Desde janeiro de 2019 titular da Secretaria Estadual de Educação (Seduc) de Goiás, Fátima Gavioli foi a entrevistada desta terça-feira (28) na sétima edição do Chega pra Cá, programa do jornal O POPULAR apresentado pela jornalista Cileide Alves. No encontro a pedagoga falou sobre diversos temas, entre eles os efeitos da pandemia da Covid-19 na educação pública, com fortes reflexos no aumento da evasão escolar e na piora da aprendizagem. A secretária explicou ainda como serão as diretrizes do Novo Ensino Médio na rede pública goiana a partir de 19 de janeiro de 2022 quando as aulas presenciais serão retomadas.Fátima Gavioli explicou que as prioridades educacionais pré-pandemia em todo o País foram substituídas em razão da emergência sanitária. “Tivemos de focar na conectividade, no acesso à tecnologia. Os governos tinham planos de fazer uma rede tecnológica em dez anos e foram obrigados a fazer em dez meses”, afirmou. Mesmo com esse esforço foi impossível evitar o abandono escolar e o desfalque na aprendizagem.“Não vamos perder o foco para outras questões, como a valorização do magistério, mas a busca ativa pelos alunos nunca esteve tão evidente, virou política pública. Trazer as crianças de volta para a escola foi nosso foco em 2021.” Segundo Fátima Gavioli, embora a busca ativa tenha sido lançada em outubro último, desde junho de 2020 há um plano de trabalho nesse sentido em execução, com uma efetiva participação de professores e técnico-administrativos. “Nossa evasão ficou em torno de 11% no fechamento de 2021, desses, 9,5% no ensino médio, o que considero gritante. Mas há estados que apresentaram índices de 22%.”A titular da Seduc salientou que a perda de aprendizagem no período de aulas remotas foi além do que era esperado pela pasta. “Falávamos em 40%, mas chegou a 60%. Todos os alunos foram avaliados e somente 10% das crianças do segundo ano do ensino fundamental conseguiram ler 60 palavras em um minuto. É a geração alfabetizada na pandemia.” Fátima Gavioli explicou que há um projeto pedagógico especial aguardando essas crianças em janeiro. Além do terceiro ano do ensino fundamental, elas vão receber paralelamente o nivelamento, ou seja, o reforço escolar.Fátima Gavioli disse à Cileide Alves que está mantido o concurso público para a contratação de 5 mil novos professores, conforme já tinha sido anunciado anteriormente. O certame deverá ocorrer entre abril e julho de 2022 e deverá aumentar consideravelmente o porcentual de docentes efetivos, hoje na casa de 62%. A secretária aproveitou a ocasião para se manifestar a favor das escolas conveniadas, mas explicou que não pode dispensar aos professores dessas unidades os mesmos benefícios das públicas, com recursos provenientes do Fundo Nacional de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), por estar impedida por lei.Novo Ensino MédioFátima Gavioli acredita que o fato de 36% dos estudantes terem faltado este ano à prova do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem), que avalia o conhecimento para acessar um curso superior, está vinculado à uma mudança social não analisada pelos núcleos familiares. “Muitos alunos concluem o ensino médio e os pais exigem um curso superior, mas eles não sabem o que querem fazer. Incentivamos pouco nossos estudantes a serem empreendedores”, disse, em defesa do Novo Ensino Médio, que terá de entrar em vigor no próximo ano letivo. O Novo Ensino Médio prevê um aumento de carga horária de 2,4 mil horas para 3 mil horas de aprendizado e itinerários formativos escolhidos pelos alunos.Em Goiás, como ressaltou Fátima Gavioli, mais de 500 escolas, 63% da rede, iniciam 2022 com esse novo formato porque já cumprem a carga horária exigida. “Nós colocamos todas as nossas escolas no Novo Ensino Médio e recebemos verbas para isso para o plano de aplicação, como instalação de laboratórios, mas não conseguimos implantar o projeto em todas (unidades) porque muitas são únicas nos municípios e dependem do transporte escolar local. Essas ficaram para 2023.” Para a titular da Seduc, somente num prazo de três anos será possível avaliar as trilhas formativas do Novo Ensino Médio no Enem.A secretária de Educação de Goiás está com as atenções voltadas para fevereiro, quando o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) anuncia o novo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Ela acredita que as notas do Enem e a pandemia vão refletir na avaliação. “O que eu quero, de verdade, é manter nosso primeiro lugar, hoje de 4,7. Não quero cair depois de dois anos sem aula presencial.”Confira na íntegra a entrevista da secretária estadual de educação de Goiás, Fátima Gaviolli