Em Cristianópolis, no interior de Goiás, dezenas de conjuntos de mesas e cadeiras escolares recebidos pela Prefeitura em 2014 estão abandonados, ainda em embalagens originais, dentro de uma escola desativada. Envoltos de sacos plásticos ressecados pela ação do tempo, os kits esquecidos pelo município estão expostos e sofrem com as marcas de deterioração.O mobiliário está nas dependências da antiga escola Nilza Riso, unidade desativada que funcionava em sistema de convênio com a Prefeitura de Cristianópolis. Os moradores da região sabem sobre a presença das mesas e cadeiras no local e confirmam que o abandono do material decorre de muitos anos.No primeiro contato feito pela reportagem com a Prefeitura, o secretário municipal de Educação, Marcos Aurélio Guimarães, se surpreendeu com a informação sobre a existência do patrimônio. Após alguns dias de levantamento, Guimarães disse que a gestão já sabia da presença das cadeiras e que tem plano de uso das mesmas a partir deste mês.De acordo com o secretário, quando os kits chegaram, as três escolas municipais da cidade foram munidas de mesas e cadeiras e as que hoje estão abandonadas são as “sobras”. “Como não tinha espaço para serem guardadas, a gestão anterior utilizou aquele salão para guardar”, diz, se referindo à escola que não tem manutenção e nenhum tipo de fiscalização.Os kits novos estão empilhados em uma única sala. Na última contagem feita pela Prefeitura eram 110 conjuntos para a educação infantil e 20 para creches. Cada kit tem duas mesas e duas cadeiras. Dessa forma, pelas contas da administração municipal, são 260 mesas e 260 cadeiras entre os bens novos abandonados.De acordo com o secretário da educação, os móveis foram entregues pelo Governo Federal por meio do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) durante a execução do Programa de Reestruturação e Aparelhagem da Rede Pública de Educação Infantil. Pelos valores orçados pelo programa, cada conjunto de mesa com cadeira tem custo médio de R$ 250. Desta forma, o valor do mobiliário abandonado é de pelo menos R$ 65 mil.A quantidade de bens desperdiçados pode ser ainda maior. Fora os itens novos, há a presença de móveis do mesmo modelo com sinais de uso, mas com condições de seguirem sendo utilizados. Além disso, a estrutura da escola abandonada não impede possíveis invasões. Com portões abertos, qualquer um consegue entrar e ter acesso às salas de aulas cheias de cadeiras. O próprio secretário de educação diz que roubos de parte dos bens é “totalmente possível”.Apesar de dizer que a atual gestão municipal já sabia da presença das cadeiras, o secretário de educação reclama do cenário encontrado quando assumiu o cargo. “Infelizmente a atual gestão encontrou cenário muito caótico. Estamos trabalhando muito para que possamos organizar tudo”, afirma. Entre os problemas, Guimarães diz que o município estava com as contas do transporte escolar atrasadas, além de convênios bloqueados com o Ministério da Educação.Sobre os problemas com as dívidas e convênios, o secretário diz que a gestão está conseguindo superá-los. Já a respeito das mesas e cadeiras abandonadas, a informação de Guimarães é de que os móveis receberão limpeza e serão distribuídos entre as três escolas do município no final deste mês.-Imagem (Image_1.2356295)