A família da estudante Auane Camargo Lemos, de 19 anos, diz que a jovem morreu, no domingo (24), de uma infecção no fígado após o Hospital de Urgências de Anápolis (Heana), local onde ela estava internada há 18 dias, não fazer uma cirurgia para tratar o quadro clínico. Tatiane Camargo, tia da jovem, fez um boletim de ocorrência e a Polícia Civil de Goiás (PC-GO) investiga o caso para saber se houve negligência médica.A mulher conta que a sobrinha estava há alguns dias com dores abdominais e começou a procurar atendimento médico. Ela chegou a fazer alguns exames e sempre era liberada. A mãe da jovem, Sueli Camargo, preocupada com o estado da filha, resolveu pagar uma consulta particular e foi solicitado uma internação e aplicação de medicamento. Caso não resolvesse, deveria colocar um dreno ou fazer uma cirurgia. No Heana, Tatiane diz que a equipe médica dava poucas informações e as visitas eram feitas apenas três vezes na semana. Auane deu entrada no hospital no dia 6 de julho e na data seguinte, foi transferida para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e morreu no dia 24 de julho. “Ela era uma paciente estável, consciente e conversava com a gente”. A tia conta que sempre questionava aos médicos sobre os exames e a cirugia e a equipe dizia que estava esperando para fazer um outro exame, “pois o primeiro não tinha dado certo”. A família então foi até a direção do hospital e disse que iria denunciar o local, então, eles repetiram o exame, mas não chegaram a entregar o laudo para a mãe da jovem. Tatiane relata que a sobrinha teve uma piora na sexta-feira (22), pois segundo ela, os médicos começaram a retirar uma medicamentação no dia anterior. No sábado (23), os médicos pediram que a mãe fosse até o local ver a filha e elas chegaram a conversar. Auane disse para a mãe se cuidar, pediu um abraço e perguntou se ela a amava. Então, foi dito que a jovem teria que ser entubada.No mesmo dia, já no período da tarde, em horário de visita, a mãe voltou ao hospital e, ao ver a filha entubada e com inchaço na barriga, perguntou aos médicos o motivo de não terem feito a cirurgia. Segundo Tatiane, a resposta que tiveram foi de que no local não são realizadas cirurgias.A certidão de óbito de Auane Camargo consta que ela morreu de choque misto (séptico e hemorrágico), distúrbio de coagulação e abscesso hepático (infecção no fígado), que podem ter sido causada pela doença de Lúpus.Em nota, o Heana afirma que não houve negligência médica no atendimento e em que momento algum a paciente recebeu indicação cirúrgica.Confira a nota do Hospital de Urgências de Anápolis (Heana):Sobre os questionamentos a respeito das circunstâncias que envolveram o óbito da paciente Auane Camargo Lemos, a Fundação Universitária Evangélica (FUNEV), gestora do Hospital Estadual de Anápolis Dr. Henrique Santillo, esclarece que em momento algum houve negligência no atendimento.A paciente deu entrada no Heana no dia 06 de julho de 2022. No dia 07 de julho, com o quadro agravado, a paciente foi transferida para unidade de terapia intensiva da unidade.Além de todos os exames realizados na unidade, nos dias 11 e 20 de julho, a paciente realizou exame específico (Colangiorressonância) em unidade externa, para aprofundamento da investigação médica, permanecendo em todo momento aos cuidados da equipe do Heana.No dia 23 de julho, a paciente sofreu queda do estado geral, de imediato, a equipe da UTI realizou todos os procedimentos para melhora do quadro, sem sucesso. O quadro era considerado gravíssimo.No dia 24 de julho, a paciente permanecia em estado gravíssimo, sofreu assistolia (baixa atividade cardíaca), e evoluiu a óbito.A Funev esclarece que todo atendimento foi realizado em observância rigorosa dos protocolos médicos, a paciente foi assistida por todos os especialistas necessários, sendo realizado todos os exames e realizado todo tratamento indicado em cada momento de sua internação.Destaca-se ainda que a paciente era portadora de doença autoimune, a queixa de admissão da paciente, tem relação com a agudização da polimiosite, doença autoimune de base, e que as investigações sobre possíveis lesões hepáticas foram feitas e serviram para descartar complicações em tal órgão, sendo mantido tratamento não cirúrgico do ponto de vista hepático. Em relação a polimiosite e a PTI (púrpura trombocitopênica idiopática), o acompanhamento e tratamento adequado foi feito juntamente com a hematologia.Reiteramos que a paciente não teve indicação cirúrgica em nenhum momento, e seguiu sempre com avaliação contínua das equipes especializadas.Os familiares tinham ciência da gravidade do quadro de saúde da paciente, principalmente pela doença pré existente, sendo informados sobre isso.Sentimos muito pela morte precoce da paciente e acolhemos a dor da família. Diariamente, vivenciamos situações como essa e sabemos o quão dolorosa é a perda de um ente querido.A Funev reforça a transparência em suas ações e está sempre disponível para esclarecimentos.Leia também:- Câncer de cabeça e pescoço pode alcançar até 90% de cura com diagnóstico precoce- Bebê é encontrada morta em lote baldio de Luziânia