Caso a Metrobus e a Secretaria-Geral de Governo (SGG) acatem a recomendação do Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO), um máximo de seis veículos estariam aptos para operar todo o Eixo Anhanguera e suas extensões. Na última sexta-feira (19), a 50ª Promotoria de Justiça recomendou que veículos com mais de 5 anos fossem suspensos da operação. No entanto, a idade média da frota que circula atualmente é de 9,56 anos, isso porque há seis veículos adquiridos para o uso no BRT Norte-Sul que estão reforçando a linha entre o Terminal Vera Cruz e o Terminal Praça da Bíblia.Os novos veículos são das empresas Reunidas e Rápido Araguaia, comprados com a previsão de uso no corredor exclusivo no ano passado, mas que ainda não foi inaugurado. Eles são do tipo padron, que possui a capacidade de transportar um máximo de cem passageiros. No entanto, a previsão é que esses ônibus deixem de operar até o próximo mês com a chegada de veículos adquiridos pelas empresas para atuar nas extensões do Eixo Anhanguera. Em junho, o governo estadual anunciou o acordo para a chegada de 60 ônibus, e cerca de 20 estão em operação. Os outros 40 devem chegar até setembro.Assim que os outros veículos forem entregues, os ônibus comprados para o BRT serão retirados do Eixo Anhanguera. A diferença é que essas aquisições que ainda não estão em Goiânia serviam ao transporte público de Brasília e possuem idade de fabricação de 8 anos, que é igual aos ônibus mais novos da Metrobus. Segundo a Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC), na última vistoria realizada na concessionária, foram apresentados 91 veículos, sendo 55 do ano de 2011 e 36 fabricados em 2014. Com a chegada de mais 60 carros de 2014 a idade média da frota reduz para 9,09 anos. Mas nenhum veículo atenderia ao pedido do MP-GO.O documento, assinado pela promotora Leila Maria de Oliveira, pede “a suspensão do uso de ônibus com mais de 5 anos de operação no serviço de transporte público, em funcionamento na extensão do Eixo Anhanguera, haja vista ser considerada uma média segura para o uso de ônibus que presta esse tipo de serviço”. Recomenda ainda ao Estado “a não adquirir e/ou permitir a utilização de ônibus sucateado no transporte público operado no Eixo Anhanguera, com idade acima do limite de 5 anos, proveniente de outra unidade da Federação, por questão de segurança aos usuários”. Por fim, há pedido à CMTC para que realize a fiscalização da idade média dos ônibus no Eixão.Leia também:- Perícia é realizada para apurar morte de estudante que caiu de ônibus do Eixo Anhanguera- Ônibus do Eixo Anhanguera tem princípio de incêndio, em Goiânia- MPGO pede suspensão dos ônibus do Eixo Anhanguera com mais de 5 anos de operação- Reforma do asfalto na Avenida Anhanguera, em Goiânia, chega a um 18% do trajetoA recomendação foi feita um dia depois de confirmada a morte da estudante Leidiane Teixeira da Cruz, de 28 anos, que caiu de um ônibus da Metrobus em movimento, quando a porta abriu na passagem do veículo na curva do Palmito, na região do Jardim Novo Mundo. A Polícia Civil aguarda resultado de perícias para dar andamento na investigação sobre a culpabilidade do ocorrido. O documento da promotoria junta ainda com notícia representada pelo Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores no Transporte Coletivo Urbano de Goiânia e Região Metropolitana (Sindcoletivo) que denuncia más condições nos veículos da Metrobus.A CMTC ainda não recebeu oficialmente a recomendação, mas informou entender que a limitação de uma idade máxima da frota traz mais segurança ao usuário. “Mas é necessário que seja realizado um estudo porque existem vários fatores determinantes”, considera. Sobre qual seria a idade limite, a companhia ressalta a necessidade de analisar a idade da frota de outras cidades para aplicar na realidade da região metropolitana de Goiânia. A Metrobus e a SGG também não receberam o documento do MP-GO até o fechamento desta reportagem.Secretário da SGG, Adriano da Rocha Lima, que também preside a Câmara Deliberativa de Transportes Coletivos (CDTC), considera que a recomendação é sem sentido e ressalta que a mesma promotoria pediu a suspensão do edital de locação de 114 ônibus elétricos novos para a Metrobus. “É o tipo de coisa que nos deixa frustrado. Há incoerência nisso. Não nos deixa renovar a frota e agora querem tirar os ônibus de circulação. Não tem como acatar isso ou vai ficar sem transporte”, diz. Ele afirma que a Metrobus tem hoje 86 ônibus aptos a serem usados e que 60 estão em operação.A companhia não opera as linhas de extensão do Eixo desde o fim de junho, em acordo feito com outras concessionárias (veja quadro). Para tal, as outras empresas adquiriram os ônibus que estavam em Brasília. “Eu convido todos a conhecer esses 60 ônibus, estão em perfeito estado. Em São Paulo a idade máxima da frota é 15 anos, no Rio de Janeiro é 10 e aqui vão pedir 5? Estamos buscando solução porque não nos deixaram renovar toda a frota. Antes desses ônibus que colocamos, o Eixo tinha 89% de cumprimento de viagens e agora está em 93%, quando terminar de chegar os 60 veículos vamos estar com 100%.”Lima reforça que a redução dos ônibus da Metrobus amplia a frota de reserva da companhia, que ganha mais tempo para manutenção. “É um acordo sem custos para o Estado e que já funciona com as outras cidades. O que acontece é que tivemos redução na receita, mas também redução nos custos operacionais”, diz.Manutenção é maior problemaO geógrafo e mestre em Transportes, Miguel Ângelo Pricinote, coordenador do Fórum de Mobilidade Mova-se, discorda da recomendação feita pelo Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) para suspender o uso dos ônibus com mais de 5 anos de fabricação.“Parece não ter embasamento técnico, porque a idade máxima em outras cidades varia de 10 a 15 anos. A idade média pode ser de 5 anos, o que permite um planejamento para a troca da frota”, diz. Para ele, o importante é cobrar que a manutenção dos carros seja feita de forma adequada, o que é mais difícil no caso da Metrobus. “Esse modelo de empresa pública para transportes está defasado, porque é difícil conseguir peças em licitações que sejam novas e no momento em que precisa. Até por isso há o interesse em alugar frota, porque a manutenção é na conta do proprietário.” O coordenador lembra ainda que não há sentido cobrar das concessionárias a idade média ou máxima dos veículos em circulação, visto que os contratos de concessão não determinam quais são esses fatores aceitos para a operação. O regulamento operacional disserta apenas que os veículos devem ser vistoriados duas vezes ao ano pela CMTC e podem operar se estiverem em condições para tal, independente da fabricação.-Imagem (1.2514833)