O número de incêndios florestais em Goiás teve um aumento de 48% no primeiro semestre de 2022 quando comparado com o mesmo período de 2021. Foram 3 mil registros neste ano, contra 2,5 mil ano passado. O Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás (CBM-GO) diz que situação é preocupante e alerta para o risco da tendência continuar no segundo semestre com o agravo da estiagem em agosto e setembro.A tenente do CBM-GO, Vanessa Furquim, diz que apesar de a corporação não trabalhar diretamente com a investigação das causas do fogo, a maioria deles é resultado da ação humana. “Nem todos são intencionais. Muitas pessoas colocam fogo em um local com o intuito de fazer, por exemplo, uma limpeza e as chamas acabam se descontrolando. Mesmo assim, os impactos existem” pondera.Vanessa, que é especialista em prevenção e combate a incêndio florestal e membro da Operação Cerrado Vivo, do CBM-GO, diz que com o fim da estação chuvosa em meados de maio, o clima do Cerrado vai ficando cada vez mais favorável para o acontecimento de queimadas, já que a estiagem se agrava até o fim de setembro.O regime de chuvas é um dos fatores que influenciam o cenário. Reportagem do POPULAR publicada nesta terça-feira (19) mostrou que choveu menos em Goiânia nos primeiros quatro meses de 2022 em relação ao mesmo período de 2021. Foram 935 milímetros (mm) entre janeiro e abril do ano passado, contra 903 no mesmo período deste ano, sendo que o volume foi menor em março e abril.Isso, diz Vanessa, influencia a ocorrência de incêndios. “A diminuição da quantidade de chuvas faz com que a umidade na vegetação também seja menor com mais antecedência do que o esperado no período de estiagem. Isso pode favorecer o alastramento do fogo no caso de um incêndio florestal. Entretanto, é preciso sempre destacar que dificilmente esse fogo vai começar sozinho”, considera.Segundo semestreA tenente do CBM-GO acredita também que é possível que a tendência perigosa para a vegetação, ocorrida no primeiro semestre, se repita nos últimos seis meses deste ano. Até o dia de 18 de julho, a corporação já atendeu 948 ocorrências de incêndios florestais, o que representa 51% das 1,8 mil registradas no mesmo mês do ano passado. Vanessa esclarece que a partir do fim de julho, o número de ocorrências deve aumentar. Para se ter ideia, em agosto e setembro de 2021 o Corpo de Bombeiros fez 4,5 mil atendimentos para conter incêndios florestais. Isso representa 48% das 9,3 mil ocorrências registradas no ano passado.“Isso ocorre pelo avanço da estiagem e pelo que nós chamamos de 30/30/30: umidade relativa do ar abaixo de 30%, temperatura acima de 30° Celsius e ventos acima de 30 quilômetros por hora. Esse é o cenário perfeito para a formação e alastramento rápido de uma queimada”, explica Vanessa.RiscosAlém dos prejuízos para a fauna e a flora, a tenente destaca os malefícios que os incêndios florestais causam para a qualidade de vida da população. “Quanto menor a umidade relativa do ar, pior fica a qualidade dele também. Isso acarreta uma série de doenças respiratórias. Além disso, também existem os prejuízos materiais nas edificações que estejam próximas do fogo e sejam atingidas por eles”, explica.Operação do CBM intensifica prevençãoNo dia 13 de junho deste ano, o Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás (CBM-GO) lançou a Operação Cerrado Vivo. O intuito do projeto é, principalmente, promover a prevenção de incêndios florestais durante o período de estiagem, que vai de meados de maio até o fim de setembro. A principal frente de trabalho da corporação até agora tem sido a realização de aceiros, que é quando é feito um desbaste de um terreno em volta de propriedades, para impedir propagação de incêndios. Um dos locais onde os trabalhos estão intensificados é o Parque Estadual Altamiro de Moura Pacheco, que fica próximo de Goiânia e ao lado do Reservatório João Leite, que abastece uma parte da capital e da região metropolitana.“Também faz parte do projeto a promoção de oficinas para os proprietários rurais, especialmente aqueles que são vizinhos ao parque, sobre como fazer um aceiro e administrar um abafador, que usamos no combate direto ao fogo”, explica a tenente Vanessa Furquim, que é especialista em prevenção e combate a incêndio florestal e membro da Operação Cerrado Vivo, do CBM-GO.Vanessa esclarece que neste ano a corporação enviou uma equipe no início deste mês para as cidades de Alto Paraíso de Goiás e Cavalcante, na região da Chapada dos Veadeiros, no Nordeste do estado, que enfrentou um grande incêndio em setembro de 2021. “Não temos um quartel lá. Por isso, foi necessário enviar esses profissionais. Vamos trocando as equipes, mas permaneceremos lá até meados de outubro. O intuito é que eles possam dar uma assistência primária especializada caso algum incêndio atinja a região.Vanessa alerta também para o risco de vida que uma queimada descontrolada por causar. “Quando o incêndio acontece na margem de uma rodovia, por exemplo, existe uma grande chance de a visibilidade dos motoristas ficar comprometida e até mesmo dos veículos serem atingidos pelas chamas.”Leia também:- Goiânia completa cem dias sem chuva e Meia Ponte está em alerta- Estiagem em Goiás deve ser pior neste ano- Goiás perdeu 31 mil campos de futebol de área de Cerrado em 2021- Lei que incentiva a preservação de barragens na Bacia do Rio Meia Ponte é sancionada em Goiás-Imagem (1.2494013)