Ao menos sete municípios de Goiás receberam, em apenas oito dias, mais de 58% do volume de chuvas esperado para todo o mês de janeiro. Por conta dos temporais, órgãos de proteção e prefeituras registram prejuízos e organizam medidas para evitar acidentes.Neste fim de semana o volume de chuvas chamou atenção na cidade de Goiás. O município está entre os sete que, segundo o Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas de Goiás (Cimehgo), receberam mais da metade da precipitação esperada para todo o mês (confira o quadro).O volume acumulado em 12 horas, das 7h às 19h deste domingo (9), foi de quase 70 milímetros (mm) na antiga capital. O montante corresponde a cerca de 20% de toda a chuva prevista para este mês na cidade. Por conta das chuvas, o nível do Rio Vermelho chegou a ficar próximo da altura das pontes.De acordo com o prefeito Aderson Liberato Gouvea (PT), apesar do aumento no nível da água, não houve inundação.No início da noite deste domingo, o governador Ronaldo Caiado (DEM) divulgou um vídeo gravado ao lado do prefeito no município. Os dois ressaltaram não haver grandes danos, mas Caiado citou, sem detalhar, ter havido “problemas” com pontes de estradas municipais.O Corpo de Bombeiros reforçou as áreas das pontes, orientando moradores e visitantes a evitarem os locais. Conforme as previsões do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a chuva deve dar apenas trégua momentânea para a cidade. Com pouca chuva prevista para o início da madrugada, os temporais podem voltar a atingir a antiga capital pela manhã, com previsão de acumulado de até 90 mm para todo o dia.Outras cidadesEm outras regiões, danos em pistas causados pelas chuvas do fim de semana estão sendo reparados. Na Região Metropolitana, um trecho da GO-020, que fica sobre o Rio Meia Ponte, na saída de Goiânia e sentido Bela Vista, está com interdição em meia pista em razão de uma erosão.De acordo com a Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes (Goinfra), uma equipe está no local, mas depende das condições climáticas para proceder com a recuperação, com previsão de que o fluxo da via seja retomado até a terça-feira (11).Outra rodovia comprometida pelas chuvas dos últimos dias foi a GO-338, em Pirenópolis, na região Leste. De acordo com o Comando de Operações de Defesa Civil (Codec) um bueiro da pista começou a ceder, com riscos de que a erosão impacte a rodovia. A Goinfra foi acionada e diz que trabalha para reparar o local.Em São Luís de Montes Belos, na região Sudeste, o Rio Santa Rosa transbordou no sábado (8) e cobriu a ponte sobre a GO-164, entre São Luís e Sanclerlândia. A via chegou a ficar interditada por algumas horas, mas foi liberada e, até a noite deste domingo, estava com o tráfego normalizado.Em Catalão, também no Sudeste goiano, as fortes chuvas, com acumulado de 168 mm, mobilizaram uma equipe do Corpo de Bombeiros para a realização de trabalho preventivo em represas da cidade. Os bombeiros analisaram o nível dos reservatórios e constataram normalidade, não havendo riscos de transbordamento.As fortes chuvas que caíram em Iporá, no Oeste goiano, desde o início desta sexta-feira (6), elevaram o volume de águas do Córrego Tamanduá. A cidade recebeu 225 mm de chuvas em uma semana. Segundo o Corpo de Bombeiros, alguns alagamentos foram registrados na marginal do córrego, que passa pela cidade, e no Setor Brisa da Mata, na região leste do município.Região NordesteOs municípios da região da Chapada dos Veadeiros, no Nordeste goiano, que sofreram com fortes chuvas entre a última semana de dezembro e a primeira de janeiro, seguem sob cuidados de equipes dos Bombeiros. A região, que tem a maioria das rodovias sem pavimentação, sofreu com bloqueios causados por danos em vias, isolando comunidades e dificultando o trânsito entre municípios vizinhos. Além das equipes de resgate, que trabalham com a distribuição de alimentos, a Goinfra mantém as obras de recuperação das pistas.PrevisãoDe acordo com o Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas de Goiás (Cimehgo), a previsão é de que esta semana também seja de chuva no estado, por causa de um corredor de umidade. O cenário contribui para a formação de áreas de instabilidade.Segundo o gerente do Cimehgo, André Amorim, as chuvas dos próximos dias devem seguir concentradas nas regiões Oeste e Central do Estado. Também há alerta para as regiões Norte e Nordeste. De acordo com Amorim, os relatórios com previsões são repassados diariamente para os órgãos de proteção e para as prefeituras.“Nós vamos acompanhando e atualizando. De acordo com as informações, os órgãos se organizam para realizar ações”, detalha o gerente sobre a dinâmica de cuidados. Bombeiros orienta cuidadosPara o tenente Wellington Fulgoni, do Comando de Operações de Defesa Civil (Codec), o momento para o turismo em área de rios e cachoeiras não é propício e deve ser evitado. Durante todo este domingo a região do parque de Salto de Corumbá registrou fortes correntezas na cachoeira. “O ideal é esperar as chuvas diminuírem e as águas baixarem”, orienta Fulgoni.Entre os riscos citados, o tenente destaca o fenômeno das cabeças d’água, aumento repentino de correntezas causado por chuvas em trechos de rios que podem não ser notados a tempo. “Mesmo os pequenos rios apresentam o risco das cabeças d’água. Então a orientação principal é não frequentar rios no momento”, afirma Fulgoni.Além da instabilidade nos cursos d’água, o representante da Defesa Civil estadual diz que é preciso ter certeza sobre a segurança de acessos e rodovias. “Há muitas rodovias sendo fortemente atingidas por chuvas e até a própria viagem gera um risco ao turista”, destaca o tenente.Sem proibição expressa ao turismo nessas áreas até o momento, Fulgoni diz que os cuidados recomendados para essas áreas são os mesmos para quem frequenta balneários. “Uso de colete, cuidado com ingestão de álcool, cuidado com crianças e áreas de águas turbulentas”, cita o tenente, que também destaca a necessidade de cuidados em momentos de registro de fotos ou filmagens: “Pois se tratam de áreas instáveis”.-Imagem (Image_1.2383979)