Uma infinidade de dramas familiares surge a cada dia provocada pela pandemia da Covid-19. Não apenas histórias de perdas, de pessoas que não conseguiram resistir à força do coronavírus (Sars-CoV-2), mas padecimentos gerados pelas sequelas da doença. Como consequência, o abalo nas estruturas emocional e econômica familiares. No lar do casal Gláucio Divino da Silva, de 41 anos, e Ana Paula Soares Amaral, de 27, moradores de Itapuranga, município a 164 km de Goiânia, a Covid-19 trouxe mudanças profundas e um questionamento: como será o amanhã?O casal descobriu que estava com Covid-19 em meados de fevereiro. Gláucio, vendedor de uma loja de tintas, teve poucos sintomas, mas Ana Paula, grávida de oito meses do primeiro filho do casal, precisou de cuidados médicos. Ela foi encaminhada para o Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiânia (UFG) para que fosse feita a cesariana. O bebê precisou de cuidados, mas logo voltou para casa nos braços do pai. No dia 17 de fevereiro, Ana Paula sofreu a primeira parada cardiorrespiratória sendo encaminhada para a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI).Ana Paula tem outros quatro filhos e Glaucio três, do primeiro relacionamento. A mãe biológica dela mora na zona rural de Correntina (BA), em extrema pobreza, e a jovem foi criada por tios-avós que em julho de 2020, em Goiânia, não resistiram à Covid-19. Agora, com ela entre a vida a morte no HC, a família tenta se reestruturar. “Os meninos vão ficar comigo até eu morrer”, decreta Gláucio depois de ouvir dos médicos que a mulher muito provavelmente terá vida vegetativa.O pequeno Nicolas, de um mês, está sob os cuidados de Iêda, mãe de Gláucio, em Ceres. Com ela também está Carlos, de 10, o primogênito de Ana Paula. Seus irmãos, Lucas, de 6, e Davi, de 4, ficaram sob a responsabilidade do pastor da igreja que o casal frequenta em Itapuranga, até que haja uma definição do que irá ocorrer. Há ainda Paulo Henrique, de 8, que mora no Pará, com a avó paterna. Gláucio contou ao POPULAR que a mulher não fala e não anda. “Os médicos disseram que o quadro é irreversível. Ela sofreu duas paradas cardiorrespiratórias, uma no dia 17 de fevereiro e outra no dia 3 de março, que afetaram seus neurônios.”Gláucio está preocupado com o futuro. “Não sei como vamos fazer porque ela vai exigir muita atenção. Não temos parentes em Itapuranga.” Em meio a tudo isso, logo que soube que o bebê estava liberado do hospital, o vendedor foi a Goiânia buscá-lo. A saída de Gláucio deixou a casa vulnerável a bandidos que entraram na residência e levaram diversos pertences da família. “Como ela piorou, estou em Goiânia. Precisei fazer dívida para instalar uma cerca elétrica em casa.” Amigos e familiares tentam ajudar Gláucio como podem. Afastado do trabalho ele precisa de recursos para se manter em Goiânia e nos cuidados com a mulher hospitalizada. Assim como as crianças, divididas entre dois lares, que precisam de amparo emocional e financeiro. A conta bancária de Ana Paula está sob a responsabilidade do marido que vem recebendo ajuda para comprar fraldas, leite e alimentos. Quem quiser colaborar, a conta de Ana Paula Soares Amaral é da Caixa Econômica Federal, Agência: 1252, Conta Corrente: 19500-1, Operação: 013, CPF: 700455971-89.