SIM // Jayme Rincon"O maior desafio é restituir a autoestima dos goianos e cumprir promessas"O governador Marconi Perillo (PSDB) promete o melhor governo da vida dos goianos. Qual será o principal desafio?O principal será recolocar o Estado no rumo do desenvolvimento que ele havia colocado nos outros dois governos. Entre todos os desafios, acho que o maior é restituir a auto estima dos goianos e cumprir as promessas de campanha.A equipe de transição pregou que vai receber o Estado com cenário de terra arrasada. E a sugestão que vem sendo apresentada são parcerias com iniciativa privada e financiamentos, ações que demandam médio e longo prazos. Até lá, vai haver condição para investimento?Vai. Acho que dentro de uma política que o governador determinou, que todos os órgãos adotassem contenção de despesas e criatividade, vai sobrar alguma coisa para investir. É óbvio que obras maiores e planos mais arrojados serão executados ao longo do mandato. Mas no primeiro dia de governo já estaremos correndo atrás.O transporte coletivo é um dos principais problemas da Região Metropolitana de Goiânia e o governador prometeu se empenhar pessoalmente para resolvê-lo. Já há previsão de ações?Procurando o setor privado, principalmente as empresas permissionárias desse sistema, tem muita coisa para ser feita. Inclusive os empresários do setor já procuraram o governador com ideias criativas. Existe hoje uma disponibilidade de recursos muito grande, só que ninguém foi atrás. O que acontece é que o trânsito hoje em Goiânia talvez seja uma das maiores causas da lentidão do transporte coletivo e aí vai ter de procurar a Prefeitura para tentar uma racionalização nesse trânsito, que está caótico. O que o segmento tem dito é que foi feito investimento em ônibus novos. Não melhoraram os terminais, não racionalizaram linhas, não houve uma participação efetiva do setor público de cobrar esses investimentos. O governador vai entrar firme nessa área.O novo governo prega um Estado eficiente e moderno, mas vai esbarrar em secretarias inchadas e na burocracia inerente ao serviço público.É óbvio que todo processo de modernização encontra alguns tipos de obstáculos. Não existe um passe de mágica. Esse governo vai entrar com o objetivo de modernizar a máquina. Isso não quer dizer que vamos desprezar o que está aí, o que for bom será aproveitado. Quando o governador fala em meritocracia é para ter o funcionário participando realmente do governo. Dias atrás me disseram o seguinte: foram tantas as contratações no governo passado que se, no primeiro dia, o governador determinar que todos batam ponto, não vão caber nos respectivos órgãos. São coisas que terão de ser analisadas caso a caso, não há solução imediata. Há intenção de reduzir comissionados?Não digo redução. Com o novo governo, esses comissionados são todos exonerados e com certeza serão contratados dentro da necessidade. Uma coisa o governador já deixou clara: não vai haver festival de contratações.NÃO // Luis Cesar Bueno"O Legislativo não pode continuar a ser tratado como uma repartição pública"Qual a expectativa da oposição para esse terceiro governo de Marconi Perillo?Desejamos sucesso e que o governador consiga cumprir seus compromissos, que não são poucos. Enquanto oposição, eleitos para desenvolver um papel de fiscalização dos atos do Executivo, vamos estar atentos tanto para apoiar as medidas que vão de encontro à necessidade do povo goiano quanto para criticar e cobrar naquilo que porventura não esteja correto.Existe um déficit de investimento nas mais diversas áreas do Estado. E também há déficit de recursos. O que o senhor poderia sugerir como caminho para o próximo governo resolver essa equação?O Estado precisa de uma reestruturação no aspecto logístico. Hoje nós temos uma carência muito grande de logística, no que tange ao aspecto de infraestrutura, de estradas que precisam ser pavimentadas, duplicadas. Novas hidrelétricas precisam ser construídas. No aspecto social muito tem de se fazer, porque os programas de distribuição de renda se reduziram praticamente ao Bolsa Família.E onde angariar recursos para isso? O senhor tem um caminho a propor?No período 1998-2005, houve no Estado de Goiás uma farra de concessão de benefícios fiscais. Esses incentivos fiscais não foram concedidos com base no processo de desenvolvimento da indústria e de geração de emprego e renda, foram concessões feitas em forma de apadrinhamentos, de forma eminentemente política. O governador Alcides (Rodrigues ? PP) reduziu consideravelmente o número de incentivos, mas mesmo assim não há uma legislação que consolide a arrecadação do Estado. Então, o governo precisa reestruturar a legislação tributária. Além disso, acredito que, com investimento em infraestrutura logística, o potencial de crescimento do Estado é muito grande. Qual tratamento o senhor espera do Executivo com o Legislativo goiano?O legislativo não pode ser tratado como uma repartição pública de segundo escalão, profundamente dependente. O Poder Legislativo tem de resgatar sua autonomia de elaborar as leis no âmbito do Estado e fiscalizar o Executivo. Então, essa resposta depende muito dos deputados. Se continuarem com a cabeça baixa, teremos um Poder Legislativo semelhante ao segundo governo do Marconi, quando a Assembleia era tratada como repartição do segundo escalão, onde até a Lei Delegada foi aprovada naquela época.O senhor acredita em grandes parcerias do governo federal com o governo estadual, lembrando as diferenças políticas entre a presidente Dilma Rousseff (PT) e Marconi?Espero que o governador tenha um bom relacionamento institucional com o governo federal. As experiências do passado não foram boas. O então governador Marconi, no exercício do mandato entre 2003 e 2005, tinha todos os seus projetos aprovados pelo presidente Lula. Entretanto, ele não foi parceiro, não fez as contrapartidas que eram exigidas nos convênios. E o relacionamento político também não foi bom.