A justiça decretou a prisão preventiva dos policiais envolvidos na ação, no povoado de Rio Preto, Zona Rural de Cavalcante na região Nordeste do Estado, que terminou com a morte de quatro pessoas em 20 de janeiro deste anoA decisão atende um requerimento do Ministério Público de Goiás (MPGO), que pediu a reclusão do sargento Aguimar Prado de Morais, sargento Mivaldo José Toledo, cabo Jean Roberto Carneiro dos Santos, soldado Welborney Kristiano Lopes dos Santos, cabo Luís César Mascarenhas Rodrigues, soldado Eustáquio Henrique do Nascimento e soldado Ítallo Vinícius Rodrigues de Almeida. Todos lotados no 14º Batalhão da Polícia Militar do Estado de Goiás.Quatro mortos durante ação policial em Cavalcante (GO)De acordo com a investigação, após uma denúncia anônima de tráfico de drogas, os policias foram ao local e ação culminou na morte dos suspeitos. À época, nas redes sociais, moradores do distrito de São Jorge, município de Alto Paraíso, lamentaram o ocorrido. Segundo populares, os mortos, Salviano Conceição, Osanir Batista da Silva (Jacaré) e Antonio Fernandes da Cunha (Chico Kalunga), eram moradores e pessoas queridas da comunidade. O quarto suspeito morto, Alan Pereira Soares, era morador de Colinas do Sul. Ao POPULAR, o irmão de um dos mortos relatou que o familiar estava em sua propriedade para realizar a colheita do milho, devido ao período de estiagem após intensas chuvas na região da Chapada dos Veadeiros. Ele estava acompanhado de Chico, outro morto na ação. Segundo ele, Ozanir Batista da Silva, conhecido como Jacaré, de 47 anos, comprou metade da propriedade de Salviano, um dos suspeitos mortos, há 15 anos. E que o irmão era uma pessoa trabalhadora e sem antecedentes criminais.Pedido de prisãoO MPGO realizou o pedindo afirmando que que as medidas cautelares diversas da prisão “não são suficientes para resguardar a ordem pública nem garantir a normal instrução criminal no caso. Afirmou também que a narrativa dos fatos, apresentada pelos policiais militares no registro de atendimento integrado (RAI), não encontra amparo nas provas documentais, periciais e testemunhais que estão no inquérito policial (IP)”, instrui. InvestigaçãoO inquérito policial ainda está em fase final de conclusão pela Delegacia de Investigação de Homicídios, em Goiânia. Segundo o IP, a versão dos policiais militares é de que foram até o local do crime para apurar suposta denúncia de tráfico de drogas. Eles ainda afirmaram que “encontraram grande quantidade de pés de maconha e que sete pessoas que lá estavam não obedeceram aos comandos de rendição e efetuaram disparos de arma de fogo, aponta o registro”. O relato dos policiais detalhe que os PMs revidaram, o que provocou a morte de quatro pessoas, enquanto outras três conseguiram fugir. A investigação levantou 58 disparos efetuados pelos policiais. População contestaNo entanto, a versão é amplamente contestada pela população local. Moradores dizem que vítimas eram pacíficas e não acreditam na versão da polícia. No dia, a ação contou com 2 equipes da corporação, uma do Grupo de Patrulhamento Tático (GPT) e outra do patrulhamento local. No total, 8 policiais militares participaram da ação. Após o confronto as vitimas foram levadas para o Hospital de Colinas do Sul, mas não resistiram aos ferimentos.PeríciaPerícia realizada pela Superintendência de Polícia Técnico-Científica encontrou apenas 5 estojos de munição no local. Na área onde ocorreu a ação, de 4 metros quadrados, foram encontradas 11 espécies de plantas, das quais 4 eram de maconha.O ministério público ainda ressalta que, levantamento em investigação própria, testemunhas foram procuradas por alguns dos militares envolvidos “em nítida tentativa de intimidação e ameaça, o que caracterizaria a necessidade da prisão preventiva para garantir a normal instrução criminal, bem como para resguardar a integridade física e psicológica das testemunhas”, argumenta.-Imagem (1.2390414)