Apenas 9 dos 262 cursos de educação superior de Goiás cujos alunos foram submetidos ao Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) de 2018 alcançaram o conceito máximo na avaliação realizada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), que tem escala de 1 a 5. Destes, seis são de instituições públicas federais e três são ofertados por estabelecimentos particulares (veja mais ao lado). A Universidade Federal de Goiás (UFG) concentra a maior parte das graduações mais bem avaliadas, com cinco delas - ao todo, 17 cursos da UFG foram examinados.“As universidades federais brasileiras têm, notadamente, a responsabilidade de ser o referencial do sistema (de ensino superior). Há muito tempo não temos a maioria das matrículas do País, mas, sem dúvidas, temos a responsabilidade de ser o parâmetro positivo. Este resultado confirma esta característica”, avalia o reitor da UFG, Edward Madureira, que diz que os resultados mostram que as críticas em torno das políticas de cotas da universidade se provaram inconsistentes. “Já estamos na plenitude das cotas na universidade. Muitos diziam que a qualidade ia cair, mas mais uma vez se comprova o resultado com a inclusão”, frisa.O resultado da prova aplicada no ano passado foi divulgado na manhã de desta sexta-feira (4) pela autarquia vinculada ao Ministério da Educação (MEC). No País, o número de cursos nota 5 foi o equivalente a cerca de 5,6% do total examinado. Em Goiás, este índice é de 3,4%. A maioria dos cursos (196) do Estado se enquadra nos conceitos 2 ou 3. Outros 31 tiveram nota 4. Com a menor nota, ficaram 19 cursos e 7 foram classificados como “sem conceito” - para ter Conceito Enade, o curso deve ter ao menos dois estudantes concluintes presentes na prova e com resultados válidos.Evolução e alertaPara a maior parte das graduações que se destacaram no exame, o resultado representou evolução com relação ao conceito obtido em 2015, último ano em que a avaliação, que é trienal, foi feita nesta área do conhecimento. O curso superior de Tecnologia em Logística do Instituto Federal de Goiás, no câmpus Anápolis, por exemplo, tinha conceito 3 naquele ano. Os cursos de Administração da Escola Superior Associada de Goiânia (Esup), de Tecnologia em Gestão de Recursos Humanos da Universidade Paulista (Unip) e os de Direito e Jornalismo da UFG melhoraram a nota 4 que haviam conquistado.Sem avaliação no último exame, o bacharelado em Serviço Social da Faculdade Unida de Campinas (FacUnicamps), de Goiânia, alcançou o conceito máximo. O curso é novo, tendo formado sua primeira turma recentemente. A instituição também não é antiga e teve o ingresso dos primeiros alunos em 2007. Diante deste cenário, o resultado é valorizado por gestores. “O Enade vem avaliar as instituições que prestam um bom ensino aos alunos. Isso foi uma preocupação nossa desde o início”, avalia a diretora-geral da instituição, Patrícia Mendonça.Apesar de apontar os cursos bem-sucedidos, o Enade também serve para alertar para avaliações negativas. Na UFG, por exemplo, tiveram conceito 2 Administração Pública (EaD), da Regional Goiânia, e Administração e Serviço Social, da Regional Goiás. “Precisamos entender a natureza deste problema e atacar esta causa para que estes números sejam revertidos. Nossa meta é ter a avaliação máxima em todos os cursos”, afirma o reitor Edward Madureira.A própria instituição tem um bom exemplo disso. Em 2015, o curso de Direito da Regional Goiás obteve nota 1 no Enade. Em 2018, o conceito subiu para 4.Gestores defendem criação de atrativos para avaliação Utilizada para o cálculo de outros indicadores de qualidade da educação superior pelo Inep, o Conceito Enade não é imune a críticas. Parte delas se dirige ao fato de a nota obtida na avaliação não ter impacto direto no desempenho acadêmico dos estudantes ou após a sua formação, o que poderia não motivar estudantes a se dedicarem. Por isso, gestores buscam reforçar entre seus discentes a importância do exame e até mesmo pensar em novas alternativas.Na visão da pró-reitora de Graduação da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás), Sonia Margarida Sousa, é preciso criar atrativos para a avaliação. “É interessante que a nota possa ter algum significado para o estudante. Hoje ele não tem nenhuma obrigação. A gente entende que alguma estratégia deve acontecer para que o aluno sinta a responsabilidade e o impacto dessa nota na vida profissional”, argumenta.A instituição privada teve 12 de seus cursos avaliados e obteve conceito 4 em três deles: Publicidade e Propaganda, Teologia e Gastronomia. Outros três tiveram nota 2, sendo eles Ciências Contábeis, Ciências Econômicas e Jornalismo. Apesar das ressalvas, a pró-reitora afirma que as notas podem apontar caminhos para uma melhora no desempenho.“Uma avaliação externa sempre tem de ser levada em consideração. É constitutiva do nosso trabalho. Temos de olhar os resultados e, como o Inep fornece um relatório bastante detalhado, isso aumenta a qualificação dos programas de formação e dos projetos pedagógicos, por exemplo”, diz ela.“Precisamos entender as razões de desempenhos ruins no Enade. Muitas vezes há movimentos de estudantes para não fazer as provas. Nem sempre conseguimos perceber esse movimento. Quando percebemos, tentamos mostrar para os estudantes a importância, pois a instituição está sendo avaliada como um todo”, diz o reitor da UFG, Edward Madureira.