Apenas 9 anos de idade, um câncer severo e uma luta contra o tempo. O menino goiano Jean Lucas diagnosticado com Linfoma de Burkitt precisa de R$ 2 milhões para tentar sobreviver. Depois de seis meses de tratamento em um hospital de referência, em Barretos (SP), não há mais na unidade de saúde tratamento que possa salvar a vida da criança. A indicação dos médicos agora é um tratamento disponível no exterior chamado Car T Cell. O maior desafio, entretanto, envolve dinheiro e tempo. Na última consulta do menino, os pais receberam a notícia de que sem uma nova abordagem ele não conseguiria sobreviver.Pela internet, os pais Dayanne Jubé Cardoso e Silvio Junior criaram uma vaquinha com o objetivo de arrecadar o dinheiro. Eles colocaram apartamento e carro à venda, mas ainda assim, o valor seria insuficiente para custear o tratamento do filho. “Os médicos nos deram uma previsão de que provavelmente o Jean terá que lutar até os 16 anos de idade lá fora e que esse tratamento tem um custo de mais ou menos R$ 2 milhões. É algo que não parece ser possível pra gente… mas não pra um Deus do impossível! Travamos uma guerra! Começamos aqui agora mais uma batalha pela vida. Desistir não está nos nossos planos e com fé no Pai, vamos vencer! Estamos implorando por ajuda pela vida do nosso Jean Lucas”, afirma a mãe.Por meio de videochamada, Jean concedeu entrevista ao O POPULAR. Na mão, um álbum de figurinhas da copa e no rosto um sorriso estampado. Questionado sobre o tratamento, o menino conta que é difícil e que sente saudades da casa em Goiânia, da família e dos amigos. Também fala sobre a viagem ao exterior e o novo tratamento pelo qual precisa passar, mas tem outros desejos envolvendo os Estados Unidos. “Quero conhecer a neve e o Walmart”. Rindo sobre o supermercado, eu pergunto sobre a Disney e ele se lembra do parque: “Quero também, claro”, sorri.A descobertaNo dia 21 de março de 2022, Jean acordou passando mal com dores abdominais e vômito. Os pais então o levaram a um pediatra, ainda em Goiânia e a sugestão foi de internação porque a médica sentiu algo diferente na região abdominal. Na internação, o menino passou por três tomografias, vários exames de sangue e uma ressonância. Dois dias depois veio o resultado: um tumor.O hospital então solicitou, de forma urgente, que uma biópsia fosse feita e mesmo depois do resultado, os médicos não conseguiram fechar um diagnóstico sobre o tipo de câncer. Foi então que a família decidiu leva-lo para a cidade de Barretos na unidade que é referência em tratamento oncológico no país. Jean chegou ao hospital no dia 28 de março e no mesmo dia passou por uma cirurgia para desobstrução do intestino. Com dor, não conseguia se alimentar, nem evacuar. No total, mais de três litros de fezes foram removidos e foi então inserida uma bolsa de ileostomia, além de um dreno e um cateter.O diagnóstico veio após uma nova biópsia: Jean tem um câncer classificado como Linfoma de Burkitt, que está ligado a três órgãos vitais: intestino, baço e bexiga. Os pais explicam que é agressivo e de crescimento rápido. Além disso, está no estágio três, considerado avançado. A quimioterapia começou imediatamente.Quimioterapias não tiveram o efeito esperadoInicialmente a previsão era de que Jean passasse por cinco ciclos de quimioterapia. No final deste tratamento foi realizada uma nova avaliação médica e detectaram que o tumor estava resistente à quimioterapia. A sugestão foi uma quimioterapia mais forte chamada quimio de resgate. Várias intercorrências vieram como resultado: perda de 20 kg, febres, vômitos, náuseas e também a necessidade de receber plaquetas e bolsas de sangue.Um garoto forteO pai de Jean, Silvio Junior diz que o filho tem consciência de tudo e que começo do tratamento, o garoto perguntou sobre a doença. “Logo no início ele me perguntou: pai, eu tenho é câncer? Eu vou morrer? Eu expliquei pra ele que todo mundo vai morrer um dia, mas que ainda não está na hora dele. Disse pra ele: ‘fica tranquilo que o papai vai antes de você’.”Silvio é espírita e fala sobre ser forte. Durante entreviste por telefone, conta o passo a passo do tratamento e mesmo com a voz trêmula, por vezes, demonstra muita força. “A gente acha que nunca vai acontecer com a gente. Temos nossos momentos de chorar, de desespero, mas graças a Deus sou privilegiado e tenho um suporte muito grande da família. Jean sempre foi uma criança muito madura pra idade que tinha. Ele fala pra mim: ‘Eu não tenho medo’. Agora está colecionando figurinhas da copa no álbum e no hospital as enfermeiras e médicos ajudaram as crianças. A gente no meio de tratamentos difíceis e ele soltava: ‘pai, tem que comprar mais figurinhas pra eu completar o álbum’. Jean é uma criança como as outras, tem médicos que falam que só é possível entender a gravidade com os exames em mãos."O caçula rezaBento é o irmão mais novo, tem apenas 5 anos. Na mudança inicial da mãe e do irmão para Barretos, ele ficou com o pai em Goiânia. Todas as sextas, eles vão juntos para São Paulo ficar com o restante da família. Nessa última semana, diante da gravidade da situação, foram de forma antecipada. “Ele também sabe sobre a doença e em Goiânia fica comigo. Dormimos sempre juntos e ele reza pedindo pelo irmão. No dia a dia o que ele quer é brincar”.Durante a videochamada com Jean, Bento também invade a tela, dá um oi e chama o mais velho pra brincar finalizando a entrevista!Como ajudar? A vaquinha está disponível na internet. Clique aqui para doar. O pix da mãe é 01816702161 (CPF). Até o momento foram arrecadados no total R$ 779.000,00 e ainda faltam R$ 1.221.000,00. Ver essa foto no Instagram Uma publicação compartilhada por Jean Lucas (@amigosdojeanlucas) Leia também: Justiça nega recurso e plano de saúde terá de pagar por remédio para tratamento de câncer para idosa Cura do câncer infantil passa pelo diagnóstico precoce, diz IncaCâncer já é a principal causa de morte de crianças e adolescentes -Imagem (1.2530666)-Imagem (1.2530668)-Imagem (1.2530667)