A Justiça de Goiás atendeu, nesta quinta-feira (16), um pedido do Ministério Público e suspendeu, em caráter liminar, a realização dos shows de sertanejos que custariam R$ 1,59 milhão aos cofres do município de Cachoeira Alta, a 355 quilômetros de Goiânia. O "Juninão do Trabalhador" estava previsto para acontecer entre 16 e 19 de junho.O desembargador Amaral Wilson de Oliveira aceitou pedido do MP-GO, realizado na última sexta-feira (10), e determinou multa diária de R$ 50 mil, em caso de descumprimento da decisão. A publicação salienta que o valor tem grande proporção para a cidade, que tem cerca de 12,8 mil habitantes.Amaral Wilson também citou “indícios de irregularidades nas referidas contratações” e ressaltou a situação econômica e sanitária do Brasil. “Importante lembrar que o país, estados e municípios vêm se recuperando de um momento de recessão, causado pela Pandemia da Covid-19, ainda havendo crescentes da doença.”Uma outra decisão havia liberado a realização do evento, considerando que o município alegou estabilidade financeira e aplicação da verba mínima nas áreas de educação e saúde. Na publicação desta quinta, o desembargador questionou a decisão anterior.Ele argumentou que o suposto investimento mínimo de recursos “não deveria ser justificativa para tamanhos gastos em outra área que, apesar de muito importante e merecer o seu respaldo e garantia, no atual momento, não necessita de investimentos em um montante tão significativo.”Leia também:• Cachês milionários entram na mira do MP e causam série de cancelamentos de shows• Em live, Gusttavo Lima chora e diz que “não compactua com dinheiro público”Crédito para investimentoO pedido do MP-GO, de autoria do promotor de Justiça Lucas Otaviano da Silva, cita um Projeto de Lei (PL) da Prefeitura de Cachoeira Alta que pediu liberação de crédito de R$ 11 milhões para investimentos no município. O PL acabou sendo modificado e autorizando operação de crédito de R$ 6 milhões para a Prefeitura.O dinheiro seria destinado à compra de uma usina solar, modernização da rede de energia, compra de terrenos para construção de prédios públicos, reforma de imóveis, recapeamento e pavimentação de vias. A lei, segundo o MP, permitiu a concessão de receitas tributárias do município para garantia da operação.Lucas Otaviano sustenta que, ao mesmo tempo em que contrata uma enorme dívida, o município pretende gastar com festas o equivalente a 25% desse empréstimo. O promotor também argumento, no início deste ano, o prefeito expediu o Decreto 43/2022, que tratou de medidas de contenção de despesas por causa da queda das receitas do município. Entre elas, estavam a suspensão de recepções, homenagens, solenidades e eventos que acarretassem aumento de despesas.O que disse a prefeituraNo início das investigações, o prefeito Rodrigo Mendonça contestou as acusações, alegando que o evento movimentaria a economia da cidade com as vendas no comércio local. Questionado sobre o pedido do MP, na semana passada, Rodrigo enviou publicações que divulgam eventos em outros municípios.Ele alegou que “nenhum” outro evento em Goiás foi contestado até agora. “Estamos sendo o bode expiatório. Os valores de shows não tem nem atravessadores e foi feito direto com os cantores”, disse.Veja abaixo o valor de cada atração durante o festejo:Barões da Pisadinha: R$ 400 mil;Empresa de produções culturais: R$ 358 mil;Leonardo: R$ 310 mil;Rio Negro e Solimões: R$ 150 mil;Padre Alessandro Campos: R$ 135 mil;Di Paulo e Paulino: R$ 85 mil;Empresa de segurança: R$ 76,8 mil;João Vitor e Ruan: R$ 22 mil;Dupla Max e Luan: R$ 50 mil;