A última vez que a média móvel, levando em conta sete dias, e a quantidade de mortes por semana epidemiológica por Covid-19 em Goiás estiveram tão baixas foi no início da pandemia. O estado registrou uma média móvel de 1,57 mortes no dia 30 de março. A última vez que o número ficou abaixo assim foi no dia 27 de abril de 2020. A última semana epidemiológica, entre 27 de março e 2 de abril, registrou 12 mortes pela doença. Apenas no fim de abril de 2020, o número esteve num patamar menor do que este: oito mortes entre os dias 19 e 25 daquele mês.A letalidade da doença também está em queda. Baseado nos números das últimas quatro semanas epidemiológicas, apenas 0,19% das pessoas que pegaram a doença, morreu. Se forem levados em conta os dados desde o início da pandemia, a letalidade está em 2,03%, número quase 11 vezes maior que o citado acima. “Se não houver grandes mudanças no cenário epidemiológico, podemos dizer que estamos caminhando para o fim desta fase aguda”, diz a superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO), Flúvia Amorim.Os dados referentes à média móvel são do portal Covid Goiás, da Universidade Federal de Goiás (UFG) e aqueles referentes à quantidade de óbitos da própria SES-GO (veja quadro). Flúvia aponta que a queda também pode ser percebida pelo número de internações, que também está baixo.De acordo com o Painel da Covid-19, da SES-GO, a taxa de ocupação que chegou a 92% no dia 3 de fevereiro, estava em 49% nesta quinta-feira (7), com 30 pessoas internadas. “E ainda precisamos lembrar que nem todo mundo que interna, morre”, enfatiza. O número de casos também vem sofrendo queda (leia mais abaixo).Apesar do cenário epidemiológico positivo, Flúvia alerta para o fato de que não é possível afirmar que a Covid-19 deixará se existir. “Passaremos a conviver com o Sars-Cov-2 da mesma forma que convivemos com a sazonalidade da influenza”, esclarece a superintendente. Esta é a expectativa caso nenhuma nova cepa da Covid-19 mais virulenta e transmissível surja.Entretanto, o infectologista Marcelo Daher acredita que o cenário epidemiológico pode mudar caso a subvariante da ômicron, a BA.2, que é altamente transmissível, se torne predominante no Brasil. “Ela está tomando conta da Europa e já começou nos Estados Unidos também. A aplicação da quarta dose (segundo reforço) para os acima de 60 anos é importante para evitar aumento nas internações.”Flúvia explica que a secretaria acompanha o cenário epidemiológico internacional, mas o que tem visto até agora é que a subvariante não teria tido os mesmos efeitos da ômicron “Na Europa, ela não chegou nem perto do que a ômicron fez. O fato de grande parte da população já estar vacinada também ajuda. Além disso, assim como lidamos com variações da influenza, como foi o caso da H3N2, teremos de lidar com essas variações da Covid-19.”Vida normalCom a queda nos números de casos, mortes e internações pela Covid-19, o estado e os municípios promoveram uma série de flexibilizações como, por exemplo, a extinção do uso de máscaras, que passou a ser recomendada apenas para aglomerações e para alguns grupos de risco da doença como, por exemplo, os imunossuprimidos. “Era a última coisa a ser flexibilizada. O que podemos fazer agora é, talvez, restringir ainda mais a recomendação de uso”, pontua Flúvia.Ela destaca ainda que daqui para frente, a principal estratégia da secretaria será a de aumentar a cobertura vacinal. Atualmente, 70,65% da população total de Goiás tomaram duas doses ou a dose única do imunizante. “Autoridades internacionais ainda discutem como ficará o esquema. Até lá, queremos aumentar este número.” Casos têm redução menorA média móvel e a quantidade de registros de casos de Covid-19 nos últimos dias voltou ao patamar de dezembro de 2021, antes da onda da variante ômicron. Entretanto, a redução não foi tão grande quanto a das mortes, que chegaram ao patamar do início da pandemia. A superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO), Flúvia Amorim, explica que a pasta tem acompanhado a questão. “Ainda é um número considerável. Por isso estamos recomendando que os municípios ainda não abandonem a testagem, principalmente a testagem ampliada”, destaca. O cenário atual mostra a efetividade da vacina contra a doença. Mesmo com mais pessoas ficando doentes no início do ano do em qualquer outro momento da pandemia, por da circulação da ômicron, o número de mortes não acompanhou o mesmo aumento e já apresenta uma grande queda, mesmo o número de casos não desacelerando na mesma proporção devido a grande transmissibilidade da variante.“Mesmo com as pessoas se infectando, isso não causa pressão no sistema de saúde, que é uma das nossas principais preocupações. Isso acontece porque os vacinados estão mais protegidos contra a doença. Este tipo de situação serve para mostrar para quem dúvidas, o impacto que a vacinação teve. É uma evidência que comprova que ela (a vacinação) funciona”, finaliza Flúvia.