Uma única doadora ajudou outras cinco pessoas que aguardavam córneas, fígado e rins na fila do transplante. Na madrugada desta quinta-feira (28), o Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia (HMAP) realizou a segunda captação de órgãos para transplante. Foram captados rins, fígado e córneas. O fígado foi enviado a um receptor no Rio de Janeiro, os rins e as córneas foram destinados a outros quatro pacientes em Goiás. A doadora, uma mulher de 61 anos, teve o diagnóstico de morte cerebral confirmada após realização de todos os testes comprobatórios determinados pela Legislação Brasileira.O processo foi conduzido pela Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT) do HMAP, que acionou a Organização de Procura de Órgãos do pela Organização de Procura de Órgãos (OPO-HUGO) logo que a morte foi confirmada. A família da doadora também passou por uma entrevista e concedeu a autorização.Quatro cirurgiões do Rio de Janeiro fizeram a cirurgia de retirada do fígado e a retirada dos rins por captadores de Goiás. As córneas foram retiradas pela equipe da Fundação Banco de Olhos de Goiás (Fubog). “Precisamos entender o sentimento da família no momento da perda, conversar. Sabemos que é um momento difícil e é necessário tirar todas as dúvidas, até a decisão final. Sem esse tipo de atitude, outras vidas não seriam salvas”, afirma a presidente da CIHDOTT do HMAP, Valdirene José da Costa.Segundo a secretária da CIHDOTT, Maria Tereza, é importante que quem tenha interesse em doar os órgãos demonstre em vida aos próprios familiares. “No Brasil diversos pacientes esperam angustiados na fila de transplantes e aguardam uma doação para retornarem à sua vida normal. O trabalho da comissão leva esperança a muitas famílias, e todos estamos envolvidos neste ato de amor. Uma única doação pode salvar mais de 13 vidas”, ressalta.A captaçãoO processo de captação é complexo, necessita de uma logística e coordenação efetiva para que tudo aconteça em tempo hábil. Os médicos captadores do fígado desembarcaram em Goiânia, vindos em um voo comercial. De acordo com a enfermeira Nathália Carolyne Correia Mendonça, Coordenadora das Organizações de Procura de Órgãos da Secretaria Estadual de Saúde, para ocorrer a captação é necessário seguir a lógica de tempo de isquemia fria do órgão, tempo entre captação e implante. “Quanto menor o tempo entre retirar e implantar em outra pessoa, mais rápido a equipe entra. Na cirurgia de hoje, o fígado foi o primeiro órgão captado, pois o limite de horas entre a retirada do corpo do doador e o implante do receptor é de, no máximo, 12 horas. O rim é o que possui o maior tempo de isquemia, podendo ser até 36 horas. Então, ele sempre é o último órgão sólido a ser retirado”, explicou.CIHDOTT HMAPCriada em julho de 2019 e composta por oito membros, a Comissão Intra-hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante do HMAP é presidida pela enfermeira Valdirene José da Costa e visa procurar doadores e facilitar os processos de captação de órgãos na unidade. Os representantes visitam diariamente todas as unidades de internação para acompanhar os casos dos pacientes críticos e identificar potenciais doadores.