Atualizada às 15h08.A 11ª denúncia por crimes sexuais contra João Teixeira de Faria, de 78 anos, o João de Deus, foi apresentada, nesta segunda-feira (2), pela força-tarefa do Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO), em Goiânia. A denúncia envolve 11 casos, mas sete já prescreveram e os relatos ajudaram a endossar o novo procedimento. As quatro vítimas são duas da Bahia, uma do Rio Grande do Sul e a última do Distrito Federal; e os abusos ocorreram de 2010 a 2016.A promotora Renata Caroliny Ribeiro e Silva explicou que os crimes prescritos ocorreram de 1976 a 2008. As vítimas são do Distrito federal, do Espírito Santo, do Maranhão, do Pernambuco e do Rio grande do Sul. “Entre os casos chama a atenção que duas vítimas eram adolescentes na época dos abusos, uma tinha 12 e a outra 14.”A integrante da força-tarefa contou que todas as vítimas apresentavam diferentes vulnerabilidades. “Envolvia doenças muito graves que elas estavam passando ou seus familiares como câncer, epilepsia e depressão severa. Todas documentadas com relatórios médicos.”De acordo com a promotora a forma como João de Deus agia se repete nestes casos. O médium explorava a vulnerabilidade da vítima, acometida por uma doença grave e a intensificava com ameaças espirituais de um mal no futuro, que nunca se poderia provar. “Ele dizia que ela teria dificuldades para engravidar no futuro, sendo que a vítima nunca teria tentando engravidar antes. Para outra vítima falava que ela tinha sofrido um trabalho de macumba e ele iria desfazer.”Ainda de acordo com a promotora, tais ações tinham o intuito de incutir e intensificar mais medo e criar um ambiente propício para a prática dos abusos sexuais. Segundo a força-tarefa, 319 vítimas procuraram o MP, destas 57 os crimes não prescreveram e estão distribuídos nas 11 denúncias enviadas a Justiça. Em outros 87 os abusos prescreveram, mas os relatos foram utilizados nos procedimentos.Além da nova denúncia, a força-tarefa apresentou um novo pedido de prisão preventiva contra João de Deus. A promotora explica que tal ação favorece o aparecimento de novas vítimas. “Diuturnamente nos temos notícias que elas (vítimas) existem, mas ainda possuem muito medo de prestar suas declarações perante a força-tarefa. Medo de variadas consequências, medo da exposição, sofrer algum mal de pessoas envolvidas a ele ou por ele”, pontuou Renata.Em nota, a defesa do médium afirma que “estas denúncias apresentadas pelo Ministério Público se seguirem os padrões das anteriores não terão melhor sorte, pois se referem a fatos que já se operou a decadência em razão da ausência de representação das vítimas, além da ausência de densidade dos fatos apresentados”.Ainda de acordo com o comunicado, “o MP utiliza o processo para promover um verdadeiro espetáculo público do médium. Como órgão de Estado o Ministério Público deveria tomar providências para garantir o direito à vida de João de Deus que está sendo submetido a uma pena degradante e cruel dentro do cárcere”.Próximos passosA força-tarefa do MP pretende ainda neste ano apresentar uma nova denúncia. De acordo com os promotores o caso apresenta peculiaridades distintas e envolve outras pessoas.Nesta quarta-feira (4), está previsto no Supremo Tribunal de Justiça (STJ) o julgamento do habeas corpus definitivo sobre o pedido de liberdade do João de Deus.