A Maternidade Marlene Teixeira, em Aparecida de Goiânia, é a única instituição do município que realiza partos, mas há relatos de furos na escala médica do local. Os turnos dos profissionais são divididos em dois: das 7h da manhã até às 19h, e outro que começa na mesma faixa de intervalo, no qual deveriam ter seis médicos em cada, sendo três obstetras, dois pediatras e um anestesiologista, totalizando-se 12 profissionais a cada 24 horas.Funcionários que trabalham no local, e que não quiseram se identificar, disseram que em alguns plantões, o atendimento é feito apenas por um médico e que a situação piora no período noturno e aos finais de semana. No dia 11 de novembro, o juiz da 4ª Vara Federal Cível suspendeu a interdição ética da maternidade, que havia sido determinada pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego) no dia 7 de novembro de 2022.Dessa forma, a instituição se mantém aberta por até 90 dias, período que tem para regularizar os problemas que foram apontados pelo Conselho, dentre elas, a falta de médicos plantonistas. Um funcionário do local disse ao POPULAR que é recorrente aos finais de semana o atendimento somente para casos de “porta fechada”, que são aqueles direcionados para pacientes que já estão na unidade.“A falta de médico é constante e é pior no período noturno. Em alguns dias do final de semana, quando há necessidade de atendimento, elas (gestantes) são encaminhadas para outras unidades”, afirmou. A reportagem esteve no local, mas a diretora geral, Luciene Barbosa Morais, não estava presente.Ao falar com a direção, Luiz Roberto, que se apresentou como o diretor administrativo do hospital, informou que a escala estava com falha somente nas terças-feiras. A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Aparecida de Goiânia informou que as escalas podem sofrer alterações pontuais ao longo da semana e que há um edital de credenciamento em aberto para a contratação de novos profissionais e fortalecimento dos recursos humanos da pasta.Um novo chamamento foi publicado no Diário Oficial do município nesta quarta-feira (7).Leia também:- Casal é preso suspeito de usar dados falsos para registrar filha "doada" por mulher, em Aparecida- Saúde de Aparecida investiga cinco casos confirmados de fraturas em bebês ocorridas durante o partoDurante o período em que a reportagem esteve presente, na quarta-feira (7), o quadro de escala estava completo em relação aos médicos. Porém, uma gestante, que estava em trabalho de parto, precisou ser transferida para outra unidade pois, segundo ela, seu caso era necessário uma cesárea e a maternidade estava lotada. Questionada sobre o caso, a SMS informou que a unidade é de baixa complexidade e, a depender do quadro clínico da paciente, ela poderá ser transferida para outros hospitais, como previsto pelo Sistema Único de Saúde (SUS).Neste caso específico, a gestante foi atendida e avaliada na Maternidade Marlene Teixeira e transferida para a Maternidade Nossa Senhora de Lourdes (em Goiânia), conforme perfil clínico. O transporte foi realizado pela SMS de Aparecida. A SMS destacou que o município conta com serviços de urgência obstetrícia oferecidos na Maternidade Marlene Teixeira, que atende gestantes de baixo risco e encaminha as demais pacientes para outras unidades. No local são realizados partos e cirurgias; ultrassonografias, exame de cardiotocografia (CTG) e outros procedimentos. A instituição possui 23 leitos, berçário, sala de pré-parto e centro cirúrgico com duas salas.Em nota, o Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego) afirmou que interditou eticamente a Maternidade Marlene Teixeira após constatar problemas que comprometiam o bom exercício da medicina no local. "A interdição foi suspensa por decisão judicial. Na terça-feira, o Cremego fez uma nova vistoria na unidade e reitera as denúncias de falta de médicos no plantão", afirma. -Imagem (1.2574982)