O microempreendedor Antônio da Silva Queiroz, morador de Santo Antônio de Goiás, na região metropolitana, fez um bolão que aos poucos envolveu grande parte dos moradores da cidade que tem mais de 6 mil habitantes. Já são mais de 285 apostadores que esperam vencer a Mega Sena da Virada que pode pagar até R$ 450 milhões.Conhecido pelos moradores como Toninho, ele já tem tradição em fazer os jogos na loteria, ele contou que faz o bolão de fim de ano há 10 anos, mas o número de participantes era de 15 a 20 pessoas."Agora tomou uma proporção estrondosa, foi virando uma corrente rápido demais. Chegou à 285 pessoas participando do bolão. Cada uma pagou R$ 20 e deu 1.266 jogos" contou Toninho.Para ajudar na organização, um grupo foi criado no WhatsApp e a medida que os participantes faziam o pagamento da aposta foram adicionados.&nbsp;Leia também: <a href="https://opopular.com.br/noticias/economia/milion%C3%A1ria-sorteia-r-21-5-milh%C3%B5es-neste-s%C3%A1bado-de-natal-confira-os-n%C3%BAmeros-1.2583906" target="_blank">-&nbsp;+Milionária sorteia R$ 21,5 milhões neste sábado de Natal; confira os números</a> <a href="https://opopular.com.br/noticias/economia/lotomania-sorteia-r-6-milh%C3%B5es-nesta-segunda-feira-confira-os-n%C3%BAmeros-1.2584792" target="_blank">-&nbsp;Lotomania sorteia R$ 6 milhões nesta segunda-feira; confira os números</a> <a href="https://opopular.com.br/noticias/economia/quina-sorteia-r-2-3-milh%C3%B5es-nesta-sexta-feira-confira-os-n%C3%BAmeros-1.2583590" target="_blank">-&nbsp;Quina sorteia R$ 2,3 milhões nesta sexta-feira; confira os números</a>Repercussão de nível internacional:Toninho contou também que recebeu ligações até de outras cidades aqui do Estado e até pessoas de outros países queriam participar. Moradores de Portugal, de Londres, na Inglaterra, e dos Estados Unidos, procuraram a lotérica para tentar uma vaga no bolão. Mas não teve jeito, para que pudesse registrar tudo sem tumultos, Toninho disse que foi na lotérica no sábado (24) e agora não tem mais jeito de realizar novas apostas."A Casa Lotérica tá uma coisa esquisita, todo mundo ligando lá pra saber meu telefone. Vieram pessoas de outra cidade e ficaram na porta da minha casa para participar, mas eu já tinha registrado e seria inconveniente fazer outro bolão" explica Toninho sobre a grande procura.A divulgação do Bolão do Toninho começou pelo boca a boca, primeiro com os amigos mais próximos que já eram acostumados a jogar, e foi se espalhando pela cidade. Depois que TV Anhanguera mostrou o bolão, as ligações não pararam e o celular ficou cheio de pedidos para entrar no bolão mais famoso de Goiás.O valor do bolão foi de R$ 20 por participante e em tom descontraído, quando perguntado se ano que vem como ele pretende organizar os jogos com a repercussão que teve, Toninho foi objetivo, espera ganhar já em 2022 e estar tranquilo."Eu espero que não seja preciso fazer mais nenhum bolão (brincou), que a gente ganhe esse. Mas eu sei que jogo é jogo e a possibilidade de ganhar é de 1 em 1 milhão segundo os matemáticos. Se for fazer mais vou estar mais preparado, me organizar" finalizou o apostador.Mega da Virada No bolão do Toninho não tem mais jeito de entrar, mas quem quiser tentar&nbsp; a sorte pode apostar até o próximo sábado (31) em qualquer agência lotérica do país, pelo aplicativo Loterias Caixa ou para quem é cliente da Caixa, pelo internet banking. O valor da aposta simples de 6 números custa R$ 4,50.Ainda é possível apostar até 20 números, nesse caso o valor muda de acordo com o tamanho da aposta feita. Para a Mega da Virada existe uma cartela específica diferente da comum usada ao longo do ano. &nbsp;

Mega da Virada: 285 moradores participam de bolão em Santo Antônio de Goiás

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Matéria - Cidades

O ministro Luiz Fux, do STF (Supremo Tribunal Federal), decidiu nesta terça-feira (12) que o governo Lula (PT) deve impedir que beneficiários de programas sociais usem recursos do Bolsa Família e do BPC (Benefício de Prestação Continuada) para fazer apostas esportivas.

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A decisão foi publicada nesta quarta-feira (13). No texto, Fux também determina que entrem em vigor, de forma imediata, medidas que proíbam a publicidade e propaganda das bets que tenham crianças e adolescentes como público-alvo.

"Verifica-se que o atual cenário de evidente proteção insuficiente, com efeitos imediatos deletérios, sobretudo em crianças, adolescentes e nos orçamentos familiares de beneficiários de programas assistenciais, configura manifesto 'periculum in mora' (perigo na demora), que deve ser afastado de imediato", diz o ministro.

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Após a decisão, o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, afirmou que a posição de Fux combina com a defendida pelo presidente Lula. "Qual era o problema? É que a lei aprovada no Congresso colocava um prazo de 6 meses para entrar em vigor, e agora nós temos condições de tomar medidas imediatas", disse.

A decisão monocrática do ministro será levada a referendo do plenário em sessão virtual extraordinária, marcada para quinta-feira (14).

Fux tomou a decisão após participar de uma audiência pública no Supremo sobre os impactos dos sites de apostas esportivas. Expositores utilizaram dados de um estudo do Banco Central para pedir medidas do STF contra as apostas esportivas entre as famílias mais pobres.

O estudo mostra que os beneficiários do Bolsa Família gastaram R$ 3 bilhões em bets via Pix no mês de agosto -valor que equivale a 20% do total repassado pelo programa no mês.

Dos 20 milhões de beneficiários, 5 milhões fizeram apostas naquele. Na mediana, o valor gasto por pessoa foi de R$ 100. Desse total de apostadores, 70% são chefes de família, ou seja, quem de fato recebe o dinheiro transferido pelo governo. O grupo enviou R$ 2 bilhões por meio do Pix às bets em agosto.

Os dados levantados pelo Banco Central não mostram qual valor foi recebido de volta pelos apostadores como prêmio. O BC estima que 85% do que é apostado retorna aos ganhadores das apostas.

A proibição do uso do cartão do Bolsa Família como meio de pagamento em sites de apostas online já estava no radar do ministro Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome).

Técnicos do Ministério de Desenvolvimento e Assistência Social, porém, avaliam que a medida é pouco eficaz para restringir as apostas esportivas entre beneficiários dos programas sociais.

"[A proibição do uso do cartão do Bolsa Família para apostas] tem alto custo de implementação e baixíssima eficácia, visto que menos de 2% dos beneficiários do Programa utilizam cartão de débito do PBF para operações de compra e que apenas 1,4% dos beneficiários do Programa utilizam cartão de crédito", diz a pasta em documento enviado ao STF.

Um integrante do governo que trabalha na regulamentação das bets afirmou à reportagem ter dúvidas sobre como implementar a decisão de Luiz Fux. Segundo ele, o dilema seria impedir o uso do dinheiro proveniente dos programas sociais, como determina o ministro, sem proibir que um beneficiário faça apostas com recursos obtidos pelo seu trabalho.

O bloqueio específico dos cartões dos programas sociais é uma possibilidade. A medida, porém, é vista como insuficiente, já que os beneficiários podem transferir os recursos para outra conta e pagar as casas de apostas.

Em nota, a Secretaria de Apostas e Prêmios do Ministério da Fazenda diz que a decisão de Fux endossa as regulamentações sobre as bets feitas pelo governo. "É possível ainda dizer que a decisão indica, preliminarmente, o reconhecimento da constitucionalidade da lei que regulamenta a exploração da aposta de quota fixa e da regulação feita até aqui pelo Ministério da Fazenda".

A secretaria afirma ainda que vai trabalhar na "implementação de medidas de proteção" aos beneficiários de programas sociais, por ordem do ministro do Supremo. A articulação será feita com o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social e o Banco Central.

A Associação Nacional de Jogos e Loterias diz que as medidas adotadas pelo ministro do Supremo são as mesmas já defendidas pelas casas de apostas. "As bets comprometidas com o jogo íntegro e responsável, entre elas as associadas da ANJL, não compactuam com divulgação de apostas para menores de idade e nem com o uso de recursos que tenham o potencial de prejudicar financeiramente as famílias brasileiras mais vulneráveis", afirma, em nota.

A decisão de Fux também antecipa a vigência dos trechos que tratam sobre a proibição de publicidade a crianças e adolescentes na portaria 1.231, da Secretaria de Prêmio e Apostas do Ministério da Fazenda.

A regulamentação só entraria em vigor em 1º de janeiro de 2025. Os trechos que entram em vigor proíbem a utilização de imagens de crianças e adolescentes ou "elementos particularmente apelativos para os menores de dezoito anos".

As regras impedem que as bets patrocinem crianças ou adolescentes ou tentem "influenciar ou incentivar crianças ou adolescentes a apostarem". Também fica proibido o patrocínio de casas de apostas esportivas a "eventos dirigidos majoritariamente a crianças ou adolescentes".

Fux tomou a decisão em uma ação que questiona a constitucionalidade da lei aprovada pelo Congresso Nacional em 2023 que regulamentava as casas de apostas esportivas.

A ação foi apresentada pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) sob o argumento de que a legislação é insuficiente para proteger as famílias de prejuízos financeiros advindos do alto risco das apostas.

Na terça-feira, após encerrar audiência pública sobre as bets, Fux sinalizou que anteciparia a vigência de portarias e trechos da lei das bets para minimizar os impactos negativos das apostas para a população mais vulnerável.

"Uma coisa se tornou uniforme em todas as explanações, que é a questão da falta de regulação. E por outro lado a afirmação de que já há uma regulação através de portarias do Ministério da Fazenda que ainda não entraram em vigor. Então vou avaliar exatamente esse prazo de vigência da portarias e a questão da avaliação material de tantos problemas que foram suscitados como problemas psíquicos e endividamento", disse.

Fux manda governo impedir que beneficiários de programas sociais usem recursos em bets

Economia

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APOSTAS

Os apostadores com dinheiro depositado em bets (empresas de apostas eletrônicas) irregulares têm oito dias a partir dessa terça-feira (1º) para retirarem os valores. A partir do dia 11, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) derrubará o acesso a cerca de 600 páginas que não pediram autorização ao Ministério da Fazenda para operarem no Brasil.

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A lista com as 199 marcas autorizadas a operar no país foi publicada na noite desta terça-feira (1º) pelo Ministério da Fazenda. Com a divulgação, o usuário deverá consultar a lista para ver se o site ou a empresa está nela. Caso não esteja, o dinheiro está depositado em um site irregular e deverá ser retirado para não provocar prejuízo ao apostador.

O usuário poderá consultar as empresas que pediram autorização ao Ministério da Fazenda até 30 de setembro. A relação está no Sistema de Gestão de Apostas (Sigap) do ministério. Ao todo, 180 empresas apresentaram 185 pedidos, dos quais 31 foram protocolados em 30 de setembro, último dia do prazo. A diferença é que o Sigap fornece o nome de registro da empresa, não a marca comercial do site, o que muitas vezes dificulta a consulta.

<h2>PASSO A PASSO</h2>

Para sacar o dinheiro, o apostador deverá fazer login no aplicativo ou no site da aposta. Nesse caso, deverá clicar na área em que aparece o saldo e clicar na opção de saque. Em seguida, é necessário confirmar o valor a ser retirado, no caso o saldo total, e informar a conta bancária para onde o dinheiro será enviado.

O usuário terá a opção de receber o dinheiro via Pix ou por transferência eletrônica disponível (TED). O repasse por Pix é mais vantajoso por ser instantâneo e funcionar 24 horas, enquanto as transferências só podem ser feitas em dias úteis e não são executadas à noite e em fins de semana.

Caso o usuário peça a retirada e não receba o dinheiro, deve acionar o suporte do aplicativo, antes do banimento definitivo do país. Se o saldo não for depositado, a primeira opção é registrar queixa em um órgão de defesa do consumidor, como o Procon.

<h2>FRAUDES</h2>

Se não houver resposta, aumentam as chances de o apostador ter sido vítima de fraude. Nesse caso, o processo passa para a esfera criminal. O usuário deverá registrar ocorrência policial e procurar o Ministério Público, que pode identificar pedidos de ressarcimento para um mesmo site e registrar uma ação judicial coletiva.

Mesmo recorrendo à Justiça, o apostador precisa ficar atento ao fato de a maioria das bets serem estrangeiras e não terem representantes legais no Brasil. Isso dificulta a responsabilização da empresa e a punição. De qualquer forma, o conselho é acionar a polícia e a Justiça o mais rápido possível para evitar que as acusações percam a validade e o processo prescreva.

A derrubada dos portais ficará a cargo da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), em uma operação similar à do encerramento das atividades do X, o antigo Twitter, que parou de funcionar no país no fim de agosto. Segundo a divulgação promovida pelo ministério, serão banidas as empresas que não receberam ou não pediram autorização para continuar atuando no país.

<h3>FISCALIZAÇÃO SEVERA</h3>

Com a divulgação da lista de empresas autorizadas a operar no país, a Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA) do Ministério da Fazenda será a responsável por fiscalizar a sequência das atividades em coordenação com a Anatel, o Banco Central e o Ministério da Justiça e Segurança Pública.

Vale salientar que a lista não é definitiva, considerando que as empresas que ficaram de fora podem pedir autorização ao Ministério da Fazenda para operar. Entretanto, devem esperar um prazo de até 150 dias para um retorno sobre a liberação definitiva, o que pode acontecer só em 2025.

Antes disso, em dezembro, a Fazenda deve divulgar uma nova lista com a conclusão da análise de documentação das empresas apresentadas nesta terça (1º), verificando se estão em conformidade com a regulamentação estabelecida.

Entenda como resgatar o dinheiro de bets irregulares

RESGATE DE DINHEIRO 

São vários os motivos que levam as pessoas a entrarem de cabeça no mundo dos jogos de apostas online. Desde o desejo de melhorar as próprias condições de vida até a visualização do jogo como uma forma rápida de desopilar frustrações e ansiedades. Tudo isso é potencializado pelo acesso facilitado, com o celular na palma da mão. O POPULAR conversou com alguns jogadores compulsivos e os prejuízos abrangem desde saúde financeira até a convivência familiar. Pessoas que acompanham o cenário de compulsão por jogos há décadas apontam que a situação se agravou nos últimos anos, com jogadores cada vez mais jovens. Em Goiás, a capital poderá ganhar um grupo presencial da irmandade Jogadores Anônimos.

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Arnaldo (nome fictício), de 33 anos, é um comerciante goiano que há cerca de seis anos conheceu as apostas esportivas online por intermédio de conhecidos. Até hoje ele se lembra da primeira vez que jogou junto com outras pessoas em uma “bet”. Cada um apostou R$ 15 e o retorno foi de em torno de R$ 300. A partir daí, as apostas de Arnaldo ganharam escala. Em um ano, ele chegou a perder R$ 100 mil. “Fiz dívidas. Os motivos para jogar são muitos. Ansiedade e também ganância”, aponta.

Há dois anos, Arnaldo percebeu que a situação estava fora de controle quando gastou um dinheiro que não era dele em apostas esportivas. Além de ter começado a frequentar consultas psicológicas, ele encontrou conforto no acolhimento proporcionado pela igreja evangélica. “Me ajudou muito”, conta. Há cinco meses, estimulado pela esposa, ele começou a participar de reuniões online da irmandade Jogadores Anônimos. “Um ajuda o outro”, frisa Arnaldo.

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Atualmente, o empresário faz o que pode para driblar a compulsão pelo jogo. Na empresa da qual ele é dono, por exemplo, a parte financeira é gerenciada por outra pessoa e ele retira um salário mensal, que é administrado pela esposa. “O vício nunca sai de cena. Sempre temos de evitar os gatilhos”, enfatiza Arnaldo.

Outra goiana viveu um drama parecido. No momento, ela está processando os influencers Deolane Bezerra, Virginia Fonseca e Carlinhos Maia por prejuízos em sites de jogos de azar. Na última semana, reportagem da TV Anhanguera mostrou que a mulher alega que, no período de quatro dias, perdeu quase R$ 350 mil nesses jogos por conta de propagandas enganosas. No início de setembro, Deolane foi presa. Ela é alvo de uma operação que investiga lavagem de dinheiro e jogos ilegais.

“Eles divulgam que apostam R$ 50 e ganham R$ 5 mil para iludir as pessoas. Foi onde eu entrei no site. Me cadastrei e comecei a jogar valores baixos. E aí, só perdendo. Foi onde eu tentei restituir e acabou indo toda a herança do meu pai”, relatou à televisão. A mulher pede indenização por danos materiais e morais no valor de R$ 1,1 milhão. Ainda cabe ao Judiciário goiano decidir sobre o caso.

<h2>Jogadores Anônimos</h2>

O carioca Renato (nome fictício), de 65 anos, parou de jogar em 1991. Na época, ele procurou uma irmandade chamada Neuróticos Anônimos, que o acolheu. “Servidor público, casado e pai de três filhos. Mesmo assim, estava todo enrolado com agiotas e com cheques estourados”, recorda-se. Em 1993, Renato participou da primeira reunião dos Jogadores Anônimos no Rio de Janeiro. O grupo vingou. Segundo ele, com a proibição dos bingos, em meados dos anos 2000, o volume de pessoas no grupo diminuiu. Entretanto, desde 2020, Renato tem percebido o número de participantes crescer novamente, o que ele acredita ser fruto do avanço dos jogos de apostas online.

Para ter ideia, nos últimos dez meses foram abertos grupos presenciais dos Jogadores Anônimos em Brasília, Fortaleza, Belém, Natal, Juiz de Fora (MG), Campinas (SP) e Campos dos Goytacazes (RJ). “Quando o grupo de Brasília foi aberto, também surgiu uma demanda em Goiânia. Estamos tentando articular a abertura, mas ainda sem local ou data para acontecer”, diz Renato.

Segundo ele, antes da explosão dos jogos de apostas online, o perfil majoritário das pessoas que procuravam a irmandade era de homens e pessoas mais velhas. Isso mudou. Agora, têm chegado mais jovens e mulheres. Renato também percebe que as pessoas que procuram ajuda estão cada vez mais espalhadas pelo território. “Não é como há um tempo, em que as pessoas tinham de sair de casa para jogar. Hoje, basta ter o celular na mão. Têm adolescentes que estouram o cartão dos pais nisso daí”, conta.

Renato enfatiza que a irmandade não tem um posicionamento institucional em relação ao jogo. “Nem contra nem a favor. Não entramos nessas polêmicas, pois o mundo do jogo não nos interessa mais”, pondera. A irmandade Jogadores Anônimos funciona como os Alcoólicos Anônimos, com 12 passos a serem seguidos. O número nacional para procurar ajudar é o (11) 99571-6942. “Têm dias em que (o número) recebe cem ligações”, pontua Renato.

<h3>Jogos</h3>

A aposta de cota fixa, popularmente conhecida como aposta esportiva, foi autorizada no Brasil em 2018, por meio da Lei nº 13.756. Entretanto, a maioria dos sites fica hospedada em outros países e oferecem os serviços pela internet. O governo federal tem trabalhado para fechar o cerco em relação às bets. A partir de outubro, o Ministério da Fazenda vai suspender o funcionamento de empresas de apostas que ainda não solicitaram autorização de funcionamento no Brasil. A regulamentação começa em janeiro de 2025.

Na última terça-feira (17), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que há “uma pandemia que está instalada no País”. O órgão ministerial é o responsável por fazer a regulamentação das bets. Haddad afirmou que um dos objetivos do governo federal é elaborar formas de desestímulo ao vício em conjunto com o Ministério da Saúde.

Além das bets, também existem os cassinos online, popularizados pelo “jogo do tigrinho”. Eles são diferentes das bets, mas costumam ficar hospedados nos sites das casas de apostas, geralmente dentro de categorias como “cassino online”, o que é proibido no Brasil, já que vai contra a Lei de Contravenções Penais, que considera crime os jogos de azar em que o ganho ou a perda dependem da sorte.

Nesta sexta-feira (20), o ministro do Turismo, Celso Sabino, comparou evitar o acesso a jogos de azar – cuja liberação pode ocorrer com a aprovação do PL 2.234/2022 – a barrar o uso de carros no Brasil por causa de acidentes automotivos. O ministro defende a aprovação do PL dos jogos, em tramitação no Congresso, e disse esperar que o projeto seja aprovado ainda este ano.

O gestor global de investimentos e especialista em mercados de capitais, Dov Gilvanci Levi, explica que tanto as pessoas que participam das apostas esportivas quanto aquelas que se aventuram nos cassinos online estão expostas ao risco de perderem dinheiro. “Na prática, é a mesma coisa. Tem afetado, principalmente, as pessoas que têm rendas menores. Estão se viciando”, frisa.

<h3>Saúde</h3>

O psicopatologista e chefe do Departamento de Saúde Mental e Medicina Legal da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás (UFG), Marcelo Trindade Júnior, é psiquiatra desde 2001 e esclarece que a preocupação da área com a compulsão por jogos não é recente. Segundo ele, depois de um período mais agudo, no final dos anos 1990 e início dos anos 2000, o cenário permaneceu parcialmente mais tranquilo, mas voltou a se agravar recentemente.

Júnior expõe que o ato de jogar compulsivamente se configura numa entidade psicopatológica em que o sujeito tem dificuldade de controlar o impulso. “Assim como um sujeito pode ter dificuldade de controlar o impulso de beber. O jogo também funciona dessa maneira. O jogador compulsivo é aquele que tem uma dificuldade de controlar o prazer pelo jogo”, pontua.

O especialista explica que o cérebro humano possui um neurotransmissor, a dopamina, que dá a sensação de prazer e faz funcionar o sistema de recompensa, que dá a sensação de satisfação. “Para quem é um apostador contumaz, esse sistema de recompensa é desregulado. A sensação de grande prazer é momentânea e fugaz. Ele começa a precisar de ‘doses’ cada vez maiores de novas apostas a fim de sentir recompensa”, diz o psiquiatra.

Nesse sentido, Júnior aponta a importância de as autoridades trabalharem a prevenção e conscientização em relação à compulsão pelos jogos do ponto de vista da saúde pública. “Será que estamos aptos a receber um contingente cada vez maior de pessoas com jogo patológico?”, questiona. Em relação às possibilidades terapêuticas, ele aponta que o tratamento é multidisciplinar. “Possivelmente, necessitará de medicações que o ajudarão no controle do impulso e a regular esse sistema de recompensa. Medicações que poderão ajudar nos níveis de ansiedade de modo importante associadas a psicoterapias que são específicas e direcionadas ao controle do impulso.”

<h3>Streamer não divulga casas de apostas</h3>

O streamer e gamer goiano Pedro Bernardes, de 32 anos, não divulga casas de apostas para as pessoas que consomem o conteúdo que ele produz nas redes sociais. A principal justificativa é simples: Pedro vê essa divulgação como uma forma de causar potenciais prejuízos ao público dele. “Não é todo mundo que tem o mesmo controle emocional e financeiro”, explica.

No Instagram, principal rede social em que Pedro atua, o produtor de conteúdo já acumula mais de 80 mil seguidores na conta @bernagame. Ele começou a trabalhar com a internet em 2021, e dedica as manhãs a fazer lives jogando. Formado em Farmácia, durante à tarde e à noite ele é responsável por um estabelecimento do tipo na capital. Quando chega em casa, ainda se dedica a gravar conteúdos para as redes sociais.

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Pedro: “Aceitando esse tipo de proposta, estaria colocando em risco tudo aquilo que já construí” ()

Segundo Pedro, a cerca de um ano ele começou a receber muitas propostas de trabalho de casas de apostas. “São contas que entram em contato pelo direct do Instagram ou pelo e-mail. Sempre oferecem uma recompensa alta. Chegam elogiando o trabalho e fazem a proposta para fazermos a divulgação de determinada casa de aposta”, conta.

Ele relata que certa vez uma empresa entrou em contato por um aplicativo de mensagens explicando a proposta de forma mais detalhada. “Enviariam vídeos prontos, como se eu estivesse jogando, simulando um jogo, e ganhando determinados valores. Assim, eu estaria incentivando as pessoas a se cadastrarem na plataforma e a jogarem em busca daquele resultado”, lembra.

Além disso, a conta de Pedro na plataforma seria “programada” para ter resultados mais positivos do que o normal. “O retorno (financeiro) giraria em torno do que as pessoas vão depositando na plataforma. Ganharia um porcentual”, esclarece.

Apesar dos valores atrativos, Pedro reforça que prefere não divulgar casas de apostas. “Não sou nenhum famoso, nem vivo disso ainda, mas já tenho parcerias com várias empresas. Já ganhamos itens para fazer a divulgação. Fora nossa comunidade. Isso construímos muito aos poucos. Eu vejo que aceitando esse tipo de proposta estaria colocando em risco tudo aquilo que já construí”, finaliza.

<h3>SUS não oferece tratamentos próprios contra o vício</h3>

O Sistema Único de Saúde (SUS) não possui um serviço específico para tratar vícios relativos a jogos de apostas online. No âmbito nacional, o Ministério da Saúde e o Ministério da Fazenda devem criar um Grupo Interministerial de Trabalho (GTI) para tratar questões relacionadas ao assunto. Conforme o Poder360, os ministérios estudam criar uma cartilha informativa sobre vício e dependência em apostas.

“Estamos vendo a necessidade premente de começar a colocar ordem nisso, e de nos associarmos ao Ministério da Saúde. Há muitos relatos de problemas de saúde, de dependência. O objetivo da regulamentação é esse: criar as condições para que nós possamos dar amparo”, disse Fernando Haddad, ministro da Fazenda, na terça-feira (17).

Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) informou que a pessoa que apresenta esse problema pode procurar uma Unidade Básica de Saúde (UBS) ou um Centro de Atenção Psicossocial (Caps) da Rede de Atenção Psicossocial (Raps), onde a questão da compulsão é abordada.

Já a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia comunicou que qualquer pessoa que tenha algum problema de vício pode procurar um dos Caps da capital. Essas unidades são porta aberta, não há necessidade de agendamento, e contam com equipe multiprofissional, incluindo médico psiquiatra que vai fazer a avaliação e definir quais serão as intervenções necessárias para cada caso, se será um tratamento com terapia e/ou medicação.

Vício em jogos de apostas avança em Goiás

Online

Conteúdo investigado:&nbsp;Publicação&nbsp;afirma que o governo federal “está em desespero”, porque “o povo parou de jogar na Mega-Sena e está entregando todo seu dinheiro para apostas online”.

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Onde foi publicado: X.

Conclusão do Comprova: Não é verdade que os brasileiros estão parando de apostar na Mega-Sena, principal loteria da Caixa Econômica Federal, para colocar seu dinheiro nas apostas online – diferentemente do que diz publicação no X. Contatada pelo Comprova, a instituição negou haver queda no número de jogos.

“As apostas na Mega-Sena apresentaram variação positiva de 22% de janeiro a agosto de 2024, em relação ao mesmo período de 2023”, afirmou a instituição, que não informa o número absoluto de apostas.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/comprova/comprova-lanca-pacote-de-recursos-para-jornalistas-em-apoio-a-cobertura-das-eleic-es-1.3171193" target="_blank">Comprova lança pacote de recursos para jornalistas em apoio à cobertura das eleições</a> 
<a href="https://opopular.com.br/comprova/e-falso-que-osso-de-patinho-tenha-comecado-a-ser-comercializado-por-conta-de-suposta-crise-no-governo-lula-1.3170544" target="_blank">É falso que osso de patinho tenha começado a ser comercializado por conta de suposta crise no governo Lula</a> 
<a href="https://opopular.com.br/comprova/e-falso-que-pessoas-vacinadas-tenham-o-dobro-de-chances-de-pegar-covid-1.3170391" target="_blank">É falso que pessoas vacinadas tenham o dobro de chances de pegar covid</a></div>

Essa variação positiva significa que, ao contrário do que a publicação investigada afirma, as apostas aumentaram até o momento. Conforme a Caixa, esse crescimento está relacionado ao valor dos prêmios, à quantidade e à arrecadação. As apostas podem ser feitas em lotéricas e nas plataformas digitais do banco.

No site da instituição foi possível verificar que, de janeiro a agosto deste ano, a arrecadação com a Mega-Sena foi de R$ 6.076.232.420. No mesmo período de 2023, o valor foi R$ 5.315.120.448, considerando a inflação. Os repasses sociais, incluindo a Mega e as outras loterias da Caixa, como Lotomania e Quina,&nbsp;bateram o valor recorde de R$ 23,4 bilhões.

Outro dado que contraria a ideia de queda no número de apostadores foi o da Mega da Virada: em 2023, ela registrou&nbsp;mais de 485,25 milhões de apostas, em comparação com os&nbsp;cerca de 435,21 milhões&nbsp;do ano anterior.

Embora o post desinforme ao falar em queda da Mega-Sena, ele acerta ao sugerir que as apostas online, ou bets, estão aumentando. O setor cresceu 734,6% entre 2021 e abril deste ano, segundo pesquisa da plataforma de análise de dados Datahub,&nbsp;publicada pela CNN. Mas a alegação de que as bets seriam concorrentes da Mega-Sena já foi refutada pela própria diretora-presidente da Caixa Loterias, Lucíola Vasconcelos. Em agosto, ela disse ao&nbsp;UOL: “[Loterias e bets] não são mercados concorrenciais. Passamos a atuar em um novo mercado de jogos e apostas. Falando de estratégia, sabemos que é um mercado muito grande e a regulação vai trazer mais formalidade ao mercado”.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 27 de agosto, antes da suspensão do X, a publicação tinha 3,7 mil visualizações.

Fontes que consultamos: Caixa Econômica Federal, via assessoria de comunicação e dados disponíveis no portal oficial da instituição, e matérias da CNN e do UOL sobre o assunto.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo&nbsp;WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O Comprova já verificou outros conteúdos envolvendo a Caixa, como&nbsp;post que enganava ao afirmar que o presidente do banco teria processado ex-dirigente e receberia indenização por assédio sexual.