devolvendo os emprestados. Vamos ver”, diz. Segundo a Metrobus, a concessionária opera atualmente com a frota de 86 ônibus, entre articulados e biarticulados, cumprindo a determinação da grade da CMTC.“A quantidade consegue atualmente atender a demanda de Goiânia e região metropolitana. No entanto, trata-se de uma frota com idade avançada e que sofreu nos últimos anos com uma série de problemas por conta da falta de manutenção adequada”, informa nota da Metrobus. Em relação ao pregão de locação dos veículos elétricos, a empresa garante que “segue trabalhando para atender todos os questionamentos dos órgãos públicos”. Lembra ainda que o edital ficou vários dias disponível para consulta pública. “Os 114 (ônibus) são justamente para manter as reservas que são necessárias, lembrando que são apenas articulados.”ConvicçãoRocha Lima afirma que o governo estadual está “absolutamente convicto” de que o projeto de locação dos veículos elétricos é a melhor solução para a operação do Eixo Anhanguera, tanto no tipo da frota como no modelo, que é diferente do que ocorreu no sistema até então, em que havia a compra dos veículos. Ele garante que responderá os questionamentos do TCE-GO na próxima semana e vai esperar que ocorra o entendimento das dúvidas que surgiram ao analisar o processo o quanto antes. “Depois que eles analisarem nossas respostas e entenderem pelo prosseguimento, são mais 30 dias para a abertura do pregão eletrônico”, explica.O secretário, no entanto, lamenta que a decisão se deu a 5 dias da abertura, algo semelhante ao ocorrido na recomendação do MP-GO. “Os questionamentos do TCE são muito semelhantes aos do MP, já temos praticamente todas as respostas prontas e vamos encaminhar logo. O processo teve consulta pública, poderiam ter questionado naquela época, poderia ter feito antes. Mas é bom fazer, é legítimo que se tenha as dúvidas e a gente possa esclarecer, o ruim foi só o tempo mesmo.”A medida cautelar, baixada pelo conselheiro Helder Valin, foi baseada na instrução técnica do Serviço de Análise Prévia de Editais e Contratos do TCE-GO. O documento analisou o processo do projeto de renovação de frota da Metrobus desde o seu início, com o estudo do Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI) feito em conjunto pelas empresas Enel X e Consórcio HP-ITA. De acordo com o TCE-GO, o edital de licitação possui irregularidades e riscos econômico-financeiros ao estado.Um dos questionamentos é justamente sobre a escolha da locação da frota ao invés da compra. Os técnicos do tribunal alegam que não ficou comprovada a eficácia da opção, ou seja, de que é mais econômica. Um dos pontos é que tanto o estudo para o PMI como o edital da licitação não trazem as fontes dos dados que indicam os valores dos ônibus elétricos. Há a informação de R$ 4 milhões por veículo e outra, na justificativa da Metrobus, de que seriam R$ 2,5 milhões. Até mesmo o valor mensal para a locação de cada unidade, que é de R$ 69.594,84, é questionado. Isso porque o custo foi estimado com base no PMI, sem a indicação da fonte, e da licitação de São José dos Campos (SP), onde os ônibus adquiridos não são articulados, como no processo da Metrobus.Leia também: - Projeto prevê uso do Pix para pagar passagens do transporte coletivo, em Goiás- TCE-GO manda suspender locação de ônibus elétrico para o Eixo Anhanguera- Ao menos 5 viações intermunicipais aumentam tarifa em Goiás-Imagem (1.2466152)