O município de Aparecida de Goiânia registrou, nesta quinta-feira (6), a primeira morte por Covid-19 causada pela variante ômicron no País. Diante do registro, especialistas e autoridades sanitárias dizem que o momento é de cautela. As análises citam a necessidade de observar as características da nova mutação, os números contabilizados e a rede de proteção já disponível contra o vírus.A morte foi de um morador da cidade que tinha 68 anos, tinha doença pulmonar obstrutiva crônica e hipertensão arterial. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), o paciente tinha tido contato com outro caso que a pasta já havia confirmado como infecção pela variante.O médico infectologista Marcelo Daher afirma que o crescimento dos números de infectados tem sido exponencial, o que de fato causa espanto. Em Goiânia as testagens da Prefeitura tiveram um salto de resultados positivos. A média semanal de casos confirmados estava em pouco mais de 6% no fim do mês de dezembro, subiu para 10% na semana passada e, nesta quinta, ficou em 17,3% em dois postos do serviço.Apesar do aumento, Daher destaca que, diante do que já foi observado em outras variantes e do sistema de vacinação, a ampla maioria dos casos seguirão apresentando formas brandas da Covid-19, mas ressalva que casos graves irão acontecer. “A maioria dos casos terá sintomas mais leves, mas a capacidade de transmissão (da nova variante) é alta. Isso vai fazer com que a gente tenha grande quantidade de casos, e nesta grande quantidade, os poucos casos graves serão muitos, tendo em vista que nós temos muitas infecções”, explica Daher.Para o médico infectologista e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) Julival Ribeiro, mortes por esta ou por outras variantes não são sinais de que as vacinas não tenham eficácia. “O caso específico da Aparecida era um paciente idoso e com comorbidades, e nós sabemos que, assim como as demais vacinas, algumas pessoas não respondem tão bem ao esquema vacinal”, diz Ribeiro ao lembrar que o homem já tinha tomado três doses do imunizante contra a doença.“A vacina segue sendo a melhor maneira de prevenir casos graves, hospitalizações e mortes”, diz o consultor da SBI. Para o infectologista, o quadro será atenuado de maneira drástica quando os hospitais estiverem munidos de antivirais desenvolvidos contra a Covid-19. “Infelizmente ainda não temos. Para casos específicos, como o de Aparecida, seria um medicamento que poderia evitar a morte”, sustenta Ribeiro.Antes de adoecer, o homem teve contato com outro morador da cidade diagnosticado com a infecção pela variante. Segundo a SMS de Aparecida, outro caso de contato com o homem está sendo acompanhado. O paciente está hospitalizado em tratamento da doença na ala de enfermaria.A confirmação do primeiro óbito ocorre exatamente dez dias após a declaração de transmissão comunitária na cidade. Até o momento, dos 2.386 sequenciamentos realizados na cidade, 55 casos foram de ômicron. Conforme afirma a gestão, como a transmissão da variante já é considerada comunitária, não há mais necessidade de monitoramento de outros contatos.A diretora de Avaliação de Políticas de Saúde da SMS de Aparecida, Érika Lopes, afirma que na análise contínua feita pela cidade, em que avalia número de casos de testes positivos e de internações, ainda não demonstra necessidade de retomar medidas sanitárias mais restritivas. “Neste momento, a matriz não indica nenhuma medida que seja mais restritiva como as que adotamos em outros momentos da pandemia. Mas o que temos reforçado muito é de que o controle disso está com a população”, afirma Lopes ao destacar a necessidade de cuidados individuais básicos como a vacinação e o uso de máscara. Testagem registra fila e postos passam para em Goiânia 3Um dos sintomas do aumento de casos de Covid-19 está sendo a alta procura pelos postos de testagem. Nesta quinta, os dois pontos do serviço feito de forma ampliada da Prefeitura de Goiânia registraram filas. No primeiro dia da ação, os locais realizaram, cada um, mais de mil testes. O resultado, como já citado, foi de média de 17,3% de casos positivos.Diante da demanda, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) da capital decidiu aumentar para três o número de pontos de testagem. A medida passa a valer a partir desta sexta-feira (7), com 1,2 mil testes disponíveis à população em cada local. O atendimento precisa ser agendado pelo site da Prefeitura.Na Região Noroeste, o posto de testagem será montado em frente à Igreja Assembleia de Deus Ministério Fama, na Rua SC15, no Jardim Colorado. Na região Leste as testagens serão feitas na Praça da Juventude, que fica na Rua JDA, no Jardim Aroeira. O terceiro ponto será montado na Região Sul, no Cepal do Setor Sul, que fica na Rua 115.A procura pela testagem em Goiânia subiu 157% de dezembro para janeiro deste ano. A média era de 700 testes por dia, mas chegou a 1.800 por dia esta semana. A testagem é realizada em pessoas a partir de 5 anos e tem como objetivo promover o isolamento social de quem tem resultado positivo para Covid-19, mas que não apresentam sintomas.RecomendaçõesPara o infectologista Marcelo Daher, além da vacinação contra a Covid-19, as orientações seguem sendo pela manutenção de protocolos de prevenção como o uso de máscara e atenção ao distanciamento social. “Estamos vivendo uma explosão de casos e a repercussão disso vai ser vista daqui a uma ou duas semanas, e pode ser que leve a superlotação dos ambientes hospitalares também. Então, (é preciso termos) muita atenção e prudência neste momento”, aponta Daher.