A Polícia Federal (PF) cumpriu nesta quarta-feira (7) um novo mandado de busca e apreensão na casa de João Teixeira de Faria, de 78 anos, conhecido como João de Deus, em Anápolis, a 55 km de Goiânia. Na residência foram apreendidos documentos, extratos bancários, uma arma de fogo e munição, de acordo com o Ministério Público de Goiás.Entre os documentos estão duas carteiras funcionais, com nome e foto de João Teixeira, sendo uma como agente prisional e outra da inteligência da Polícia Militar (PM). Como não há nenhum registro de que o médium tenha atuado em qualquer um desses cargos, o Ministério Público informa que os documentos serão analisados, assim como a origem e procedência da arma.“Se for constatado que as identidades são falsas e a arma não é legal, poderá ser aberto novas acusações por porte ilegal de arma e falsidade ideológica”, explica o promotor de Justiça Luciano Miranda, que acompanhou toda a ação.A casa onde a ação aconteceu já havia sido alvo de busca e apreensão pela Polícia Civil de Goiás. A nova ação foi autorizada pelo Poder Judiciário de Anápolis, após uma nova denúncia informar que haveria armas e dinheiro na residência. Mas, de acordo com o promotor, não foi encontrado dinheiro em espécie no local.O major Samir Chaúd, porta-voz da Polícia Militar de Goiás, disse que a PM desconhece a autoria e emissão da carteira. “Este documento não é legítimo e nunca foi expedido pela PM, por isso não reconhecemos sua validade”, afirma.Chaúd relata que uma possível explicação para a existência do documento seria pelo fato de que, nas décadas de 1970 e 1980, era comum em cidades do interior que prefeitos, por exemplo, dessem essa carteira para algumas pessoas que fossem consideradas importantes.A Diretoria Geral de Administração Penitenciária (DGAP), por sua vez, informou em nota, que João não é servidor da Administração Penitenciária de Goiás. A DGAP relatou ainda que quanto à veracidade da carteira funcional de agente prisional com o nome dele “o órgão informa que só as autoridades policiais, responsáveis pelas investigações, a partir das perícias legais, poderão esclarecer”.O advogado Anderson Van Gualberto de Mendonça, que assumiu recentemente a defesa de João de Deus, declarou que não tinha conhecimento do mandado de busca e apreensão e ainda não houve intimação em relação a este caso. Segundo ele, uma das questões que serão levantadas pela defesa será em relação à arma apreendida. “A polícia já esteve em outras buscas na mesma casa e viram a arma, que estava na parede do meu cliente, e como se tratava de algo como coleção não foi levada anteriormente”, disse.Esta é a 11º denúncia em relação a João de Deus. Ele é réu em nove casos, sendo dois deles por posse ilegal de armas de fogo e munição. João de Deus está preso desde dezembro de 2018 e em todas acusações de crime sexuais nega a culpa.Áudios perdidosDois interrogatórios no qual João de Deus participou como réu terá de ser anulado e refeito, segundo informações do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO). Além disso, os depoimentos dos peritos do Instituto de Criminalística também deverão ser realizados novamente, pois os áudios estão com um ruído de fundo que não possibilita escutar o que foi dito.De acordo com a assessoria do TJ-GO, no dia 12 de julho o sistema de gravação do Fórum de Abadiânia não funcionou. De acordo com a assessoria do TJ-GO, no dia 12 de julho o sistema de gravação do Fórum de Abadiânia não funcionou. O departamento responsável informou ainda que não há como retirar o ruído e recuperar o áudio. Por este motivo, os atos da audiência precisão ser repetidos, segundo o tribunal. João de Deus já foi denunciado 11 vezes. Ele é réu em 9 casos:Cinco por crimes sexuais: dessas, duas já tiveram audiência realizada e outras duas estão com audiência marcada;Uma por crimes sexuais, corrupção de testemunha e coação: ainda não teve audiência;Uma por crimes sexuais e falsidade ideológica: atualmente está em fase de citação (comunicação ao réu);Duas por posse ilegal de armas de fogo e munição: uma já teve audiência realizada, e o TJ não deu detalhes sobre o outro caso.