A Justiça negou nesta semana mais dois pedidos de adiamento do júri dos cinco réus acusados de envolvimento na morte do jornalista Valério Luís de Oliveira, previsto para ocorrer na próxima segunda-feira (2). Desde quando o julgamento foi adiado pela terceira vez, no dia 14 de março, já foram sete pedidos negados para o empresário Maurício Borges Sampaio, de 63 anos, apontado como o mandante do crime, e agora também há uma recusa a um pedido de liminar feito pela defesa do sargento da PM Ademá Figueredo Aguiar Filho, suposto autor dos tiros que mataram a vítima, então com 49 anos, no dia 12 de junho de 2012.Nesta semana, o sargento entrou com um habeas corpus alegando que a ação penal é nula por “flagrantes ilegalidades” durante a tramitação do inquérito e citou como exemplo: delação anônima, oitiva dos suspeitos na delegacia sem a advertência do direito ao silêncio, e reconhecimento por fotografia em desconformidade com a legislação. Também alega que nenhuma testemunha apontou seu envolvimento no crime e que a citação feita por outro réu citando-o é “contraditória e insuficiente para amparar a pronúncia”. Além da suspensão do júri, Ademá pede que seu nome seja retirado do processo.O desembargador Ivo Favaro, ao negar o pedido, lembra que Ademá entra com um pedido “na iminência da sessão plenária”, negando a autoria do crime, mas usando um mecanismo que não “é a via adequada para apreciação da matéria que enseja análise de provas e deve ser enfrentada na ação de conhecimento”. Também afirma que os réus terão a chance de se defender durante o julgamento. “Não há demonstração mínima de vício capaz de invalidar o que já está decidido e propiciar suspensão da sessão marcada”, afirmou.Acusação contra o juizNesta terça-feira (26), o desembargador também avaliou um novo pedido feito pela defesa de Maurício Sampaio, dentro do processo no qual o empresário acusa o juiz Lourival Machado da Costa, responsável pelo julgamento, de parcialidade e pede o afastamento do mesmo. Após coletiva na qual anunciou que entraria com uma queixa contra o juiz no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o advogado Luiz Carlos Silva Neto apresentou a acusação também no Judiciário.Silva Neto volta a pedir o adiamento do júri alegando que teria conseguido provas de que o juiz nutre uma inimizade contra Maurício desde o final dos anos 90. No começo de abril, ele havia apresentado uma série de argumentos contra o magistrado alegando como o fato mais antigo uma suposta partida de futebol na Associação dos Magistrados do Estado de Goiás (Asmego) na qual o empresário era o técnico do time no qual atuava Lourival e este não gostou quando foi substituído.Agora, o advogado diz que o juiz era sócio de uma irmã em um escritório de advocacia nos anos 90, antes de ingressar no Judiciário como juiz, e este escritório entrou com uma ação contra dois irmãos de Sampaio em nome de um banco. Neste processo um apartamento dos irmãos foi penhorado a favor do cliente do escritório e Maurício figurava como coproprietário deste imóvel.Em sua decisão negando o pedido da defesa, o desembargador afirma que a suposta irregularidade pelo fato de Lourival estar em um quadro societário do escritório de advocacia “em nada influencia a ação penal em curso e não é motivo plausível para afastá-lo da direção do feito em questão”. Além disso, não haveria nenhum elemento que sustente a suspensão da sessão marcada para o dia 2.Esse processo pedindo a suspeição de Lourival segue tramitando no Judiciário. O juiz já apresentou sua defesa dizendo que não tem nenhuma inimizade em relação a Maurício e que não procedem as acusações feitas pela defesa. Ele também nega que tenha participado de alguma partida de futebol em que o empresário fosse técnico do time. A defesa de Maurício não apresentou provas deste jogo.Além de Maurício e Ademá, respondem pelo crime o sargento reformado da PM Djalma Gomes da Silva, o empresário Urbano de Carvalho Mota e o comerciante Marcus Vinícius Pereira Xavier.Valério foi morto a tiros quando saia de uma emissora de rádio na qual trabalhava no Setor Serrinha. O empresário teria mandado mata-lo por conta das críticas que ele fazia aos dirigentes do Atlético Goianiense, time no qual Maurício já foi presidente e era diretor na época do crime.-Imagem (1.2418895)