Luziânia está entre as 20 cidades brasileiras com mais homicídios no Brasil. Segundo o último Atlas da Violência, divulgado este mês, a cidade do Entorno do Distrito Federal (DF) teve uma taxa de 84,8 assassinatos a cada 100 mil habitantes, ficando na 14ª posição do ranking nacional. Os dados são de 2016, os mais recentes do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), fonte considerada mais confiável por especialistas. Outras duas cidades goianas que apareceram nesse mesmo ranking foram Senador Canedo na 37ª posição e Formosa na 45ª. Estatísticas da Secretaria de Segurança Pública (SSP-GO) mostram queda no número de homicídios depois de 2016. Luziânia é a quinta cidade mais populosa de Goiás, com cerca de 119 mil habitantes, e teve um crescimento urbano desordenado desde a criação de Brasília, tendo sido desmembrada em novos municípios no final do śeculo passado, como Novo Gama e Valparaíso. “É uma cidade espalhada”, descreve o promotor Ricardo Rangel, da promotoria de homicídios de Luziânia. Ele cita como exemplo a região do Jardim do Ingá, periferia da cidade que chega a fazer divisa com outros municípios, de tão longe que é da região central. “A maioria dos homicídios acontecem naquela região”, aponta o promotor, destacando que a área tem maior carência. Titular do Grupo de Investigação de Homicídios (GIH) em Luziânia, o delegado Maurício Passerini diz que a maior parte dos homicídios da cidade são motivados por desavenças entre grupos criminosos que acabam gerando novas mortes em situações de vingança. “São grupos pequenos, não necessariamente ligados ao tráfico, mas a roubos e assaltos a ônibus também”, conta. O delegado cita como exemplos casos de dívida de drogas, traições internas dentro desses grupos e até desentendimento na divisão de produtos roubados entre os criminosos. Ele também define Luziânia como uma “cidade espalhada”. “Parece que cada bairro é uma cidadezinha dentro da cidade.”Problema socialO Atlas da Violência revela que ao mesmo tempo que Luziânia se destaca no índice criminal, ela também se sai mal em índices sociais. A cidade tem o 19º pior atendimento educacional para crianças de até três anos de idade e é a 29ª com maior porcentagem de adolescentes que engravidaram (veja quadro). “A desigualdade social é um fator muito relevante”, diz a socióloga Nájla Franco Frattari, que é pesquisadora do Núcleo de Estudos Sobre Criminalidade e Violência da Universidade Federal de Goiás (Necrivi). Frattari defende que o aumento de homicídios pode ser explicado por vários fatores e não apenas pelo tráfico de drogas, que seria uma explicação simplista dada frequentemente. “O tráfico se insere em territórios vulneráveis. Sem oportunidade, jovens são cooptados pela criminalidade. São territórios onde a própria Secretaria de Segurança Pública se faz pouco presente, a não ser com ações pontuais de repressão”, diz.No início do ano passado, o então governador Marconi Perillo (PSDB) chegou a pedir para o Ministério da Justiça apoio da Força Nacional em Luziânia, mas mudou de ideia poucos dias depois e decidiu enviar força especiais do Estado para a cidade. Uma unidade das Rondas Ostensivas Táticas Metropolitana (Rotam) foi instalada no município. A ação coincide com o aumento de mortes por intervenção policial, que passaram de uma em 2016, para sete em 2017, segundo dados da SSP-GO. -Imagem (1.1558895)