A Justiça estadual manteve a prisão, nesta quinta-feira (4), dos três jovens acusados de matar a estudante Ariane Bárbara Laureano de Oliveira, de 18 anos. O juiz Jesseir Coelho de Alcântara, da 3ª Vara dos Crimes Dolosos contra a Vida e Tribunal do Júri, acatou o argumento do Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO), de que o trio tinha a intenção de matar outras pessoas a partir de uma lista relatada por dois dos suspeitos, e aceitou a denúncia feita pelo órgão, tornando-os réus no processo.Tiveram a prisão convertida em preventiva, ou seja, sem prazo para encerrar, Raíssa Nunes Borges, de 20 anos, Jeferson Cavalcante Rodrigues, de 23, e Enzo Jacomini Carneiro Matos, de 18, uma jovem transexual que se identifica como Freya. O crime ocorreu no dia 24 de agosto e eles se encontram detidos desde a primeira quinzena de setembro. Além dos três, uma adolescente que também participou do crime segue apreendida.Ariane conhecia os envolvidos por frequentarem todos uma pista de skate no Setor Coimbra. Como mostrou O POPULAR na edição desta quinta, o inquérito policial concluiu que o grupo armou uma emboscada três dias antes do crime para que Raíssa pudesse matar a jovem e descobrir se é uma “psicopata”, como foi dito por um dos réus. Ariane foi desacordada por Freya e atingida dentro do carro por 8 golpes de faca desferidos por Raíssa e a adolescente. Jeferson dirigia o veículo e forrou o porta-malas previamente para colocar o corpo.O juiz relatou na decisão que os acusados “armaram uma emboscada para a vítima, com o intuito de matá-la”. “Enquanto Ariane entendia que estava saindo para um simples passeio com ‘os amigos’, os acusados premeditavam matar Ariane, atraindo-a para ‘comer um lanche’, quando na verdade tinham intentos escusos e maquiavélicos”.Não existe uma lista física com nomes de potenciais vítimas. O delegado Marcos de Oliveira Gomes, da Delegacia Estadual de Investigação de Homicídios (DIH), que investigou o caso, diz que no dia das prisões dois deles falaram de uma lista. “A adolescente e o Jeferson falaram que mais duas ou três pessoas estariam na lista para possíveis crimes”, afirma.Além disso, no primeiro depoimento que prestou, a menor chegou a citar um nome que poderia ter sido escolhido no lugar de Ariane, mas foi descartado naquele momento por a estudante ser mais franzina.Em sua decisão, Jesseir destaca que a existência de mais nomes indica o risco de novas vítimas do grupo preso. Ele também observa a forma como Ariane foi atraída pelo grupo para o carro onde foi morta, sendo iludida de que iria para uma festa e que os denunciados eram seus amigos. “Os acusados tinham uma lista de vítimas futuras, além da vítima Ariane, demonstrando a intenção deles de cometer novos delitos. Portanto, resta demonstrada a concreta periculosidade de cada um dos denunciados e, por conseguinte, a ameaça que eles representam, por meio de suas ações, à ordem pública”, escreveu o juiz em seu despacho.A justificativa dada para a prisão preventiva foi a garantia de ordem pública, com o objetivo, segundo Jesseir, de “evitar a prática de novos crimes pelo indivíduo, em razão de sua periculosidade, demonstrada por seu comportamento anterior ou posterior à prática da conduta delituosa”.Outro ladoO advogado Luciano Oliveira Rezende que defende Raíssa, disse ao POPULAR na quarta-feira (3), que não procede a existência de uma lista com nomes de futuras vítimas do grupo. “Essa lista não apareceu nem no inquérito nem na denúncia. Ou seja, é uma falácia, ela não existe”. Nesta quinta, ele disse que preferia aguardar a decisão de Jesseir ser publicada para opinar.Já o advogado Luiz Carlos Ferreira da Silva, que defende Jeferson, diz que vai protocolar um pedido solicitando a liberdade provisória. “O Jeferson vem colaborando com a Justiça, é primário, nunca teve problema com a Justiça. Ele estava trabalhando e estudando. Não tem motivo de continuar preso.”Na defesa de Freya, a advogada Alessandra Bertoni diz que pretende recorrer da decisão.Os três se encontram detidos na Delegacia de Capturas (Decap) e serão transferidos para a Penitenciária Odenir Guimarães (POG), no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia. (Joyce Vilela Mehri é estagiária do GJC em convênio com a PUC Goiás)