O Ministério Público de Goiás (MP-GO) expediu uma recomendação para que a Centrais de Abastecimento de Goiás (Ceasa) afaste o diretor administrativo e financeiro, Rogério Martins Esteves, e instaure um processo administrativo disciplinar. No documento, o órgão cita um esquema supostamente liderado pelo diretor para “a aquisição de vantagens indevidas por meio da contratação irregular de empresas ‘laranja’” no âmbito da Ceasa. Ele nega e afirma que o processo "vai falar por si".A recomendação é assinada pela promotora de Justiça Miryam Belle da Silva Falcão. Ela menciona o relatório de uma sindicância que apontou ter havido aparente “direcionamento/favorecimento por parte do Diretor Administrativo e Financeiro, de forma reiterada, que se valeu de sua condição de Diretor” para beneficiar a empresa Lauriedson Urzeda.A sindicância que Falcão menciona foi instaurada em 2020 para “apuração dos gravíssimos fatos trazidos ao conhecimento do Ministério Público”. A promotoria aponta que a empresa Lauriedson foi criada em 2019 e, um ano depois, enviou seu primeiro orçamento à Ceasa. Para o MP-GO, há indícios de que a empresa, que nunca havia prestado serviços à Ceasa antes da posse de Esteves, teria sido criada somente para participar dos processos licitatórios da Ceasa na condição de “laranja”.Ainda conforme apontado na sindicância, Esteves fazia a análise dos orçamentos apresentados e foi o responsável por indicar a empresa em questão para realizar obras e serviços na Ceasa. Segundo o relatório, “houve empate no preço apresentado pela empresa Lauriedson Urzeda e por outra sociedade empresária, mas, por ordem do Diretor Administrativo e Financeiro, o contrato foi celebrado com a primeira”.Sem superfaturamentoApesar de apontar um suposto beneficiamento da empresa Lauriedson Urzeda, o MP-GO destacou que as condutas narradas não implicaram, “ao menos em tese, em sobrepreço ou superfaturamento nas contratações”, mas “afrontaram gravemente e diretamente uma série de princípios constitucionais que devem nortear a Administração Pública”.Além do afastamento e instauração do procedimento disciplinar, o MP-GO pede que a Ceasa encaminhe em 10 dias informações acerca das providências adotadas para o cumprimento da recomendação.O que diz o diretor da CeasaProcurado pelo POPULAR , Rogério Martins Esteves disse que tomou a iniciativa de se afastar enquanto o caso é apurado, mas argumentou que o próprio Ministério Público não detectou irregularidades na contratação da empresa mencionada.“O MP faz o papel dele. Ele adotou isso [recomendação de afastamento], mas ele mesmo afirmou que não houve dano ou prejuízo. É uma situação tranquila”, declarou Esteves, que acrescentou que “o processo vai falar por si”.A reportagem também procurou a empresa Lauriedson Urzeda e entrou em contato pelo telefone disponibilizado na internet. No entanto, foi informado por um contador que fez a abertura do MEI que a empresa recebeu baixa e que não tem mais contato com Lauriedson.Já a Ceasa informou, em nota enviada à imprensa, que "foi realizado o devido cumprimento da recomendação" e que todos os procedimentos devidos já estão sendo executados, "bem como a realização de instauração de processo administrativo disciplinar."Leia também:Preços na Ceasa subiram até 300% em 1 ano