Divanir Nunes da Cruz, de 28 anos, segue entubado, sedado e internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Estadual de Urgências de Goiás Dr. Valdemiro Cruz (Hugo). O homem em situação de rua foi atingido por tiros na noite do último dia 9 na Praça do Sol, no Setor Oeste, região nobre de Goiânia. Segundo relatos de moradores, os disparos teriam sido feitos por policiais militares que foram filmados chegando ao local.De acordo com informações do Hugo, Divanir deu entrada no hospital com fraturas na perna esquerda e na tíbia direita. Ele foi submetido a uma cirurgia por uma laparotomia exploradora. O estado dele é considerado grave.Leia também:- Morador de rua é atingido por tiros na Praça do Sol, em Goiânia- Primo de morador de rua baleado diz que ele tem problemas psicológicosSegundo relatos de moradores, o homem circula pela região há muito tempo e não perturba ninguém. De um prédio, um morador ouviu barulho de um carro cantando pneus e avistou um veículo da PM ao lado do homem. Em seguida, o rapaz foi colocado dentro de uma viatura e em movimento, caiu na rua. O carro parou na esquina e outros quatro carros da PM chegaram. Os policiais disseram a moradores que o homem teria esfaqueado um policial e que atiraram na perna dele.“Eu fiquei muito triste com isso. Esse rapaz nunca fez mal para ninguém. Moro aqui há mais de dois anos e ele sempre ficava na praça, se lavava na pia do pit dog, escovava os dentes. Parece que é portador de algum tipo de doença mental. Ele nunca incomodou ninguém, muito menos uma criança. Atiraram nele à queima-roupa”, disse chorando uma moradora de um prédio em frente.Ao POPULAR, Moisés Oliveira da Cruz, de 29 anos, primo de Divair Nunes da Cruz, 28 anos, disse que ficou abalado depois de tomar conhecimento do ocorrido. “Alguém deve ter ficado incomodado com a presença dele na praça e fez a denúncia, mas ele nunca fez mal a ninguém”, disse o primo. A opinião foi compartilhada por pessoas que conheciam o rapaz.Moisés contou que ele e Divair foram criados na zona rural de Tucumã, no Pará, e sempre foram muito ligados. Quando vieram para Goiânia, o desejo do primo era fazer um curso de pintura, mas diante da dificuldade foi trabalhar numa transportadora. Após discussão com um colega de trabalho ele foi demitido. “Desde então ele passou a ter problemas psicológicos.”Por várias ocasiões, Moisés e um tio tentaram tirar Divair das ruas, mas nunca conseguiram. “Sempre paguei comida para ele. Não é a primeira vez que ele é abordado com violência por policiais militares. Ele já ficou muito machucado e jogaram as roupas dele fora.”O primo disse que pelos vídeos que circulam na internet, várias viaturas estavam na praça. “Eles falaram que ele reagiu com uma faca, mas os policiais não poderiam segurá-lo? Meu primo vinha com um quadro depressivo e eu tinha conseguido uma psicóloga para passar na Praça do Sol e atendê-lo.”Na época do fato, a reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da Polícia Militar, mas obteve retorno. O espaço segue aberto para manifestação.