O juiz Lourival Machado da Costa negou pediu da defesa do empresário Maurício Borges Sampaio para adiar o júri do caso Valério Luiz marcado para o dia 13 de junho. O advogado Luiz Carlos Silva Neto argumentou que no mesmo dia precisaria estar no Rio de Janeiro acompanhando a audiência de instrução e julgamento de um policial militar cliente seu acusado de tentar matar turistas estrangeiros em agosto do ano passado. Entretanto, segundo o magistrado – e conforme O POPULAR mostrou na terça-feira (7) –, o advogado omitiu documentação mostrando que ele assumiu o caso no Rio no dia 31 de maio, quando ambas as audiências já estavam agendadas.No Rio, o cliente de Silva Neto é o policial militar Gabriel Paixão Baptista, preso em dezembro de 2021 sob acusação de ter tentado matar quatro turistas estrangeiros e um guia brasileiro na saída de uma boate quatro meses antes a pedido de um suposto miliciano. A audiência marcada para o dia 13 é continuação da que foi iniciada no dia 2 de maio e serve para que a Justiça decida se o réu será pronunciado ou não pelo crime.Valério Luiz foi morto em 2012O jornalista Valério Luiz de Oliveira foi morto aos 49 anos quando saía da emissora de rádio em que trabalhava, na manhã do dia 5 de julho de 2012, no Setor Serrinha, em Goiânia. O júri do caso foi adiado quatro vezes, sendo que na última, no dia 2 de maio, o adiamento ocorreu após o abandono dos advogados de Sampaio no meio da sessão, alegando discordarem da presença de Costa à frente do processo.O magistrado goiano também alega que o júri foi agendado primeiro que a audiência no Rio, apesar de ambas terem sido marcadas, coincidentemente, na mesma data. “A decisão proferida por este juízo onde foi redesignada a data da sessão de julgamento se deu no período da manhã, ao passo que o despacho que designou a audiência de instrução e julgamento (no Rio) foi no período noturno”, escreveu na sentença.Silva Neto citou em seu pedido um artigo do Código de Processo Penal (CPP) que trata de organização das pautas de julgamentos, alegando com isso que teria prioridade a audiência do policial militar, por estar preso. Porém, segundo o juiz, este artigo trata meramente da organização de audiências pela Justiça e no caso envolvendo Sampaio e o PM deve prevalecer a audiência que foi marcada primeiro.Por fim, o magistrado lembra que Sampaio está assistido por mais de um advogado. Além de Silva Neto, consta no processo o nome de Bruno Franco Lacerda Martins, que poderia representar o empresário no júri. “Portanto, não se encontra presente nenhum fundamento legal que ampare o pleito de adiamento da sessão de julgamento”, afirmou.Antes da decisão, o Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) também havia se posicionado contra o adiamento, alegando que a defesa de Sampaio já sabia desde o dia 2 de maio da nova data do júri e que Silva Neto assumiu o novo caso apenas no dia 31 de maio, sabendo que haveria conflito na agenda.“Ciente da sessão plenária e, a todo o instante buscando formas de adiar o julgamento, sejam elas por vias processuais, recursos ou ao arrepio da lei, como o abandono do Plenário, em mais uma tentativa de manobra de adiamento, literalmente ‘arranjou’ um cliente com audiência marcada para o mesmo dia da sessão de julgamento em questão. Não satisfeito, vem agora pedir adiamento. Observa-se a manobra processual do advogado, que omitiu a documentação de entrada no processo no Rio de Janeiro - o que deixaria claro que era atitude de má-fé processual - para dar roupagem de uma justificava legal, a fim de requerer a redesignação da sessão de julgamento nesta Capital”, afirmou no MP-GO em seu posicionamento. Defesa de Sampaio diz que não vai a júri Em entrevista coletiva à imprensa na segunda-feira (6), a defesa de Sampaio afirmou que não compareceria no júri marcado para o dia 13 e que além do pedido de adiamento iria entrar com uma notícia-crime contra o magistrado responsável pelo julgamento afirmando que ele agiu de má-fé na condução do depoimento de um dos réus, o comerciante Marcus Vinícius Xavier, que teria fornecido a moto usada pelo assassino e que confessou a participação dele e dos outros.Antes da coletiva, a estratégia da defesa de Sampaio estava em questionar a imparcialidade do juiz responsável pelo júri, alegando a existência de uma “inimizade capital” entre ele e o empresário, entretanto a reclamação feita no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) já foi arquivado e o pedido de suspeição protocolado no Judiciário segue o mesmo caminho, com manifestações contrárias aos argumentos da defesa. Além de Sampaio e Xavier, acusado de ter encomendado a morte de Valério Luiz, outras três pessoas respondem pelo crime: o sargento reformado da PM Ademá Figueredo, apontado como o autor dos disparos, o empresário Urbano Malta e o sargento da PM Djalma Gomes da Silva.Leia também: Defesa de Maurício Sampaio assumiu no final de maio caso que pode adiar júri em GoiâniaDefesa de Maurício Sampaio diz que não vai a júri no dia 13