Atualizada em 5.01 às 8h20.Até a noite desta terça-feira (4), 15 municípios da região Nordeste de Goiás já haviam decretado situação de emergência em razão dos estragos causados pelas chuvas que atingem a região pela segunda semana seguida. Com estradas interditadas e comunidades isoladas, os esforços seguem direcionados para a distribuição de alimentos. A previsão é de que a região siga registrando chuvas por pelo menos os próximos dez dias.A estimativa do governo estadual é de que 2,4 mil moradores das regiões afetadas estão isolados. A zona de maior preocupação das equipes de resgate está concentrada na Chapa dos Veadeiros. Os municípios da região têm comunidades que moram em locais de difícil acesso e, por conta do bloqueio de pistas danificadas pelas chuvas, estão dependendo da chegada de ajuda por barcos ou veículos com tração traseira.A situação de emergências nos municípios foi estabelecida por decreto estadual inicialmente publicado no dia 29 de dezembro e atualizado nesta terça. No momento a medida inclui Alto Paraíso de Goiás, Colinas do Sul, Teresina de Goiás, Cavalcante, Monte Alegre de Goiás, Campos Belos, Divinópolis de Goiás, São Domingos, Iaciara, Formoso, Niquelândia, São João D’Aliança, Guarani de Goiás, Flores de Goiás, e de Nova Roma.O prefeito de Nova Roma, Eleuses Gonzaga (Podemos), diz que a decisão por incluir a cidade no decreto, ato feito nesta terça, se deu após a gestão observar o aumento das dificuldades. Das três rodovias que passam pelo município de pouco mais de 3 mil habitantes, sendo elas as GOs 112, 114 e 241, duas estão com interdições: a 114 e a 241. “A cidade mesmo não teve casas alagadas, mas nós temos três comunidades isoladas e dificuldade de transitar para os outros municípios”, conta o prefeito.Além da situação de emergência, municípios como Monte Alegre, Cavalcante e Niquelândia publicaram decretos próprios de situação de calamidade. Os dois primeiros são afetados pelo bloqueio da GO-118 causado por uma erosão aberta na pista desde o dia 24 do último mês. Para a rodovia, a expectativa é de que o fluxo seja parcialmente retomado até o fim desta semana, com a liberação do tráfego de veículos leves.Os decretos de situação de emergência são necessários para, principalmente, fazer com que o Governo Federal reconheça as demandas dos municípios em razão dos riscos. Com isso, as cidades podem receber aportes financeiros para reduzir prejuízos de setores como o turismo e do agronegócio. O decreto tem validade de 180 dias, contados a partir da data de publicação, feita no dia 29.SocorroO coronel Nunes, do Corpo de Bombeiros, que lidera as operações de suporte na região, diz que o trabalho preventivo das equipes tem evitado o registro de fatalidades. Nas ocorrências, Nunes relata que as dificuldades incluem questões básicas como falta de energia elétrica, que em algumas comunidades foi suspensa por até quatro dias. “Nesses casos a concessionária precisava do nosso apoio, porque nós temos barcos para atravessar”, conta o coronel.A distribuição de alimentos é apoiada pelas prefeituras e entidades não governamentais. “Nos primeiros dias nós encontramos uma situação muito difícil. Para levar alimento aos que mais necessitam, tivemos que enfrentar pontes quebradas, atoleiros”, detalha o coronel.Segundo Nunes, não há previsão de quando as equipes devem deixar a base montada em Teresina e que atende toda a região. “São muitas as dificuldades. Hoje, por exemplo, choveu bastante”, cita o coronel. Na região, 35 bombeiros atuam com o suporte de barcos, viaturas e um helicóptero.“Na primeira semana nós trabalhamos no sentido de atender as demandas das comunidades isoladas. Agora nós estamos atendendo de acordo com a demanda. A chuva para, mas no outro dia ela vem intensa e a gente sabe que às vezes estamos em uma situação e de repente tudo pode se agravar. A presença aqui é importante justamente por isso”, acrescenta Nunes.Previsão é de que região siga com chuvas por 10 diasDe acordo com o gerente do Centro de Informações Meteorológicas (Cimehgo), André Amorim, a previsão é de que a região Nordeste siga registrando chuvas, porém mais leves que as da última semana. Mesmo assim, o especialista diz que há preocupação já que, por conta do solo já estar encharcado, pouco volume de chuvas podem ser suficientes para causar alagamentos. A situação da região foi prevista pelos técnicos do Cimehgo e, segundo Amorim, foi importante para munir órgãos como a Defesa Civil para evitar fatalidades. Em cidades como Niquelândia, porém, o esperado foi superada em mais de 80%, onde a expectativa era de 290 milímetros (mm) e o acumulado em dezembro foi de 523 mm. Para esta quinta-feira (5), a previsão é de que os volumes possam chegar a 30 mm nas regiões Oeste, Central e Sul. Itumbiara e Cristalina podem receber 25 mm de chuva. No acumulado da previsão para os próximos sete dias, as regiões Oeste e Central podem receber até 700 mm de chuvas. “Nós vamos acompanhando e atualizando. De acordo com as informações os órgãos se organizam para realizar ações”, detalha Amorim.