O genro do pastor Arilton Moura e ex-servidor da Prefeitura de Goiânia, Helder Diego da Silva Bartolomeu, recebeu propina de R$ 30 mil, segundo o Ministério Público Federal (MPF), a pedido do sogro para viabilizar um encontro de Milton Ribeiro enquanto ocupava o cargo de ministro da Educação com prefeitos do interior de São Paulo. O encontro com os gestores municipais teria ocorrido no dia 21 de agosto de 2021 em Nova Odessa (SP) e reuniu representantes de 70 cidades paulistas.A Polícia Federal (PF) deflagrou na última quarta-feira (22) a Operação Acesso Pago, que avança na investigação envolvendo tráfico de influência e corrupção para liberação de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), ligado ao Ministério da Educação (MEC), na época em que o comando da pasta estava com Milton.Helder chegou a ser preso nesta quarta, assim como o ex-ministro e o sogro, mas conseguiu decisão favorável para soltura nesta quinta-feira (23). A Justiça Federal havia autorizado mandados de busca e apreensão, além de quebra de sigilo bancário, envolvendo o ex-servidor municipal de Goiânia e a esposa dele, filha do pastor. A filha aparece como tendo comprado um carro da esposa do ex-ministro.A informação sobre a suposta propina consta em parecer do MPF no processo em que se pede a prisão de Milton, Arilton, Helder, além do pastor Gilmar Santos e do ex-assessor do MEC, Luciano Freitas Musse, e foi repassada pelo empresário José Edvaldo Brito, presidente regional do Avante. O ex-servidor municipal de Goiânia também teria se beneficiado com o recebimento de passagens aéreas para integrar a comitiva do sogro.José Edvaldo, que é de Piracicaba (SP), revelou à PF, segundo o parecer, que esteve com Milton dentro do MEC após intermediação de Arilton e depois o pastor lhe pediu R$ 100 mil para que o ministro fosse até São Paulo. Ainda segundo o empresário, foram repassados R$ 30 mil para Helder e R$ 20 mil para Luciano por meio de outro empresário, Danilo Felipe Franco.Leia também:- Justiça manda soltar pastor de Goiânia e ex-ministro da Educação presos pela PF- Prefeito atribui demora de 1 ano para exonerar assessor preso pela PF a "trâmites legais"- Ex-funcionário da Prefeitura de Goiânia preso em operação da PF é genro de pastor detidoA PF conseguiu extratos bancários comprovando o repasse por parte de Danilo para Helder e Luciano. Também foi juntado ao processo o documento de venda do carro da esposa do ex-ministro para a filha do pastor, Victoria Camacy Correia Bartolomeu. No parecer do MPF é destacado que a venda ocorreu após a data que Milton disse em depoimento ter se afastado de Arilton, em agosto do ano passado.“Os fatos informados não deixam dúvidas da façanha criminosa de Milton, Gilmar, Arilton, Helder e Luciano, em utilizarem o prestígio da administração pública federal para suposta prática dos crimes capitulados corrupção passiva privilegiada, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência”, escreveu a procuradora da república Carolina Martins Miranda de Oliveira no parecer assinado em 14 de junho.O POPULAR mostrou nesta quinta que Helder e o filho de Arilton foram nomeados pela Prefeitura de Goiânia para cargos comissionados em 25 de maio de 2021 na Secretaria Municipal de Planejamento Urbano e Habitação (Seplhan) e foram exonerados ambos no dia 11 de maio deste ano. No Portal de Transparência do Paço consta que eles receberam neste período apenas R$ 2,1 mil, referentes a uma parte do salário de junho. No caso de Helder, a prefeitura já informou que ele nunca chegou a trabalhar e respondeu a um processo administrativo.A reportagem não conseguiu localizar a defesa dos citados.