O município de Itapuranga, no interior de Goiás, amanheceu nesta quinta-feira (4) com uma intervenção visual organizada pela Igreja Católica da cidade para alertar sobre a Covid-19. Cruzes no jardim que representam os mortos pela doença são acompanhadas por uma faixa em que manifesta luto “pela dureza de mente e coração de muitos cristãos”.Ao POPULAR, o padre Celso Carpenedo diz que a ação foi decidida pelo conselho da igreja no momento em que a gravidade da doença contrasta com a insensibilidade da população. O município de pouco mais de 25 mil habitantes tem, até o momento, 47 mortes registradas por Covid-19. Mesmo assim, o padre relata que falta entendimento sobre a real gravidade da doença.Segundo Celso, como a igreja é central na cidade, a visibilidade foi grande já nas primeiras horas, o que causou mais de um tipo de reação. “A maioria é positiva, mas há aqueles que dizem que igreja não é o lugar para este tipo de alerta”, conta. O padre, no entanto, rebate: “São pessoas que não compreenderam o papel da igreja. A gente não pode ficar alheio a isso. A igreja tem papel de consolo, mas também o papel profético”, diz.Ao reclamar da dureza de mentes e corações, o padre diz que a igreja relembra também os ensinamentos da trajetória de Jesus. “Ele não foi omisso. O evangelho nos pede o compromisso efetivo com a vida”, defende. Para o sacerdote, essa dureza é um processo de má interpretação do evangelho “tanto na Igreja Católica, como na evangélica”. “Querem um evangelho que os anestesiem dos compromissos, que apenas conforte egos e os engrandeçam. Vivemos uma sociedade que nunca falou tanto de Deus, mas ao mesmo tempo com compromissos tão frágeis. Se fala de culto de prosperidade, mas não de compromisso, de trabalho, de defesa da vida”, aponta.(Luiz Phillipe é estagiário do GJC em convênio com a UFG)-Imagem (1.2207473)