Goiás deve receber 20 pacientes com Covid-19 de Manaus até esta sexta-feira (15). Eles fazem parte do primeiro grupo que deixará o município para tratamento em outros Estados, devido ao colapso na saúde pública da capital amazonense. Mas outros 120 doentes podem chegar a Goiânia nos próximos dias.Os 140 pacientes serão atendidos no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (UFG). De acordo com o superintendente do hospital, José Garcia, 20 vagas estão prontas para funcionamento imediato. As demais dependem de acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES), para quem a unidade solicitou reforço de pessoal.Conforme Garcia, foram requisitados técnicos de enfermagem, enfermeiros, médicos, assistentes sociais, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e assistentes sociais. O pedido está com o secretário estadual de saúde, Ismael Alexandrino. O número não foi informado.“Nós já temos os leitos. Conversamos com o Estado e o Município (de Goiânia), que precisam nos municiar com recursos humanos. Espaço, material, maquinário, implementos temos no hospital”, afirma. O novo Hospital das Clínicas da UFG foi inaugurado em dezembro do ano passado.Atualmente, a unidade tem 200 leitos, sendo 20 específicos para Covid-19. Outros 20 do total já existente serão transformados em leitos Covid para receber os pacientes de Manaus. Para atender mais 120 pessoas da capital do Amazonas, que vive o pior momento da pandemia, seria necessário abrir novos leitos. Para isso, só com o reforço de pessoal do Estado.A solicitação das vagas foi feita pelo governo federal, por meio da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, entidade ligada ao Ministério da Educação (MEC). Como unidade federal, o HC da UFG faz parte dessa rede. “Os leitos são tripartite”, diz Garcia.Além de Goiás, o plano de cooperação do Ministério da Saúde inclui o Piauí, Maranhão, Distrito Federal, Paraíba e Rio Grande do Norte. A intenção é conseguir vagas para 235 pacientes. Por ter um hospital novo, Goiás é o que tem maior capacidade, por isso deve ficar com a maioria dos transferidos.Até o fim da tarde desta quinta-feira, a Secretaria Estadual de Saúde e o Hospital das Clínicas aguardavam a confirmação do perfil dos pacientes que chegariam. José Garcia, porém, acredita que serão pessoas com casos moderados e leves, pois os leitos solicitados foram de enfermaria. “O governo de Goiás segue à disposição e aguarda mais detalhes do MS e SES-AM sobre a lista de pacientes, estado clínico e demais informações para repassar sobre o caso”, diz a SES, em nota.O Ministério da Saúde informou que eles precisam de auxílio na oxigenação, mas que podem ser transportados em voos com conforto.Também em nota, a SES-GO reforçou que a decisão da transferência é do Ministério da Saúde. Antes de virem a Goiás, será realizada uma triagem dos pacientes que seriam elegíveis para vir. “Essa avaliação será validada por técnicos e consultores da Organização Panamericana de Saúde e do Hospital Sírio-Libanês para que seja homologada pelo Ministério da Saúde”. Gestor descarta risco aumentadoO superintendente do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás, José Garcia, diz que o acolhimento de pacientes de Manaus com Covid-19 não representa aumento de risco para os moradores de Goiânia. A capital amazonense passa por um surto, especialmente por causa de uma nova mutação do vírus.A mutação, que é diferente das que tiveram origem no Reino Unido e na África, é considerada mais contagiosa. Não há, porém, registro que ela também é mais letal. De acordo com Garcia, os cuidados com o transporte dos pacientes fazem a operação segura.“Se for analisar cientificamente, os cuidados com os pacientes para trazê-los e como eles são tratados, é muito mais seguro que alguém vir, passear, visitar parentes”, afirma. Além disso, ressalta, a nova cepa do coronavírus deve se tornar prevalente, como no exterior.De acordo com José Garcia, a recepção de até 140 pacientes de Manaus, em um momento em que há aumento na procura por internações em enfermarias e Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) em Goiânia, não deve afetar os moradores da capital goiana. Segundo ele, o HC tem capacidade para ampliar leitos para Covid-19, em caso de recrudescimento da doença. Atualmente, a ocupação de leitos de UTI para Covid-19 no Hospital das Clínicas está em 50%. “Temos capacidade de ampliar. Para cada vaga cedida para pacientes de outros Estados, podemos abrir uma para moradores de Goiânia”, afirma. Para acolher o grupo de Manaus, foi montada uma força-tarefa. Até a noite desta quinta-feira, ele aguardava ser acionado pelo Ministério da Saúde. “O mais importante, neste momento, é ser solidário”, afirma José Garcia. Brasileiros de WuhanLogo no início da pandemia da Covid-19, Goiás recebeu 31 brasileiros e chineses que estavam na província de Wuhan, na China, onde os primeiros casos da doença foram registrados. O grupo foi acolhido na Base Aérea de Anápolis, que abriga a Força Aérea Brasileira (FAB).Na época, a decisão conjunta do governo federal e do governo estadual causou reações. Presidente da Federação Industrial de Goiás (Fieg), Sandro Mabel entrou em um embate com o governador Ronaldo Caiado (DEM). Para o líder empresarial, havia risco de contaminação dos goianos.Além das pessoas que vieram de Wuhan, o grupo alcançou 58 confinados, por causa da equipe que foi buscá-los, formada por profissionais de saúde e tripulação do voo.No total, o grupo ficou 14 dias em Anápolis. No período, fizeram exames periódicos. Nenhum deles foi positivo para a Covid-19.