Goiás possui dois casos de infecção por fungo negro em investigação. O Estado ainda não teve nenhum caso confirmado da doença. De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO), os casos “aguardam resultados de exames específicos no Estado”, sendo que uma amostra é avaliada no Laboratório Estadual de Saúde Pública Dr. Giovanni Cysneiros (Lacen-GO) e a outra em uma unidade da rede privada. Pacientes que já tiveram a Covid-19 são mais suscetíveis a serem contaminados com a doença por conta de baixas no sistema imunológico. A SES-GO informou que ambas as pessoas estão internadas em Goiânia e são acompanhadas pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS). “Vale ressaltar que a mucormicose não é transmitida de pessoa para pessoa, assim não há necessidade de isolamento dos pacientes”, reforça a nota.>> Receba gratuitamente em seu whatsapp notícias de Goiás sobre vacinação, Covid-19, decretos e outras informações relevantes. Clique. <<Um dos pacientes está internado no Hospital das Clínicas (HC), da Universidade Federal de Goiás (UFG). O estado de saúde dele é grave em decorrência de agravamento neurológicos causados por uma isquemia cerebral.Fungo negroA mucormicose é uma infecção fúngica grave, causada por fungos classificados como mucorales. Na prática, eles invadem os vasos sanguíneos e causam necrose nessas regiões que, sem a circulação sanguínea, acabam ficando pretas. Daí, o nome fungo negro.A infecção acaba atingindo de forma mais grave pacientes com Covid-19 porque os medicamentos utilizados para o tratamento da doença afetam o sistema imunológico dos pacientes. “Ela é muito comum em pessoas diabéticas e imunossuprimidas”, diz o infectologista Marcelo Daher.O infectologista aponta que apesar da gravidade, a doença é incomum e aparece em situações onde o sistema imunológico está realmente debilitado. “Nos pacientes com quadros mais graves da Covid-19, o uso de corticóide faz a imunidade cair. Apesar deles (corticóides) favorecerem o tratamento da Covid-19, eles deixam o corpo humano mais sensível para essas infecções”, esclarece.RiscosDessa forma, a confirmação da circulação do fungo em Goiás significaria um risco para essas pessoas. Atualmente, de acordo com o Painel da Covid-19, existem 785 pessoas internadas com a doença no Estado. A taxa de ocupação dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) estaduais nesta sexta-feira (11) era de 88,61%.A doença é diagnosticada através de exames físicos e laboratoriais e tratada com antifúngicos. A letalidade gira em torno de 50% e os sintomas são variados dependendo de onde ela se manifestar. Nos seios da face e cérebro, por exemplo, ela pode se manifestar através de dor de cabeça, edemas, febre e dor de cabeça.Especialistas apontam que apesar de o fungo ter causado várias mortes na Índia, é improvável que a situação se repita em outros locais do mundo pelo fato de o fungo já circular livremente por vários países como, por exemplo, o Brasil. “Como já tem mais ou menos um ano da doença e não vimos muitos casos, não acredito que será muito comum ver quadros assim no nosso meio”, diz Daher.BrasilDe acordo com o Ministério da Saúde, de janeiro de 2018 até este mês, foram registrados um total de 137 casos da doença no Brasil. Casos relacionados a infecção por Covid-19 foram registrados no Pará, Ceará, Rio Grande do Norte, São Paulo e Pernambuco. Além disso, diversos estados brasileiros, assim como Goiás, investigam casos da doença.MundoA Índia, país que lida com um enorme volume de casos e mortes por Covid-19, foi o primeiro lugar onde foi notado um aumento desenfreado de casos de mucormicose em pacientes que tiveram coronavírus. Cerca de 9 mil pessoas foram acometidas. A mortalidade entre eles foi alta e muitos precisaram ser submetidos a cirurgias para retirar partes necrosadas do corpo.