Após pedido do Ministério Público de Goiás (MP-GO), a Justiça determinou o bloqueio no valor de R$ 2,1 milhões em bens do médico Márcio Antônio Souza Junior, acusado do crime de racismo contra seu funcionário na cidade de Goiás. O caso veio à tona após a divulgação de um vídeo em que o médico mostra o homem com os pés e mãos acorrentados enquanto diz que “o jovem não quis estudar e vai viver na senzala”.O fato ocorreu em fevereiro deste ano quando, conforme a denúncia do MP-GO, Márcio usou a internet para “divulgar uma cena que remonta ao período escravocrata brasileiro, com a objetificação do ser humano em razão da cor da pele, da raça e da condição social.”Após a intensa repercussão negativa das cenas e do início da investigação policial, o médico de Goiás gravou um vídeo pedindo desculpas e se referindo ao vídeo como uma “brincadeira sem graça e irresponsável”.Leia também:Indiciado médico de Goiás que acorrentou funcionário em “vídeo de brincadeira”Polícia apreende grilhões que médico de Goiás usou em funcionário para gravar vídeoBloqueio de bensEm meados de março deste ano, a Polícia Civil de Goiás concluiu o inquérito contra Márcio e o indiciou pelo crime de prática, incitação ou induzimento de preconceito ou discriminação de raça, etnia ou cor.Já no último dia 23 de maio, o MP-GO ofereceu denúncia contra o médico. No entanto, o órgão destaca que o pedido de arresto (bloqueio) de bens foi realizado antes mesmo do oferecimento da denúncia, "diante do risco de blindagem patrimonial e consequente frustração dos fins da pena".Segundo o MP-GO, foi providenciado um levantamento minucioso “de todos os bens de Márcio Antônio com o objetivo de garantir o pagamento de eventual aplicação de penas restritivas de direito de cunho patrimonial, como a perda de bens e valores e a prestação pecuniária, a multa penal, o valor mínimo de indenização pelo dano moral coletivo e custas processuais.”O órgão informou ainda que o arresto prévio dos bens do médico foi deferido no dia 6 deste mês, "com o bloqueio de sete imóveis em seu nome encontrados na comarca de Goiás – três urbanos e quatro rurais". Para a promotoria, o pedido foi necessário pois os imóveis "estão com valores desatualizados nos registros oficiais, sendo que, no processo de inscrição de hipoteca legal, os bens serão devidamente avaliados e a constrição patrimonial (bloqueio) será mantida somente até o limite do valor das obrigações penais".A reportagem do POPULAR entrou em contato com a defesa de Márcio Antônio sobre o caso. Por meio de nota, o advogado Pedro Paulo de Medeiros lembrou que seu cliente já se desculpou pela situação mostrada no vídeo e que nunca "houve intenção de provocar ou enaltecer qualquer forma de discriminação".Veja abaixo:"Nota de resposta - Márcio Souza JrA defesa de Marcio Souza Jr. reafirma a posição já divulgada pelo próprio Márcio em diferentes manifestações, entre elas em vídeo nas redes sociais, no qual se desculpou pela brincadeira de mal gosto feita por ele e seu amigo, que acabou sendo mal recebida pelo comunidade. Nunca houve intenção de provocar ou enaltecer qualquer forma de discriminação, ainda mais porque tem berço e raízes na cidade de Goiás, pelo que se orgulha de manter a cultura e o respeito à história da comunidade negra em Goiás, com sua família.Respeita a posição do Ministério Público, contudo provará que nunca foi sua intenção agir da forma como entendeu o promotor. A questão será decidida pela Justiça. Pedro Paulo de MedeirosAdvogado de defesa"