O Ministério Público de Goiás (MPGO) pediu o perdão judicial ao pai que atirou e matou o filho de 11 anos de forma acidental, em Formosa, no dia 27 de maio deste ano. A partir do inquérito policial, o promotor de Justiça Douglas Chegury, titular da 3ª Promotoria de Formosa, observou que, apesar da falta de maiores cuidados do pai ao guardar e manusear a arma, “deve-se levar em conta o fardo moral eterno decorrente da responsabilidade pela morte da vítima”.No dia do acidente, Eliseu Eugênio Kraemer estava em casa enquanto o pai mostrava um revólver calibre 22 para uma pessoa interessada em comprar o objeto. Segundo o inquérito, o pai da vítima também pegou outra arma, uma espingarda calibre 12, que estava carregada e destravada. Foi nesse instante que ele, acidentalmente, efetuou o disparo e acertou o filho no peito.Ainda de acordo com o promotor, o sentimento permanente da perda já é a punição do pai. “É mais que suficiente para a prevenção e reprovação do crime, sendo totalmente desnecessário infligir ao investigado, já estigmatizado, o sofrimento psicológico de ver sua tragédia pessoal rememorada e discutida no âmbito de um processo judicial”, acrescentou.Dessa forma, a promotoria sustenta que o reconhecimento antecipado do perdão judicial é a melhor solução para o caso, “em observância aos princípios da dignidade da pessoa humana, da celeridade e economia processual”. Foi requerido, portanto, o arquivamento do inquérito policial.Leia também:Pai mata filho de 11 anos com tiro acidental, em FormosaPai que matou filho com tiro acidental irá responder por homicídio culposoEm casos de homicídios culposos - quando não há intenção de matar -, o perdão judicial é aplicado conforme o grau de relação entre autor e vítima e, consequentemente, ao sofrimento do autor em virtude do crime.RelembreNo dia 27 de maio, a Polícia Militar e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foram acionados para atender uma ocorrência de disparo de arma de fogo que teria atingido uma pessoa, na rua Augusto Andrade, no Setor Formosinha. Ao chegar no endereço, as equipes de socorro ouviram um segundo disparo. Dentro da casa, a polícia encontrou o pai consciente, sentando no chão, com um tiro no rosto e segurando o corpo do filho no colo.As investigações concluíram que o pai era atirador esportivo e a arma fazia parte do seu acervo, devidamente registrada junto ao exército. Por causa do tiro que disparou em si mesmo, ele sofreu danos estéticos e funcionais graves e sua fala está prejudicada.