-Imagem (Image_1.2375956)A Justiça determinou que o Hospital de Urgências de Goiás (Hugo) informasse à mãe do morador de rua baleado por policiais militares na Praça do Sol, em Goiânia, o estado de saúde do mesmo. O desempregado Divair Nunes da Cruz, de 28 anos, foi atingido por quatro de oito tiros disparados contra ele na noite do dia 9 de dezembro e desde então encontra-se internado na UTI do Hugo em estado considerado muito grave.A PM alega que Divair foi abordado após quebrar o farol de uma viatura e estava bastante alterado, com duas facas nas mãos, e que entrou em luta corporal com um policial, ferindo-o. Laudo médico aponta que o policial sofreu “leves escoriações” no cotovelo e no braço. Já o morador de rua teve perfurações por ama de fogo e fraturas na perna esquerda e tíbia direita.Após a ocorrência, Divair teve a prisão preventiva decretada pela Justiça e responde a um inquérito por tentativa de homicídio. Imagens de câmeras de segurança de prédio vizinho não mostram ele quebrando o farol nem agredindo o policial, porém algumas árvores impedem uma melhor visualização da cena.O morador de rua era conhecido da vizinhança e visto como uma pessoa tranquila. Reportagem publicada pelo POPULAR mostrou que nos últimos três anos Divair foi abordado por policiais militares 17 vezes, sem justificativa e sem nada ter sido encontrado de ilegal ou suspeito com ele. Um primo conta que em uma das vezes ele teve o pulso quebrado.No pedido feito à Justiça, a dona de casa Selmícia Nunes de Oliveria da Cruz, de 50 anos, afirma que não consegue informação sobre o filho, “tendo por diversas vezes o absurdo de ter recebido informações primeiro pela mídia”, segundo afirma o advogado que assina a petição.O advogado Jean Carlos Batista Moura, que representa a família de Divair na Justiça, diz que o Hugo se justifica dizendo que não tem autorização para repassar dados de pacientes sob custódia do Estado. “O hospital requerido apenas encaminha os familiares a buscarem informações na delegacia, o que é um absurdo!”, escreveu Jean na petição.“As informações que, com muita dificuldade, chegam aos familiares são sempre conflitantes e foram negadas pelo Requerido sob justificativa de impossibilidade de repasse em razão do paciente ter contra si um mandado de prisão expedido”, escreveu o advogadoAlém de acompanhar a situação do filho, a dona de casa alega que a ciência sobre o estado de saúde pode ajudar na defesa dele, pois, segundo ela, Divair tem contra si uma acusação, “no mínimo, duvidosa”.A assessoria do Hugo afirma que a direção já respondeu à determinação da Justiça e que Divair segue em tratamento sem previsão de alta. “O hospital ressalta que presta todas as informações aos familiares cadastrados e presta integral assistência. O paciente está acompanhado de escolta policial e em virtude de infecção por germe multiresistente não são permitidas visitas nem acompanhantes”, informou ao POPULAR.