A médica Marina Aguiar, de 34 anos, passou a dedicar parte de seus dias aos cuidados de pacientes que fazem tratamento contra a leucemia no Hospital de Câncer Araújo Jorge (HAJ), em Goiânia, onde há quatro meses se tornou coordenadora do serviço de onco-hematologia e representante técnica do Transplante de Medula Óssea do HAJ, mesmo hospital que realizou parte do seu tratamento e residência. Na próxima quarta-feira (11), Marina Aguiar lançará seu livro chamado ‘Menina dos Olhos’, que conta a sua história de vida após ser diagnosticada com leucemia aguda e como ela superou, há 15 anos, os prognósticos nos quais chegou a ser desenganada pelos médicos.Ao POPULAR, Marina fala sobre a sua decisão de cursar medicina, que surgiu quando estava em tratamento contra a leucemia para poder entender o que ela tinha. Na época ela cursava Odontologia na Universidade Federal de Goiás (UFG). Prestou o vestibular em novembro de 2007 e foi aprovada na Pontifica Universidade Católica de Goiás (PUC-GO).“Meus irmãos nasceram em novembro e foi nessa mesma época que comecei a me interessar pela área da Medicina. Prestei bem despretensiosa, eu já estava fazendo quimioterapia, não estava estudando mais. Prestei por prestar. Depois de descobrir que eu tinha passado, meus pais ficaram com medo de me deixar fazer medicina, porque estava ainda em quimioterapia.”Leia também:- Em livro, repórter da TV Anhanguera conta histórias de privações e abusos vividos por crianças- Em comemoração ao aniversário de 84 anos, O POPULAR lança e-book com 84 personalidadesA descoberta do câncerMarina tinha 18 anos quando passou no curso de Odontologia na Universidade Federal de Goiás (UFG) e começou a sentir fortes dores nas pernas. Os tratamentos que foram indicados pelos médicos não obtiveram resultado. Ela então realizou vários exames até que um deles apontou que a jovem estava com anemia. O novo tratamento também não surtiu efeito.Em agosto de 2006, cinco meses após o início das dores, ela foi encaminhada para um médico hematologista, onde realizou uma ressonância magnética, que apontou alteração em sua medula óssea.Foi quando ela recebeu o diagnóstico de leucemia linfoide aguda (LLA), tipo de câncer do sangue e da medula óssea, causado por um linfócito – um tipo de célula responsável pela defesa do organismo, que sofre mutação por algum erro em seu material genético (DNA).No decorrer da primeira quimioterapia que foi realizada no Hospital das Clinicas, em Goiânia, o tratamento não estava dando resultados. Por isso ela foi transferida ao Hospital de Câncer Araújo Jorge para realizar o transplante de medula óssea, mas acabou não encontrando doares compatíveis.A mãe de Marina resolveu engravidar por meio de inseminação. Daí nasceram os gêmeos prematuros Pedro Augusto e Davi Augusto, após 27 semanas de gestação. Eles chegaram a ficar 45 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Quando completaram um ano, a família descobriu que eles não tinham a mesma compatibilidade.MedicinaForam dois anos em que Marina se dividia entre as aulas de medicina e o tratamento contra a leucemia. Ela relata que entrou no curso já sabendo que seguiria a hematologia. “A hematologia me escolheu”, diz. “Eles (faculdade) abriram as portas e eu pegava aulas online, pegava matérias com os colegas e seguia. Foram dois anos de medicina desse jeito.”Fez residência em hematologia pelo ACCG e residência de transplante de medula óssea pelo Instituto Nacional de Câncer, no Rio de Janeiro (INCA-RJ). Atuou por três anos como hematologista em Brasília. E no ano passado foi convidada pelo Hospital Araújo Jorge para ser coordenadora do serviço de hematologista. “No mesmo hospital que fui paciente, no mesmo que fui residente. Agora trabalho e quero retribuir um pouco através da venda dos livros.”Sobre o livroO lançamento do livro vai acontecer no dia 11 de maio, no Setor Marista, em Goiânia. E pode ser adquirido pelo site. Marina relata que o principal motivo para escrever o livro ‘Menina do Olhos’ é para mostrar às pessoas que independente do diagnóstico ou até mesmo das dificuldades que surgirem, não devemos desistir e deixar de tentar.“Tem uma frase que sempre falo: ‘Onde há 1% de chance, teremos 100% do nosso esforço’. Porque o meu proposito eu só descobri depois das dificuldades. E hoje eu vivo o meu proposito porque superei.”Para Marina o livro atinge inúmeras pessoas e ultrapassa a barreira da distância. O dinheiro adquirido com as vendas dos livros será doado para as instituições Associação de Combate ao Câncer de Goiás (ACCG), ABRALE (Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia) e para a ONG Missão África.ServiçoData: 11 de maioHorário: 17h às 21hLocal: Reserva 35, rua 1137 – Setor Marista, GoiâniaContato: (62) 9 8192-3535