O Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) acredita que o recente casamento do médium João Teixeira de Faria, de 80 anos, conhecido como João de Deus, com a advogada Lara Cristina Capatto, de 50, é mais um indício de que ele possui plenas condições físicas e psicológicas para cumprir, no presídio, as penas relacionadas aos crimes sexuais cometidos por ele. Atualmente, o médium está em prisão domiciliar.O promotor de justiça Luciano Miranda, responsável pelo caso, aponta que apesar de o fato dele se casar não ser nenhum ato ilícito, o MP-GO irá analisar a questão para ver se é possível entrar com um pedido para que João de Deus retorne para a cadeia. “Temos que analisar o contexto processual e depois de fazer essa análise vamos verificar a possibilidade de ingressar com qualquer tipo de pedido”, afirma.Miranda relembra que o entendimento da promotoria sempre foi de que o médium tem condições físicas e psicológicas de cumprir pena em regime fechado. “Ele tem total condição de cumprir a pena de mais de 100 anos que foi imposta a ele dentro do sistema prisional. Não é só o MP-GO que entende isso. A própria junta do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO) já tinha concluído nesse mesmo sentido.”João de Deus começou a cumprir pena por crimes sexuais em 2018. Entretanto, em 2020, ele passou para o regime domiciliar. A alegação da defesa foi justamente a falta de condições do médium, especialmente por conta da pandemia da Covid-19, de permanecer em regime fechado. “Ano passado (2021) fizemos um novo pedido de prisão, que foi acatado pela Justiça e um dos argumentos foi esse. Entretanto, o tribunal reformou a decisão.”Regime domiciliarJoão voltou para o presídio em agosto de 2021. No dia 1º de setembro, quando ainda estava no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, firmou união estável com Lara Cristina. Alguns dias depois, o TJ-GO reformou a decisão sobre o regime da pena e ele voltou para a prisão domiciliar, em Anápolis.O casamento de João de Deus com Lara Cristina foi revelado em primeira mão pelo POPULAR, na terça-feira (3). O casal vivia em regime de união estável desde 2021, quando o médium ainda estava no presídio, mas solicitou a conversão em casamento no dia 9 de abril, processo concluído nesta quarta-feira (4). Defesa de João de Deus rebate argumento da promotoriaA defesa de João Teixeira de Faria afirma que a argumentação do Ministério Público de Goiás (MP-GO), de que o casamento do médium demonstra que ele tem condições físicas e psicológicas para retornar ao presídio, não procede.O advogado Anderson von Gualberto diz que lamenta a “sede desenfreada” do MP-GO em fazer esse tipo de afirmação com o intuito de “inflacionar o sentimento de ódio e repulsa” contra João de Deus. Gualberto afirma que o fato de João ter se casado não possui densidade jurídica suficiente para alterar a condição da prisão domiciliar. “O que ocorreu agora foi a conversão dessa união em casamento. Não houve alteração fática. O estado de saúde é frágil e típico de uma pessoa que tem 80 anos.”O advogado destaca o fato de a Justiça ter concedido prisão domiciliar para João de Deus duas vezes. “As decisões foram lastreadas em provas técnicas, inclusive elaboradas pela junta médica do TJ-GO. João de Deus continuará atendendo a todos os chamados da justiça, bem como vem respeitando todas as regras impostas pelo tribunal”, afirma.