-Imagem (1.1615011)É falsa a informação de que um médico goiano disse nas redes sociais que está matando esquerdistas, como tem sido amplamente divulgado na internet. As mensagens divulgadas são verdadeiras e pertencem a Jimmyson da Silva Barbosa, de 38 anos. Ele, no entanto, não é médico em Goiás, mas sim estudante de medicina da Universidade Privada del Este (UPE), no Paraguai. O "Tem base?", seção de checagem do POPULAR, apurou a informação. Jimmyson, que é de Anápolis (GO), explicou que nunca foi médico e que em momento algum insinuou ser médico. As mensagens publicadas por ele foram recortadas e colocadas ao lado de fotos em que ele está com um jaleco branco da universidade. O jaleco, que possui seu nome, o nome da universidade e o curso, são usadas por ele como estudante. “Nunca me apresentei como médico. Não existe isso”, afirmou.Em uma das mensagens, Jimmyson diz, em resposta a outra pessoa: “matei vários já. Se for de esquerda aí é que coloco mesmo pra se fuder. Reze para um dia não cair na minha mão". As frases são seguidas por uma série de emojis de risada.Segundo Jimmyson, a mensagem enviada por ele foi em tom de sarcasmo. “O rapaz me viu de jaleco, mencionou que eu era médico e perguntou quantas pessoas eu já tinha matado. E eu fiquei nervoso com aquela insinuação e falei: ‘já matei um monte mesmo, e se for de esquerda eu mato mesmo’. E eu ainda pus risadinha no final. O cara veio perguntando quantos eu já tinha matado, e eu, no mesmo tom de sarcasmo, respondi a ele”, afirmou.Nas conversas que estão sendo compartilhadas nas redes sociais, o recorte foi feito somente da resposta do Jimmyson. Como ele excluiu o Facebook, a reportagem não conseguiu ver o teor de toda a conversa.A outra mensagem divulgada pelo estudante foi uma resposta a outra pessoa que escreveu: "como uma pessoa tão cheia de preconceitos e rancores por ser médico? Eu não confiaria um parente meu em tais cuidados". Em seguida, Jimmyson respondeu que não tem interesse de tratar "tal tipo de gente", e que para ele "petista tem que ser exterminado da face da terra". "Deveria fazer igual ao Hitler fez na época dele". A mensagem também é seguida por emojis de risada.As publicações têm cerca de um mês, segundo Jimmyson, e ele diz se arrepender do que escreveu. “Foi no nervosismo. Eu não queria dizer isso e não tenho coragem de fazer isso. Sou uma pessoa de bem, temente a Deus”, afirmou. Ele garante que quando for médico, não fará distinção. “Se uma pessoa chegar num hospital não vou perguntar pra ela pra qual time ela torce, não vou perguntar se vota no PT. Não existe isso. Todo mundo será tratado do mesmo jeito. Estou estudando pra salvar vidas”, disse.Antes de iniciar os estudos de medicina no Paraguai, Jimmyson trabalhava com o pai em Anápolis. Este é o seu primeiro curso superior e ele afirma que o faz especificamente com o objetivo de ajudar. “Meu pai tem um dinheiro, eu sou herdeiro de uma coisinha. Não é que sou rico, mas do jeito que eu vivo, eu vivo bem. Não preciso de dinheiro. Eu quero é ajudar”, disse. Segundo ele, a intenção é se tornar médico para atender pessoas em áreas remotas do Brasil. “Quero formar e ir para o Norte, tratar povo carente, índio, esse povo que não tem condição”, disse.O estudante excluiu suas páginas do Facebook após ter recebido uma quantidade grande de mensagens em ataque a ele. Ele diz que não esperava a repercussão que teve. “Se eu soubesse que ia acontecer isso, nem falar eu tinha falado. Ou eu tinha falado e apagado na mesma hora.”ConselhosO Conselho Federal de Medicina (CFM) e o Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego) divulgaram nesta segunda-feira que não consta registro de profissional com o nome de Jimmyson Barbosa em nenhum Conselho Regional de Medicina do Brasil.Na mensagem divulgada pelo Cremego em sua página no Facebook, o órgão diz: “estão sendo divulgadas mensagens supostamente atribuídas a Jimmyson Barbosa, que estaria se identificando como médico e publicando discurso de ódio em perfil no Facebook”. Jimmyson, por sua vez, garante que nunca se identificou como médico, e que processará o órgão por tal afirmação.Aumento nas buscasO termo "Jimmyson Barbosa" teve uma ascensão repentina nas buscas no Google nos últimos dias. O nome do estudante começou a ser procurado no dia 27, tendo atingido o seu pico às 11 horas do último domingo, dia 30 de junho, data em que houve manifestação em defesa do Ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro. O maior número de buscas ocorreu em Goiás, seguido por Pernambuco e Rio de Janeiro.-Imagem (1.1833474)