O governador Ronaldo Caiado (DEM) e a Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg) devem se reunir, às 10 horas desta terça-feira (19), para discutir uma forma de cooperação para o combate ao novo coronavírus. O encontro foi marcado após uma animosidade entre o Estado e a entidade que representa as grandes unidades particulares.O acirramento dos ânimos ficou explícito quando a Ahpaceg publicou uma nota, na última semana, afirmando que os hospitais associados estavam com 80% dos leitos dedicados a Covid-19 vagos. A entidade também reclamou que tentava desde março se reunir com o governador, sem sucesso.No domingo (17), Caiado utilizou seu perfil no Twitter para acenar com uma possibilidade de parceria com a Ahpaceg, a fim de atender o Hospital Municipal de Porangatu. O democrata disse que o Estado está disposto a firmar acordo para que camas, respiradores e equipamentos das UTIs destas unidades de saúde sejam alugados para a unidade no Norte de Goiás.“Diante da falta de estrutura, não posso propor ao cidadão vítima do coronavírus, no extremo Norte do Estado, a ambulancioterapia. Por isso, precisamos equipar o Hospital de Porangatu. Contamos com a solidariedade da Ahpaceg e seus hospitais privados nesse acordo”, completou o governador.Caiado explicou que, atualmente, apenas Anápolis atende o Norte de Goiás. Ele destacou o convênio assinado com a prefeitura de Porangatu para ofertar o Hospital Municipal para vítimas da Covid-19. Agora o local, que passa por adequação para receber uma ala com 24 leitos de UTI, precisa ser equipado.Procurada para comentar a proposta do governador, a Ahpaceg disse que já havia buscado Caiado em março a fim de “propor um trabalho conjunto para garantir a assistência médico-hospitalar aos goianos durante a pandemia”.A nota diz ainda que a forma como a cooperação vai acontecer deverá ser definida após a reunião. “A associação espera ouvir as demandas e avaliar como pode contribuir para saná-las dentro de sua capacidade, tanto com equipamentos quanto com o know-how dos hospitais associados de alta complexidade.”Além do governador e representantes dos hospitais privados, a reunião por videoconferência terá a participação do Secretário de Estado da Saúde, Ismael Alexandrino, e do deputado federal e médico Zacharias Calil (DEM).Fila únicaCalil disse ter sido convidado pela Ahpaceg para ser o intermediário deles junto ao governo de Goiás porque está discutindo na Câmara Federal, em um grupo de trabalho, a construção de um texto de acordo aos projetos de fila única para os pacientes que necessitem de UTI. Segundo ele, a proposta funcionaria nos moldes do sistema de regulação, que envia pacientes para onde há leitos vagos.O deputado, no entanto, diz entender a preocupação do governador em relação às cidades do interior. “Eles têm a estrutura, de equipamentos e de pessoal. As equipes, que já possuem know-how e poderiam ir até essas unidades para auxiliar. Isso poderá ser discutido amanhã (terça-feira, 19) com o governador.”A Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO) informou, por meio de nota, que o governo está aberto ao diálogo com os hospitais privados e com a entidade que os representam. “No momento ainda não há nenhuma negociação formal em andamento. O aluguel de leitos no privado sempre é uma opção que está no radar da Secretaria de Estado de Saúde, entretanto a medida não amplia o número de leitos totais. A primeira opção, e é a que vem sendo feita pelo governo, é a de ampliar a quantidade de leitos próprios na rede pública. Diante de um cenário de lotação com necessidade de mais leitos públicos, alugar leitos no privado é uma medida que pode ser tomada.”Sobre o Hospital de Campanha de Porangatu, Ismael Alexandrino informou que o Estado recebeu nesta segunda-feira 25 respiradores enviados pelo Ministério da Saúde. Cinco deles serão enviados à unidade no Norte goiano. Os outros 20 serão destinados ao hospital de Itumbiara.Queda de atendimentoNo dia 13 de maio, a Ahpaceg divulgou uma nota afirmando que a maior parte dos leitos está vazia e que não há risco de colapso da rede. A justificativa dada pela associação é de que houve redução de atendimentos eletivos – mesmo com a liberação - e também baixa procura por parte de pacientes. Disse também que o atendimento nos prontos-socorros dos hospitais associados caiu, em média, 50% desde o início da pandemia.O decreto do governador publicado no último dia 19 de abril permitiu o funcionamento de todas as unidades de saúde privadas, exceto as de cunho exclusivamente estético. Para a atuação destes serviços, ficou estabelecido que os mesmos devem seguir as recomendações do protocolo de segurança.