Fabiana Dias é advogada e mãe dos gêmeos Ana Luíza e André Luiz, de 9 anos de idade. André Luiz tem Transtorno do Espetro Autista (TEA) e o diagnóstico aconteceu aos 3 anos e 6 meses. Atualmente frequenta um local para apoio de crianças com atraso no desenvolvimento, mas está matriculado em uma escola municipal de Aparecida de Goiânia e aguarda, sem assistir às aulas, um professor de apoio. Fabiana conta que o filho foi pra escola pela primeira vez com 3 anos e 4 meses e que o atraso no desenvolvimento era nítido. O diagnóstico de TEA veio dois meses depois. “Escutava que não tinha apoio, que ele não poderia ficar por usar fraldas. Nas outras escolas, diziam que não havia estrutura, esses absurdos que nunca mudam, que as pessoas envolvidas, inclusive, fazem questão de não mudar”. André Luiz conseguiu uma monitora para cuidar das necessidades básicas, como ir ao banheiro, mas a mãe afirma que nunca teve uma professora de apoio especializada. Nos últimos dois anos, com aulas on-line, a mãe tirou o filho da escola particular e optou por contratar uma psicopedagoga para dar aula em casa. “Quantas crianças ficaram e continuam sem intervenção na parte pedagógica? Foram quase 2 anos sem aula presencial, sem socialização, sem aprendizagem, acaba que a gente se vira como pode.” Com o retorno das aulas presenciais, optou por uma escola municipal em Aparecida de Goiânia, com a promessa de uma professora de apoio, mas não sabe quando a profissional estará disponível. “Querem colocar uma para quatro alunos. Isso é desumano, é impossível trabalhar a individualidade de cada um dessa forma. Não queremos nossos filhos da escola para passar o tempo, queremos no seu direito de ir e aprender no seu tempo, com material adaptado, com inclusão, com apoio especializado e respeito”, diz Fabiana. A Secretaria Municipal de Aparecida de Goiânia (SME) afirmou que possui professor de apoio em todas as unidades escolares que solicitam, mas admite que há um déficit de profissionais. Disse também que foi publicado no Diário Oficial do Município o chamamento de 100 professores aprovados no último processo seletivo realizado para atender à demanda. Cmei Uma professora que não quis se identificar diz a situação se repete em um CMEI da Região Central de Goiânia. “Onde trabalho tem uma criança autista que precisaria pelo menos de um cuidador, porque a professora auxiliar fica com ele em tempo integral. Estão disponibilizando apenas para crianças cadeirantes ou com paralisia cerebral, por exemplo. A avaliação da equipe multiprofissional não tem sido feita”, afirma.