O estudante Gustavo Henrique Rocha, de 24 anos, recebeu um reconhecimento na Organização das Nações Unidas (ONU) por desenvolver um adoçante sustentável a partir do cacau. Ao POPULAR, o engenheiro químico e mestrando da área de alimentos da Universidade Federal de Goiás (UFG) destaca que ele e a sua equipe foram os únicos representantes do continente americano no evento.Ao lado das estudantes Ana Caroline Santos, Namie Yoshioka, Radharani Claro e Jordane Gabriella, Gustavo desenvolveu um novo adoçante a partir de um resíduo obtido no cultivo e extração do cacau. Segundo ele, o resíduo é descartado pelos agricultores, mas eles encontraram uma forma de reaproveitá-lo, pois é rico em antioxidantes, açúcares e de baixíssimo teor glicêmico.“Durante a pandemia, encontrei esse resíduo líquido na cadeia de produção do cacau. Esse produto tem uma característica peculiar, ele tem o sabor doce. Com isso, estudei formas de melhor aproveitá-lo. Então, vi que ele pode ser um ingrediente para adoçar, ser usado em confeitaria. Com esse produto, convidei as meninas para colaborar do projeto”, conta.Os estudantes formaram a equipe Elixir Foods e representaram o Brasil no evento Generation Fest, promovido pelo programa Thought For Food, que busca soluções que possam auxiliar na alimentação de 10 bilhões de pessoas até 2050. Eles concorreram ao lado de outros 3 mil projetos, apresentaram no início deste mês e venceram a categoria “Economia Circular” no dia 14 de dezembro, em Nova York.Para Gustavo, a premiação é uma conquista devido às barreiras financeiras que eles enfrentaram durante o período de preparação. “A gente conseguiu vencer os obstáculos da diferença linguística e conseguimos fazer uma vaquinha para ir para os Estados Unidos, representar o nosso país. Então, foi uma grande jornada para conseguir receber esse destaque, mas isso é só o começo”, afirma.InícioO estudante conta que tudo começou com um projeto para ajudar a própria irmã mais nova. “Eu trabalho com chocolate há oito anos, desde o ensino médio no Instituto Federal (IF). Em 2014, fiz um projeto científico em que desenvolvi um chocolate nutritivo para minha irmã, que não comia verduras”, narra. Desde então, Gustavo trabalha em projetos científicos com esse produto.FuturoPor fim, Gustavo os desafios não podem parar com o prêmio que recebeu, pois, segundo ele, ainda há barreiras sociais que precisam ser superadas. “A gente tem que continuar para esse projeto atingir as pessoas. Tanto na cadeia de produção do cacau, no trabalho dos agricultores e na alimentação das pessoas com um alimento natural, que é mais saudável”, enfatiza.O projeto trabalha diretamente com a Cabruca, um sistema agroflorestal localizado na Bahia, responsável por cultivar o cacau sob as sombras da Mata Atlântica. Os estudantes fornecerão aos cultivadores de cacau as ferramentas e conhecimentos necessários para a estabilização do resíduo para que ele possa ser usado como um novo adoçante.Eles também fornecerão a distribuição do adoçante para indústrias ligadas à confeitaria e chocolateria. Com a visibilidade da premiação, a Elixir Foods chamou a atenção de multinacionais interessadas em contribuir e utilizar o produto inovador em seus produtos. Além disto, o projeto foi convidado a integrar o portfólio de cases de sucesso da ONU para Alimentação e Agricultura (FAO).Leia também:- Estudante da UFG que desenvolveu chocolate sem gordura vai representar Goiás em evento com a ONU- UFG desenvolve testes de baixo custo para detecção de novas linhagens da Covid- Quatro goianas estão na equipe de transição de Lula-Imagem (1.2582294)