Três parques estaduais de Goiás devem terminar esse ano com novas administrações, que serão de empresas privadas. A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento (Semad) aguarda para este primeiro trimestre a publicação dos estudos de viabilidade das concessões dos parques Altamiro de Moura Pacheco (Peamp), Serra de Caldas (Pescan) e Terra Ronca (Peter) que estão sendo elaborados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A previsão é que a licitação para a passagem da administração das unidades de conservação ocorra no quarto trimestre deste ano.A intenção da Semad, segundo a secretária da pasta, Andréa Vulcanis, é explorar o potencial turístico dos locais aliado à preservação. Segundo ela, atualmente o Estado, assim como demais unidades federativas, não possui expertise no atendimento turístico. “Não conhecemos sobre a gestão de turismo, como a venda de ingressos, criação de passeios, comodidade para os turistas, transporte, visitação. O que fazemos atualmente é a preservação das unidades. O que queremos é levar o visitante a fazer não só um passeio, mas permitir que aprenda sobre conservação, ter uma outra concepção de mundo ao sair de lá, ser diferente se apenas uma visita turística.”Segundo Andréa, os estudos já estão em andamento pelo banco, após o contrato ter sido assinado em abril de 2021, e a ideia é buscar conceitos avançados de turismo em unidades de conservação. “A vantagem de ser em parceria com o BNDES é que já se tem uma modelagem econômico-financeira. Já entra com esse conhecimento, vai para a B3 (bolsa de valores) e serão os primeiros que vão com esse aporte do banco”, diz. Ao todo, o banco federal já possui acordo com cerca de 30 parques em todo o Brasil para a análise de concessão, sendo em sete estados.No caso de Goiás, a escolha pelas unidades de conservação se deu pelo próprio BNDES. Andréa explica que são locais mais avançados para o estabelecimento das concessões, pois possuem regularização fundiária e Plano de Manejo estabelecido. “Hoje nós temos a unidade e se não puder deixar as pessoas entrarem gera um conflito com o entorno. Precisamos fazer o contexto com o entorno dos parques, harmonizar a conservação com a visitação. Por isso existe essa parceria com a iniciativa do banco com a ideia de finalizar em 2022.”OutorgaComo os estudos ainda estão em andamento, não há uma estimativa pelo valor da outorga, ou seja, o quanto o Estado poderá arrecadar com os contratos de concessão. “Agora é estudar a unidade, entender a vocação de cada um dos parques, que são bem diferentes, tanto em paisagem quanto no entorno”, avalia a secretária. Ela exemplifica que o Peamp é uma unidade localizada em Goiânia, nas margens da BR-153 em que “o turista passa na porta mas não entra”, enquanto que o Pescan tem o turista no entorno, em razão das águas termais de Caldas Novas e Rio Quente e que poderá ser um outro atrativo para os visitantes.Já o Peter, ainda de acordo com Andréa Vulcanis, é uma unidade localizada na região Nordeste de Goiás, com maior dificuldade de acesso, mas com beleza natural e composto por cavernas e grutas. “Pouca gente conhece lá, mas é um dos lugares mais bonitos do nosso País. São três parques totalmente diferentes, cada um vai ter um tipo de visitação e administração, mas temos que esperar os estudos”, avisa ao reforçar que o Estado não possui estimativa para o valor das outorgas. Segundo BNDES, o modelo de contratação será Yellowfield, ou seja, as empresas que tiverem a concessão deverão fazer reformas ou uma expansão substancial na infraestrutura existente.Pirineus e Águas do Paraíso ainda estão em definiçãoAlém das concessões dos parques Altamiro de Moura Pacheco, Serra de Caldas e Terra Ronca, que estão sendo feitas com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Estado também planeja conceder os parques Serra dos Pirineus, na região de Pirenópolis, e Águas do Paraíso, em Alto Paraíso. No entanto, a situação de ambos ainda está indefinida, visto que é necessário passar por processos de regularização fundiária e implantação dos Planos de Manejo para encaminhar os estudos. Não está descartada a parceria com o banco para o estabelecimento dos projetos. “São unidades que ainda estão em um momento anterior aos demais, então não temos a previsão de concessão delas para 2022”, avalia a titular da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento (Semad), Andréa Vulcanis. Ela explica que a situação do Pirineus é mais complicada quanto a regularização fundiária, enquanto que o Águas do Paraíso está em um terreno da União, por meio do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), sendo necessária a transmissão da titularidade para o Estado e então a realização da regularização.O Parque Águas do Paraíso está também dentro do Programa Gênesis, do governo estadual, assim como o Terra Ronca. O programa prevê investimentos em 20 cidades da região Nordeste, sendo 9 em uma primeira etapa, em eixos que vão desde a infraestrutura ao turismo, ponto em que se insere os parques em questão. A ideia é que a concessão das unidades de conservação também incremente uma melhoria em outras questões da região. O Gênesis foi lançado em setembro de 2021, mas ficou suspenso, oficialmente, em razão das queimadas na região, embora tenha havido também resistência de moradores locais, especialmente ambientalistas, sobre o modelo divulgado.