O juiz Jesseir Coelho de Alcântara, da 4ª Vara dos Crimes Dolosos Contra a Vida e Tribunal do Júri, declarou suspeição e não continuará atuando no julgamento do caso do assassinato do jornalista Valério Luiz de Oliveira, morto em julho 2012, em Goiânia. O magistrado alegou motivos de foro íntimo para não prosseguir com o caso. "Por motivo de foro íntimo, dou-me por suspeito de continuar atuando no feito nadando contra a maré para concretização do júri popular, batendo contra todo o sistema processual, ou seja, Diretoria do Foro, Ministério Público e Defesa. Fiz tudo o que pude, mas esbarrei em óbices fora do meu alcance para que a sessão do júri fosse realizada a contento", escreveu na decisão a qual o Jornal O POPULAR teve acesso. Procurado, o juiz não quis comentar. Ainda na decisão, ele explica que caberá à presidência do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO) nomear outro juiz para dar prosseguimento ao julgamento. Em outubro deste ano, Jesseir Alcântara decidiu pelo desmembramento do julgamento dos acusados pela morte de Valério Luiz em três sessões distintas. A medida foi alternativa encontrada para a realização de júri, considerado de grandes proporções, diante do entendimento de que Fórum Cível não tem estrutura física adequada para receber o julgamento, mas o Ministério Público se pronunciou contra a decisão.O advogado Valério Luiz, filho do jornalista, disse ao Popular que encaminhará, nos próximos dias, petição ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e à Comissão Interamericana de Direitos Humanos para que a presidência do TJ-GO dê celeridade à definação do novo juiz e disponibilize estrutura adequada para realização do júri o quanto antes."Já não tem mais empecilho processual para o julgamento se realizar. Agora está sob responsabilidade do presidente do TJ-GO determinar a realização do júri", disse. Segundo o advogado, a petição reunirá assinaturas de entidade que defendem os direitos humanos e a liberdade de imprensa. CrimeO jornalista Valério Luiz de Oliveira Filho foi morto em 5 de julho de 2012. Por volta do meio-dia, ele saía de uma rádio, no Setor Serrinha, em Goiânia, e foi atingido por seis tiros. São acusados pelo crime Marcus Vinícius Pereira Xavier, Urbano de Carvalho Malta e Djalma Gomes da Silva, apontados como articulares do homicídio; Ademá Figuerêdo Aguiar Filho, que responde como o autor dos disparos; e o empresário Maurício Borges Sampaio, ex-presidente do Atlético Clube Goianiense, apontado como o mandante.Investigações apontaram que o crime teria sido motivado por comentários feitos por Valério sobre o referido clube de futebol, que teriam desagradado o dirigente.