*Atualizada em 14/1 às 22h42O pagamento de um aluguel social para as famílias que ocupam o Parque da Serrinha, em Goiânia, pode ser a saída para dar início ao trabalho de recuperação da área de preservação.Atualmente, sete famílias estão na área, conforme o promotor Juliano de Barros Araújo, da 15ª Promotoria do Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO). A retirada dos moradores do local é necessária para que seja iniciada a implantação do projeto de recuperação por parte do Governo de Goiás.No momento há um impeditivo para a desocupação. Uma determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu este tipo de atividade. Inicialmente era até novembro passado, mas houve a prorrogação até o penúltimo mês deste ano.O promotor explicou ao POPULAR que o aluguel social pago pelo Governo de Goiás está em discussão com o Executivo como alternativa à desocupação. No entanto, diz ele, a proposta precisa ser apresentada ao juiz do caso e depende da eventual validação do mesmo.Nesta quarta-feira (12), o presidente da Associação de Moradores do Morro da Serrinha, Álvaro Caetano de Oliveira Filho, se reuniu com o promotor do MP-GO. “Eu vou tentar com o Estado é definirmos esta ideia do aluguel social para estes ocupantes, para antecipar a retirada destas pessoas para haja a recuperação da área. Eu tenho de sentar com o estado e ver se vai ser feito e quais os modos”, acrescenta Juliano de Barros Araújo.A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Desenvolvimento e Inovação (Sedi) no fim da tarde desta quarta-feira, atual responsável pelo Parque da Serrinha, para verificar a viabilidade do aluguel social. No entanto, não foi possível verificar este ponto. Por outro lado, a pasta afirmou a recuperação da área conta com parceria das secretarias de Administração (Sead) e Desenvolvimento Social (Seds), Procuradoria Geral do Estado (PGE), Prefeitura de Goiânia e MP-GO.A área foi cercada para evitar novas invasões. A medida faz parte de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre o MP-GO e o Governo de Goiás. O serviço foi executado pela Sedi que afirmou que as demais etapas estão em andamento.O presidente da Associação de Moradores do Morro da Serrinha, Álvaro Caetano de Oliveira Filho, afirmou ao POPULAR que a proposta do aluguel social está sendo formatada pelo estado para ser apresentada ao MP-GO. “Tem 30 anos que eu moro ali e a cada dia que passa a situação de degradação é pior”, reclama. Ele acrescentou que o deputado Bruno Peixoto (MDB) teria se comprometido a viabilizar R$ 5 milhões para a implantação do projeto. A informação foi confirmada pelo deputado à reportagem.A ação para obrigar o Estado a recuperar a área é de 2014. A condenação ocorreu em 2017, mas houve recurso e o mesmo voltou em 2019. O projeto de recuperação já está pronto.Há em curso um processo de cessão do Morro da Serrinha do estado para a Prefeitura de Goiânia. O pedido foi feito em 2020. Caso o município assuma a área, este vai implantar o parque. A reportagem apurou, no entanto, que a Prefeitura colocou como condição para assumir o parque a retirada das famílias.ProblemasO mau estado de conservação do Morro da Serrinha é cenário para esconderijo de criminosos e descarte irregular de lixo e outros resíduos. Grupos evangélicos frequentam o lugar regularmente para fazer orações. Entretanto, uma igreja teve de ser demolida em setembro passado, pois estava sendo construída na área de Preservação Ambiental (APA).O Morro da Serrinha tem área superior a 100 mil metros quadrados e chega ao ponto mais alto de 841 metros. No local já foram identificadas mais de 70 espécies do Cerrado, como pequi, jacarandá e cagaita. A memória oficial de Goiânia estabelece o local como o ponto onde o interventor Pedro Ludovico Teixeira teria escolhido o lugar da nova capital. * O deputado Bruno Peixoto confirmou a informação de que conseguiu viabilizar emenda de R$ 5 milhões para a implantação do Parque da Serrinha.