Na próxima segunda-feira (6), ao menos 19 unidades da rede municipal de ensino de Goiânia não receberão os alunos presencialmente. As aulas nos locais estão suspensas em decorrência de contaminações por Covid-19 de alunos ou funcionários. Assim, os estudantes do ensino fundamental terão aulas no modelo remoto e as crianças matriculadas nos Centros Municipais de Educação Infantil (Cmei) também ficam em casa.A suspensão das atividades de toda uma unidade ocorre quando pelo menos duas turmas em dois turnos diferentes possuem mais de dois casos da doença, segundo a Secretaria Municipal de Educação (SME).Uma das unidades que não terão atividades presenciais é o Cmei José Alves Batista, localizado no Setor Criméia Leste, que anunciou a suspensão de sexta-feira (4) até o próximo dia 11 em razão dos casos de Covid-19. Ao todo, a SME estima que a última semana fechou com cerca de 25% das turmas suspensas das aulas presenciais, mas até o fechamento desta matéria, não foi divulgada a quantitativo total de turmas. Quanto a unidades, são 372, o que gera um cálculo de 5,11% de locais que vão atender apenas remotamente.O secretário da SME, Wellington Bessa, afirma que a quantidade de unidades com atividades totalmente suspensas têm variado ao longo dos dias. Ele cita, por exemplo, que a suspensão das turmas, nesta última semana, variou entre 15% e 25%. “Dentro do planejamento, suspender as atividades de turmas, escolas ou turnos era algo que prevíamos, pois temos de garantir que não tenha risco para os alunos e servidores. Até agora estamos monitorando. Mas há casos que não foram testados ainda e suspende por ter suspeita ou contato (com alguém contaminado) e isso agrava um pouco a situação. Eu não diria que está acima do esperado, mas dentro do controlado.”Segundo Bessa, no entanto, não há a intenção de mudar o planejamento e as aulas presenciais devem ser mantidas. “Temos um quantitativo grande já de vacinados e temos o objetivo de continuar. O ensino será remoto só quando houver a necessidade mesmo.” O coordenador geral do Sindicato Municipal dos Servidores da Educação de Goiânia (Simsed), Antônio Gonçalves Rocha Júnior, afirma que quase todas as unidades operam com déficit de funcionários em decorrência da Covid-19. “A orientação da secretaria é para evitar o fechamento e as instituições que pararam de atender foi por decisão interna, quando se tornou inviável continuar o atendimento. Existe uma pressão para não fechar. Mesmo com o déficit de funcionários, a secretaria tem orientado para que não se feche e mantenha o atendimento”, diz.O Simsed não é o sindicato oficial representativo da categoria, mas é formado apenas por servidores da rede municipal. A representação oficial é do Sindicato dos Trabalhadores em Educação no Estado de Goiás (Sintego). As duas entidades divergem sobre o atual momento da pandemia e a educação. No final de janeiro, o Simsed realizou um ato no Paço Municipal e cobrou da SME a redução do atendimento presencial para 50%. “Estamos vivendo um momento de crescimento dos casos. Mesmo assim vemos uma falta de compromisso do prefeito com a segurança das crianças e profissionais da educação. A circulação da nova cepa pode gerar novas mutações. Precisamos de maior seriedade, as pessoas estão adoecendo nas escolas”, afirma Rocha Júnior.Já a presidente do Sintego, Bia de Lima, conta que o sindicato teve audiência com Wellington Bessa na qual foi pedida uma facilitação para a testagem dos servidores. “Sabemos de duas unidades suspensas, mas poderia ser mais se tivesse a testagem. A secretaria tem buscado evitar a divulgação e as suspensões. Só ocorre quando fica grave mesmo.” No entanto, Bia defende a manutenção das atividades presenciais, sob o argumento de que atrapalharia a situação de muitas famílias, sobretudo nos Cmeis, visto que não teria onde deixar os filhos para ir trabalhar. Ela pediu à SME a testagem, equipamentos de proteção individual (EPIs) e facilitação na vacinação.Bessa afirma que está sendo negociada com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) a disponibilidade de testes para as escolas, assim como a ida das vans de vacinação às unidades. “O Sintego entende a necessidade das aulas presenciais. Tratamos esses temas e estamos vendo para a próxima semana. Sobre os EPIs não temos dificuldade, todas as unidades adquiriram equipamentos.”Servidores da Educação têm receio de contágioUnidades dos Centros Municipais de Educação Infantil (Cmeis) de Goiânia alegam seguir todas as orientações da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), mas se preocupam com a nova onda da Covid-19 já que a variante ômicron atinge em maior escala as crianças do Estado. “É uma batalha a cada dia e a gente sofre com as crianças também porque sabemos que elas e as famílias precisam disso aqui” desabafa uma servidora, que não quis se identificar, da unidade localizada no Jardim Curitiba.Grande parte dos educadores e demais funcionários dos Cmeis sofrem com o risco de contágio, ao ser questionada se existem casos de profissionais que vão até as unidades, mesmo com sintomas gripais, por medo de perderem a vaga de emprego, a servidora afirmou que há sim problemáticas como esta. Segundo ela, a Prefeitura oferta um dia de afastamento para que seja feito o exame, o que, na visão dela, não é viável se considerar os três ou quatro dias para que seja possível a detecção do coronavírus (Sars-CoV-2) e a demora de agendamento dos testes. “É um fator que tem deixado todos angustiados e, mesmo pelo plano que temos que é o Instituto Municipal de Assistência à Saúde dos Servidores de Goiânia (Imas), não se consegue fazer este teste tão rápido e o resultado não sai de imediato. Necessitaria de um tempo maior para o servidor”, explica. A funcionária também acrescenta que nas escolas com estudantes acima de 5 anos, as vacinas já chegaram, mas para as crianças dos Cmeis terá uma demora que deixa os educadores aflitos. A quantidade de pais temerosos pela doença também é alta, ainda que as unidades possam receber 100% dos matriculados, nem todas crianças voltaram pelo receio de contato com o vírus ou outras doenças. “Eles têm a necessidade de ter este amparo do Cmei, eles precisam que estejam abertos, mas também são bem compreensíveis nessa questão (o fechamento para controle de contágio) e eles temem pela saúde.” diz a servidora.Para Ana Paula Oliveira, secretária, de 25 anos, a unidade do Cmei Balneário Meia Ponte orienta corretamente os responsáveis pelas crianças. Mãe do Samuel, de 1 ano, Ana Paula diz que “Eles estão sempre atentos. Se o neném apresenta alguma coisa, eles perguntam se levou ao hospital, são muito preocupados com a saúde das crianças e dos pais.” A mãe informou que a unidade distribuiu formulários para preencher caso haja sintomas da doença nas crianças. As medidas definidas pela SMS, e aprovadas pelo Conselho Municipal de Educação, indicam que qualquer escola com mais de seis casos entre alunos e servidores, dentro de sete dias, deve suspender a atividade. Desta forma, uma funcionária, que não quis se identificar, do Cmei Alto da Glória, que vai retornar às atividades na próxima terça-feira (8), garante que a sanitização em toda unidade é feita durante o período de pausa. Em paralelo ao alto número de contaminação da Covid-19, as unidades também estão enfrentando aumento nos casos da doença mão-pé-boca, também contagiosa. As unidades afirmam que cada criança que apresenta a doença deve ficar em casa até a recuperação, mas não há orientação da SMS para que fechem as escolas. (Manoella Bittencourt, estagiária do GJC em convênio com a PUC Goiás)-Imagem (1.2398042)