A Justiça determinou a suspensão de todos os contratos firmados pela Prefeitura de Taquaral, no centro de Goiás, para a realização do Rodeio Show no município. O evento, até então previsto para começar nesta quinta-feira (1º), seria custeado com dinheiro público. Caso haja descumprimento da liminar, o prefeito Hélio Gontijo deverá pagar multa pessoal de até três vezes os valores pagos até o momento para que o Rodeio Show fosse concretizado.A recomendação da Promotoria de Justiça informou que o município deixou de apresentar respostas às solicitações quanto ao montante total da destinação de verbas públicas para custeio da organização e/ou realização do evento, a indicação da fonte de custeio e a dotação orçamentária utilizada.Lucas César Ferreira, em ação civil pública proposta contra o município e as quatro empresas responsáveis por shows de artistas sertanejos. O objetivo, segundo o Ministério Público, foi impedir o repasse de recursos públicos para esse tipo de evento festivo, "tendo em vista a situação financeira do município".Assim, a decisão foi amparada no fato de que a quantia de R$ 800 mil investida no evento representa um "vultoso montante" em um município pequeno, com aproximadamente 4.500 habitantes. A liminar também diz que, "ao que tudo indica, a administração pública possui problemas na efetivação e prestação dos serviços públicos essenciais".A decisão também contempla o fato de que a conduta do município demonstraria uma tentativa de se esquivar das responsabilidades e uma tentativa de postergar a apresentação da documentação solicitada em data posterior a realização do evento. Por fim, foi considerado que não foi identificada uma demonstração adequada doatendimento ao interesse público com a realização do evento, "notadamente custo-benefício, seja social ou econômico. Além disso, não foi apresentado qualquer estudo ou análise técnica que demonstre ganhos sociais ou econômicos líquidos com a realização das festividades.Sobre as deficiências do município, o juiz Renato César Pinheiro destacou que o Ministério Público levou aos autos argumentos de insuficiência de serviços essenciais relacionados a saúde pública, como precariedade no fornecimento de medicações, e ao transporte escolar, elucidando a precariedade da frota municipal. Foi mencionado, por fim, que o município também não oferece creche para as crianças. Sobre a questão do lazer foi feita a seguinte consideração: "Friso que não se desconhece que o lazer é direito de todos e deve ser assegurado fomentado, principalmente em datas quando tradicionalmente a comunidade se reúne paracomemorações. Todavia, também deve-se observar que os gastos devem guardar correlação com a realidade financeira e orçamentária da cidade".A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Taquaral, mão não houve retorno até o momento. O espaço permanece aberto.CPI do sertanejoRecentemente uma polêmica tem repercutido no mundo sertanejo em relação a shows contratados por prefeituras de cidades pequenas. Os pedidos na internet pela 'CPI do Sertanejo' começaram depois que o cantor Zé Neto, que faz dupla com Cristiano, disse em um show que não precisava da Lei Rouanet, que é uma verba pública, e tecer críticas destinadas à cantora Anitta. Os fãs da cantora passaram então a pesquisar os valores pagos pelos munícipios e as formas de pagamento. Desde então, shows estão sendo cancelados em várias cidades.Leia também:- Justiça suspende pagamentos públicos em contratos para realização do rodeio show de Vianópolis- Justiça suspende realização de shows na exposição agropecuária de Formosa- MP pede suspensão de contratos de R$ 759 mil para shows na Expoagro, em Formosa