A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que é vinculada ao Ministério da Saúde (MS), começa nesta semana a mapear os dados do novo coronavírus (Sars-CoV-2) em Goiás, incluindo mortalidade, casos notificados, sistema de regulação e atendimento médico, principalmente nos hospitais de campanha de enfrentamento a Covid-19. O objetivo da parceria firmada com a Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO) é analisar os dados e ações tomadas desde o início da pandemia garantindo assim segurança para os próximos passos que incluem o rastreamento de familiares e contatos de pessoas que testaram positivo para a doença.Três pesquisadores da fundação chegaram a Goiânia na noite desta quarta-feira (1º): Iandara Moura, Paula Travassos e Daniel Soranz, que já foi secretário municipal de Saúde do Rio de Janeiro. Pela manhã, eles participaram de uma reunião com o titular da SES-GO, Ismael Alexandrino, e também com o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM). À tarde, visitaram o Hospital de Campanha (HCamp) de Goiânia.Soranz explica que o primeiro passo é uma análise dos dados de mortalidade, casos notificados e também a percepção do sistema de regulação. “Este trabalho é realizado em outros Estados da federação. Viemos a pedido do governador ao nosso presidente. Vamos analisar os dados e organizar as informações. Estamos com uma equipe de epidemiologistas e o objetivo é auxiliar na tomada de decisões do Estado, com embasamento científico”, diz o pesquisador.Alexandrino explica que os estudos vão levar em consideração todos os dados e ações tomadas desde que foi declarada a pandemia e os primeiros casos notificados em Goiás. “Estamos lançando um olhar conjunto e crítico. É uma oportunidade de melhoria, para que possamos apontar os próximos passos de combate e enfrentamento a Covid-19. Discutiremos alguns dados de Goiânia, tendo em vista que a capital tem dados que impactam e muito os do Estado.”RastreamentoCaiado também explicou que entre os grandes objetivos, está o de fazer o rastreamento de pessoas que testaram positivo, bem como familiares e contatos. “No momento que identifica um cidadão como sendo positivo, tem que identificar familiares, pessoas que ele convive e que fazem parte do grupo de risco e aí colocá-lo em isolamento. Também decidiremos como eles precisam ser tratados de acordo com protocolo que deve ser finalizado pela Universidade Federal de Goiás (UFG), Fiocruz e pela SES-GO”.O que se fala é em ampliação de protocolos. Para isso, Ismael diz que deve haver reforço no telemedicina. O governador ponderou que não deve haver extensão dos protocolos para os municípios que não apoiarem as decisões estaduais. “Isso dá a nós um upgrade enorme no sentido de estarmos com todos os protocolos dentro dos melhores critérios, mas não tem como fazer rastreamento sem que haja adesão da prefeitura. Isso vai depender da adesão do prefeito.” Estado pode ampliar número de testesQuestionados sobre ampliação de testagem da população, tanto o governador Ronaldo Caiado (DEM) quanto o secretário de Estado de Saúde, Ismael Alexandrino, afirmam que isso só vai ocorrer se houver teste suficiente do tipo RT-PCR, considerado referência no diagnóstico do coronavírus (Sars-CoV-2). O titular da pasta afirma ainda que os testes serão realizados em hospitais de campanha.“A ampliação da testagem já é uma estratégia nossa utilizando o RT-PCR. Os testes rápidos utilizados são os que foram enviados para o município e eles estão sendo utilizados para inquérito sorológico. São finalidades diferentes. Usaremos os hospitais de campanha para que de forma agendada e programada, possam ser feitos estes testes de pessoas que têm sintomas”, completa Ismael.Caiado disse também que a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, afirmou que vai determinar a criação de um grupo de trabalho específico para continuar dando suporte ao tratamento da pandemia no Estado de Goiás. E Ismael completa: “queremos afinar estes dados e termos um retrato o mais real possível, sempre naquela linha que a SES tem adotado de não subestimar a pandemia, mas também de não criar pânico na população em cima de dados que não são reais. Queremos trazer a realidade à tona”.Sobre a capacidade de ampliação no número de testes analisados pelo Laboratório de Saúde Pública (Lacen-GO) e mesmo de laboratórios privados, o governador faz o alerta: “não vamos acreditar que do dia pra noite vamos atingir os 246 municípios de Goiás”. Isso porque, mesmo com trabalho reforçado, ele fala sobre o limite de atendimento. “Por mais que a gente possa trabalhar e a capacidade do Lacen seja ampliada, assim como de laboratórios privados, eles têm um limite de atendimento. Temos que atingir os focos onde temos maior percentual de contaminação. Não é um processo disperso até porque é um exame caro, tem limitações em termos de tempo. Não tem uma resposta em um dia. São dois, três dias, até cinco dias. Então, temos que aprimorar os focos, prefeituras precisam trazer realidade.”